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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

INUNDAÇÕES SECAS INCÊNDIOS


·        Incêndios rurais, secas e inundações                                                                                    É necessário dar lugar à transição, do estado actual, para outro mais sustentável.
7 de Fevereiro de 2018
Desde os grandes incêndios do ano passado, muito se tem dito a propósito de florestas. No entanto, há temas que não têm sido abordados e que vale a pena referir: a relação entre floresta, secas e inundações — nada na comunicação social ou no discurso político parece mostrar que há a noção de que são as árvores (umas mais do que outras) que permitem reter e infiltrar água no solo, de modo a permitir a sua utilização futura e evitar a seca e, por outro lado, a diminuir o risco de inundações. Como em Portugal estes fenómenos podem ocorrer num curto período de tempo devido à variabilidade do clima mediterrânico que nos caracteriza, é bom que as pessoas percebam que tudo está ligado. Sem um ordenamento global da paisagem, não há equilíbrio possível e estes fenómenos agravam-se, não devido a imponderáveis climáticos, sempre desresponsabilizadores, mas sobretudo por inépcia dos agentes que actuam sobre o território, incluindo políticas públicas. E se, particularmente algumas árvores, nos podem salvaguardar de secas extremas e inundações (Molkanov [1] recomenda como valor mínimo da florestação de uma bacia hidrográfica 40% da sua área), é fácil perceber que os incêndios rurais têm consequências catastróficas a nível da água disponível, para já não falar do solo que nos sustenta, do ar que respiramos, etc.
Sobre os incêndios rurais tem-se falado, e bem, a propósito de várias vertentes: aldeias seguras, organização do combate, etc. Daquilo que não se tem falado é da futura organização do espaço rural e muito particularmente do espaço florestal. Que pinheiro e eucalipto são as espécies mais combustíveis entre as que ocupam o país, parece já haver uma noção generalizada, embora alguns insistam na máxima de que não é a espécie que interessa (em matéria de incêndios), mas sim a gestão. Se, no total do espaço florestal, 56% é constituído por pinheiro bravo e eucalipto e se, da área que ardeu, 53% era pinheiro bravo e eucalipto (Carta de Ocupação do Solo 2010), é evidente que a composição da ocupação desse espaço tem que ser alterada. Ora, quando o Governo diz que só vai permitir eucalipto nas áreas anteriormente ocupadas por essa espécie, é o mesmo que dizer que tudo vai ficar na mesma. Muito particularmente a área do Pinhal Interior que ardeu praticamente toda, na sua maior parte era ocupada por eucalipto, que aliás já está a regenerar. Também o pinheiro bravo regenera naturalmente com toda a facilidade.
Conclusão: se nada se fizer, o que vamos ter no futuro é mais uma vez eucalipto e pinheiro para alimentar o ciclo infernal dos incêndios. O outro pressuposto que há a considerar é que as folhosas autóctones ou tradicionais, além de serem menos combustíveis, produzem uma folhada capaz de melhor regenerar o fundo de fertilidade do solo do que o pinheiro e o eucalipto e, sem solo vivo, a paisagem e, portanto, o país caminham para o deserto e o despovoamento. Isto obriga-nos à proposta de um modelo de ordenamento do território mais resiliente.
Em síntese, há que criar alternância na combustibilidade da ocupação do território. Esta alternância tem que estar relacionada com a forma do terreno porque esta determina o comportamento do fogo, tanto mais, quanto maior for o declive. Há duas estruturas fundamentais, nas quais se deve garantir a natureza do revestimento: uma constituída pelas linhas de água e os fundos de vale que devem ser revestidos por folhosas da galeria ripícola ou, se houver agricultores, agricultura; outra, constituída pelas cabeceiras das linhas de água que devem ser revestidas por folhosas (que não o eucalipto), ou seja carvalhos, entre os quais o sobreiro que é retardador de fogo (desde que tenha cortiça), mas também o castanheiro. O olival, a vinha e a pastagem são outros modos de ocupação muito úteis para a criação de espaços abertos onde o fogo tem mais dificuldade em progredir. Nas vertentes, as linhas de água secundárias com galerias ripícolas, ou freixo nas situações mais secas, ou ainda agricultura, podem formar linhas, no sentido do maior declive, que interrompem ou retardam a progressão do fogo quando lavra longitudinalmente à encosta. Estas estruturas da paisagem são complementadas por vazios constituídos por vias e caminhos.
A implementação deste novo modelo espacial não nega a existência de eucalipto e de pinheiro bravo, mas implica a redução da área actual e localiza estas duas espécies em situações contidas dentro do “miolo” da nova estrutura criada, embora com exigências específicas de gestão, incluindo a exclusão das zonas mais declivosas. Está-se a falar duma mudança de paradigma que, para acontecer, tem que ser financiada: a agricultura tem um papel importantíssimo na criação de um tampão ao fogo à volta das aldeias e cidades e ao longo dos vales, tal como acontecia antigamente e continua a acontecer em muitos casos. Não se trata da grande agricultura industrial, mas da pequena agricultura familiar que permitirá manter pessoas a viver nas zonas mais desfavorecidas — esta agricultura, que tem um papel muito para além da subsistência dos seus promotores, tem que ser financiada por fundos públicos.
A introdução de folhosas, por plantação ou regeneração natural, também tem que ser financiada. Trata-se de financiar a transição entre um modelo em que o eucalipto e o pinheiro bravo são dominantes, para outro em que as folhosas autóctones materializam uma estrutura de protecção contra os incêndios e de conservação da água, do solo e da biodiversidade. Um dos modos de promover este financiamento é através da instituição de uma tabela de serviços de ecossistemas que contabilize os benefícios que o novo modelo trará para a sociedade. É também preciso mostrar que a nova paisagem criada é economicamente viável, introduz diversidade na produção e pode fixar pessoas no terreno, mas é necessário dar lugar à transição, do estado actual, para outro mais sustentável.
[1] Molchanov, A. A., Hidrologia Florestal, 1963, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1971
Manuela Raposo Magalhães
Arquitecta Paisagista; investigadora do LEAF/ISA/ULisboa

