Como o tempo passa! Na noite de 24 para 25 de Abril de 1974 tinha 33 anos, pertencia ao PCP e era membro da Comissão Executiva da CDE de Lisboa. O ano de 1973 tinha sido um ano de lutas intensas, greves, o Congresso de Aveiro, as "eleições" para a Assembleia Nacional que gerou grandes manifestações contra o fascismo e a guerra colonial. Muitas prisões e repressão. O ano de 1974 continuara a luta, tinha havido o fracasso militar das Caldas da Rainha mas sabíamos, os que estavam mais empenhados na luta, que o fim estava próximo, a coisa mexia.
Foi pelas 05h00 que o telefone tocou, a essa hora já sabíamos que era coisa grave, mais um amigo ou camarada preso, ou alerta para tomarmos precauções que poderíamos vir a ser presos ou detidos ou a casa ser passada a pente-fino pela PIDE. Por isso foi com um arrepio pela espinha acima que ouvi a voz do amigo jornalista Armando Pereira da Silva dizer:- é desta! Liga a rádio, o Movimento das Forças Armadas está a transmitir comunicados. A partir daí passei eu a telefonar para todos os amigos e conhecidos a dar a boa-nova. Um ouvido na rádio e outro no telefone. E a rede do anuncio da Liberdade foi crescendo pelos fios do telefone.
Coloco aqui um texto que hoje pus no facebook.
Estive a ler o programa do 25 de Abril em VRSA. Poderia ser
outro, dados os tempos que vivemos penso que regressar a valores de
solidariedade, de honra e dignidade, por exemplo, seria mais apropriado e
educativo. Hoje basta olhar diariamente para as primeiras páginas dos jornais
para se constatar que o país está podre.
Só uma vez fui assistir à Sessão Solene que na altura teve
lugar no Centro Cultural António Aleixo,
e jurei a mim mesmo não voltar a pôr os pés em tal acontecimento. Fiquei
enjoado, para não carregar na palavra.
Tenho esperança que virá um 25 de Abril que faça justiça e
relembre os cidadãos deste concelho que
deram o seu contributo para que a democracia fosse possível, colocando em risco
o seu ganha pão, a sua liberdade, a sua família e a própria vida. A maioria
eram cidadãos modestos, não mediáticos, talvez por isso, por serem honrados,
nunca foram homenageados.
Regresso a uma proposta que tenho formulado várias vezes, a
de ser colocada em sua memória uma placa no edifício em que funcionou a PIDE.
Não me recordo de todos, nem dos seus nomes completos, mas
deixo aqui a minha pequena homenagem a essas mulheres e homens que tiveram a
coragem, em tempos difíceis, de dizer não!
LISTA DE DEMOCRATAS E PRESOS
POLÍTICOS DE E EM VRSA
Afonsina
Alfredo Rodrigues
Amaro
António do
Carmo
António José
dos Santos Varela
António Mascarenhas
António Rosa
Mendes
António
Samúdio
António Vicente Campinas
Drº Colaço Fernandes
Drº Lancastre ou Lencastre
Drº Medeiros
Emídio da Palma Guerreiro
Epifâneo Soares Correia
Fernando
Bandeira do Carmo- Preso em Angra do Heroísmo de 8/9/34 a 25/6/43- de 43 a 45
em Peniche e depois transferido para o Aljube até...
Francisco Lopes Madeira
Gavino Rodrigues (14 anos no Tarrafal, 17 ao todo) 8/9/34 para Angra do
Heroísmo, para o Tarrafal em 23/10/36 e regresso a Lisboa em18 de Outubro de
1945 e libertado em 1946
Ilídio
João da Quita
João Rodrigues (da Quita)(preso
no Tarrafal) 8/9/34 para Angra do
Heroísmo, para o Tarrafal em 23/10/36,
regressou a Lisboa em 6/8/1950, para
Peniche e liberdade condicional em 17/3/51
Joaquim Batista Pedro Correia (Cumbrera)
Joaquim Martins
(Unguento)
José António Mascarenhas
José dos Santos Viegas
José Manuel Pereira
José Ramalho
José Ramos Iria
Júlio Padesca
Madeira (Neto)
Manuel Cabanas
Manuel José Silva
Manuel Rosa Mendes
Maria das Dores Gutierres Dominguez Medeiros (Lolita)
Márinho
Neves
Paula Virgínia Rodrigo Lopes
Pessanha
Ronguel
Roque
Rosa Maria Filipe Martins
Sebastião Guerreiro
Salgueiro