quarta-feira, 28 de novembro de 2012

RE(A)FUNDAR PORTUGAL 2


RE(A)FUNDAR PORTUGAL (2)

A FARSA

 

Assistimos na votação do Orçamento para 2013, na AR, a uma farsa chocante, a dos deputados da maioria governamental PSD/CDS a fingirem desgosto e incomodidade por terem de aprovar o orçamento, resignados, coitados, não queriam mas tem de ser, para bem do país. As declarações de voto, colectivas, quer do PSD e do CDS são uma vómito e uma afronta aos portugueses. Mas, ao mesmo tempo, é o reconhecimento de que este orçamento é um massacre financeiro e económico do qual nada de bom resultará para Portugal, mas necessário para ir destruindo o estado social e vender ao desbarato à especulação internacional tudo o que ainda resta de propriedade pública.

No mesmo dia em que se consumava o crime surdo aos gritos da rua que não entravam pelas janelas bem fechadas da AR, a OCDE criticava fortemente tal orçamento negando-lhe qualquer viabilidade. O Instituto de Economia e Gestão passava-lhe um atestado de incompetência e vários economistas reputados, como Paul de Grauwe por exemplo, afirmam que demasiada austeridade vai impedir qualquer possibilidade de crescimento. E, pasme-se, Bagão Félix, insuspeito de qualquer simpatia pela esquerda, acusava os deputados do PSD/CDS de insensibilidade social e de terem aprovado no orçamento normas feridas de inconstitucionalidade. Mais, palavras de Bagão Félix, " ... quando se fala de despesa pública há uma concentração da discussão  sempre em torno da sustentabilidade do Estado social (como tudo o resto fosse auto-sustentável ). Porque, afinal, os seus beneficiários são os velhos, os desempregados, os doentes, os pobres, os inválidos, os deficientes... os que não têm voz nem fazem grandiosas manifestações. E porque aqui não há embaraços ou condicionantes como  há com parcerias público-privadas, escritórios de advogados, banqueiros, grupos de pressão, estivadores. É fácil ser corajoso com quem não se pode defender".

Quem me diria que as voltas da vida até me fariam um dia estar de acordo no essencial com o Bagão!

A  confirmar que os tais "que não têm voz" são as vítimas atropelam-se as notícias, regressa a tosse convulsa que faz três mortos, a taxa de mortalidade infantil aumentou, que os gastos com a alimentação diminuem, as scuts quebram mais de 40% e já são quase 15 mil casais em que ambos perderam o emprego, e o governo coloca mais 29 edifícios em venda.

Tudo se resume afinal a obter mais dinheiro seja por impostos assassinos ou pela venda ao desbarato de património público.

 

 

 

 

 

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