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

AMBIENTE E UTOPIA

Cada vez mais o AMBIENTE, a sua preservação e defesa, é uma matéria que tem consequência directa sobre as nossas vidas. O Acordo de Paris conseguido há dias ficou muito longe das políticas que a Terra necessita para travar a degradação em curso, quanto mais para inverter e recuperar parte do que já foi perdido.
Este artigo do Soromenho-Marques, um dos pioneiros ambientais do país, ajuda a olhar melhor para este problema.

  Viriato Soromenho- Marques                                                                                                                                                                                  Na utopia ecológica, o importante é que a história continue
Por
14/01/2016
Para um dos maiores nomes do ambientalismo em Portugal, a sociedade deve permitir que cada um, dentro de limites ecológicos e materiais, possa seguir o seu caminho.
Quando se pergunta a um histórico ecologista qual é a sua utopia para um mundo sustentável, o que se espera é uma receita de soluções práticas em áreas como a energia, alimentação, transportes ou ordenamento. Mas Viriato Soromenho Marques, professor de filosofia na Universidade de Lisboa e um dos principais nomes da arena ambiental no país, tem uma visão mais estrutural: para alcançar a sustentabilidade, é preciso reinventar a utopia clássica, pôr a tónica na ética e na política, e abandonar a crença de que tudo se vai resolver com a próxima invenção tecnológica.
O testemunho da poluição
"A minha educação ambiental começou em 1972, 1973, por via dos programas Há Só uma Terra. Foi a primeira vez que ouvi falar do relatório Os Limites do Crescimento. Eu estava no liceu, tinha uns 14 anos. O livro causou-me um grande impacto. Atingiu-me como uma pedra.
Nasci e vivi em Setúbal. Naquela altura, era uma cidade que mudava a olhos vistos com a indústria. Eu assisti à transformação da paisagem e à poluição. Antes da Setenave, fazia caminhadas no estuário do Sado e regressava à casa com os pés retalhados das ostras. Desapareceu tudo por causa do TBT [produto utilizado nas tintas dos navios].
Aos 18 anos, comecei a escrever sobre temas ambientais para o trissemanário Nova Vida. Em 1978, resolvi criar uma associação, em que um dos fundadores era o Zeca Afonso. E em 1980-1981, comecei a colaborar com o projecto Setúbal Verde. Em 1987, integrámo-nos na Quercus.
Vivi como toda a gente a viragem política à esquerda em 1974. E fiz um pouco o casamento das duas coisas, o que correspondia a um eco-socialismo: a crise do ambiente chama a atenção para o facto de estarmos a usar a natureza de uma forma predatória; o socialismo chama a atenção para o facto de estarmos a utilizar as pessoas, não respeitando a sua dignidade. No fundo, são duas formas de abuso.
Nessa altura, aquilo que mais me preocupava – e me preocupa – é esta degradação da qualidade de vida. Ver o mundo invadido pelo lixo, pela poluição, era algo que colocava em questão a própria sobrevivência da humanidade. Para mim, isso era claro já naquela altura".
Filosofia e o fim da história
"A minha formação conduziu-me pelo caminho da filosofia continental, a europeia, a alemã, que é uma filosofia do pensamento da totalidade, do sentido da história, do significado da marcha humana neste planeta. E há uma tendência muito grande para o conceito do fim da história. Ou seja, a história tem um projecto, tem uma finalidade, e a nossa função é compreender e ajudar a realizar este trajecto.
A ideia é que o absoluto é uma coisa positiva. Mas pensei: imagine que, afinal, o segredo da história não é o absoluto pela positiva, mas o absoluto negativo. Ou seja, que o sentido da história não é a realização de uma possibilidade, mas a absoluta destruição das possibilidades de realização. Podemos ter uma guerra nuclear ou podemos ter uma catástrofe ambiental. Fiquei logo assustado".
A crise ambiental planetária
"Hoje em dia toda a gente fala de crise para tudo e para nada. Mas o que é que há de diferente na crise ambiental? Primeiro aspecto: é uma crise planetária, é a única crise verdadeiramente planetária. A crise económica e financeira não atinge a Antárctida. Nos oceanos não se discute a queda da bolsa de Nova Iorque. Em contrapartida, temos os oceanos acidificados, a criosfera afectada, sítios onde nem existem pessoas.
Segunda característica: é uma crise que tem a natureza de acumulação temporal, diferida no tempo. A modificação da estrutura química da atmosfera começou há 260 anos, com a máquina a vapor. E agora, em 2015, começamos a sentir os primeiros efeitos. Podemos ter uma geração que só colhe os benefícios e outra que só colhe os prejuízos.
Terceira característica: a irreversibilidade. Tivemos uma grande depressão em 1929, o nazismo, a Segunda Guerra Mundial. Mas em 1945, o mundo estava a ser reconstruído. Na crise ambiental, quando uma espécie desaparece, ela nunca mais volta – a não ser nos filmes de Hollywood.
Uma quarta característica é o impacte da crise ambiental na própria estrutura sociopolítica. É um elemento de insegurança político-institucional, vai ser um factor de criação de estados falhados.
Há um quinto ponto também: o desafio psicológico. Pelo seu gigantismo, a crise ambiental coloca-nos o dilema de aceitar a complexidade, e isto implica mudar o modo de vida, os hábitos de consumo, o que comemos, como nos deslocamos. Não é fácil, é como se estivéssemos a interrogar a respiração, se cada vez que inspiramos tivéssemos de pensar se estamos a fazer bem.
Isto pode levar a uma reacção contrária, de entropia. O Partido Republicano, nos Estados Unidos, por exemplo, é o partido da entropia, dos indivíduos que dizem “que se lixe”. Psicologicamente, estamos divididos entre uma consciência da complexidade, que nos conduz a uma conduta ética e política de grande responsabilidade, e a própria irresponsabilidade".
À espera da última app
"Considero que há duas utopias fundamentais. Há uma utopia clássica, que é essencialmente ética. E há uma utopia moderna, que é essencialmente tecno-científica. As utopias de Platão e de Thomas More dizem o seguinte: nós podemos criar uma sociedade melhor, temos é de ter a disposição moral para isso, temos de nos organizar ética e politicamente para isso.
A utopia tecno-científica é a que está à espera da última app na Internet. Ou seja, podemos ter uma sociedade melhor, mas isto não tem nada a ver com a nossa mudança de comportamentos, atitudes ou valores. Tem a ver com o facto de haver uma máquina que nos permita lá chegar. É como acreditar no Pai Natal. O Stephen Hawking, uma pessoa maravilhosa e muito inteligente, acredita que uma parte da humanidade poderá emigrar para outro planeta. É uma história de fadas.
Uma das características fundamentais da utopia tecno-científica é o falhanço entre expectativa e resultados. Augusto Comte dizia, em 1822: vamos começar uma nova idade, a idade industrial. Vamos substituir o domínio do homem sobre o homem pelo domínio do homem sobre a natureza. Vamos ter mais produção, mais riqueza. Teremos a paz porque toda a gente terá abundância. Mas a paz não aconteceu. Temos tecnologia e temos guerra e exploração.
É o mesmo discurso dos utopistas modernos. Na biotecnologia, argumenta-se que os organismos geneticamente modificados vão acabar com a fome no mundo. É conversa. E continuamos a dizer a mesma coisa que dizíamos sobre o nuclear, que é seguro, que está sob controlo.
É por isso que surge a crítica ecológica. Ela não é anti-tecnológica, mas é uma crítica a esta forma de como nós transformamos a tecnologia num fim em si próprio, e não num instrumento fundamental. Se não colocarmos a tecnologia dentro de limites políticos muito precisos, ela vai-se desenvolver até ao colapso".
Política de ciência e parlamentos
"A política de ciência é fundamental. Vamos ter uma mudança positiva a partir do momento em que o financiamento à investigação científica começar a ser um assunto de primeira relevância. No fundo, trata-se de voltar a colocar no plano das instituições políticas o comando das operações. E não como acontece agora, em que temos a tecnologia completamente à solta, e aquelas comissões de ética que andam atrás.
Precisamos de um controlo democrático. É escandaloso perceber que gastamos várias vezes mais na investigação de novos cosméticos do que nas energias renováveis. A investigação científico-tecnológica não é dominada por uma ideia de bem comum da humanidade, mas pela maximização do lucro das empresas.
Os parlamentos é que têm de tomar estas decisões, não são as academias. Temos não só de pôr a investigação debaixo da alçada dos representantes do povo, como também o mercado debaixo da alçada da lei pública.
Só há uma hipótese, que é encontrar uma estrutura política que permita corresponder à escala económica que temos hoje. Por isso é que eu sou um federalista. Temos de ter, além dos estados nacionais, ligações federadas entre eles. O caminho para a sustentabilidade não está em criar um estado mundial. Mas temos de ter uma ordem mundial de estados".
Palmadas nas costas em Paris
"A minha utopia, o meu projecto, assenta num regresso do primado da razão prática, da ética e da política. A partir de Francis Bacon [1561-1626], cometemos o erro fundamental de considerar que podíamos mudar o futuro para melhor confiando nas nossas invenções tecnológicas. Mas não estamos a jogar em condições de ausência de constrangimentos. Temos cada vez menos tempo em matéria de recursos, de equilíbrio climático, em matéria demográfica. O jogo está a ficar cada vez mais contraído. É fundamental alargar a margem de tempo, e nisso é a política que pode ajudar, e não a tecnologia.
Por isso é que continuo a defender um modelo clássico de regime internacional para o ambiente, com metas vinculativas. Só  isso é capaz de criar uma mudança das regras do jogo que permita canalizar os investimentos necessários à inovação num tempo mais eficaz.
O recente Acordo de Paris [para o combate às alterações climáticas] corresponde à visão tecno-científica contemporânea. A ideia básica é essa: deixem o mercado trabalhar, o mercado há-de encontrar a melhor solução. O acordo coloca as regras do mercado a constranger a sociedade, enquanto devemos pôr as regras da sociedade política a constranger o mercado.
O sistema de compromissos anunciados pelos países não é suficiente. São palmadas nas costas, é uma conversa retórica, de que todos somos irmãos. É melhor do que não haver acordo. Mas falta a noção de que precisamos ir mais depressa. E só é possível ir mais depressa se encontrarmos mecanismos artificiais que modelem o mercado.
Um exemplo simples: o preço do petróleo. Se quisermos resolver o problema até nem precisamos ter metas, basta ter um preço fixo para o barril de crude, por exemplo, que não desça abaixo de 100 dólares".
A utopia pluralista
"A minha utopia é uma utopia pluralista. A melhor sociedade é uma sociedade onde não exista o fim da história. E isto parece-me algo novo na ecologia. As utopias tradicionais – clássica e moderna – tinham uma coisa em comum: propunham uma determinada vistão do fim da história, uma sociedade que seria a ideal. A utopia ecológica diz que o importante é que a história continue, é criar condições de possibilidade para que as gerações seguintes continuem a ter as suas utopias.
A grande utopia é termos uma sociedade que permita que cada um, dentro de limites ambientais, ecológicos, materiais, possa seguir o seu caminho. A minha utopia para o futuro é a utopia da realização do indivíduo.
Mas se não arranjarmos a casa, se não organizarmos politicamente a economia e a sociedade, não vamos ter nada disso. Teremos sociedades de refugiados ambientais, de estados policiais, de estados de emergência. O terrorismo, agora, é uma pequena amostra do que poderá vir a acontecer".
Depoimento recolhido e editado por Ricardo Garcia


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

SÓ TEMOS UMA TERRA, E ESTA É INSUBSTITUÍVEL!

Há dias, no IV SIMPÓSIO de DIABETES do ALGARVE, os médicos convidaram arquitectos paisagistas para ajudarem a encontrar as causas do aumento de diabéticos no Algarve.
Foi apontado o exemplo de Faro, cidade que aumentou à custa de grande especulação imobiliária, crescendo ad-hoc, sem planeamento global e sem ser acompanhada pela criação de zonas verdes.
Foi salientado que a prevenção dos diabetes depende muito da qualidade urbanística das cidades, da qualidade do espaço público, da existência de zonas verdes, condições necessárias para actividade física no meio urbano. Calcula-se em muitos milhões de pessoas ano vítimas precisamente da falta de actividade física nas cidades.
Foi dito que Faro tem meio metro quadrado de espaço verde por habitante, sendo o mínimo aceitável de 20 m2. Na Alemanha a média é de 40 m2.
Hoje, as zonas verdes nas cidades do betão consentido e incentivado são o espaço que sobra das construções, onde se coloca um canteiro ou um grande pote com umas plantas que nunca mais são regadas e tratadas, e que acabam em cinzeiros, retrete do cãozinho ou caixote de lixo do incivismo português.
O vídeo que divulgamos merece ser visto e meditado.

http://www.youtube.com/embed/nGeXdv-uPaw

domingo, 21 de agosto de 2011

AQUÍFERO DE QUERENÇA A SAQUE

A água é um bem essencial, tal como o ar que respiramos, este felizmente, embora poluído, ainda não é taxado. Não é possível a vida sem ar e sem água.
Neste blogue está colocado um vídeo sobre as consequências da privatização da água, que aconselhamos a ver. Em alguns países, após a privatização da água, tiveram de recuar e voltar a nacionalizar pois a higiene e saúde públicas degradaram-se de tal maneira que se tornaram numa catástrofe social e ambiental.
A maioria desconhece que metade da humanidade não tem acesso a água potável e mais de milhão e meio de crianças morre anualmente por falta de água potável e de saneamento.
Só 5% da população mundial é coberta por água de gestão privada e por isso a intenção deste governo de privatizar a água é revoltante, podemos mesmo considerar um acto criminoso e hostil aos portugueses. É igualmente um acto ideológico inserido na orientação económica vigente que pretende diminuir ainda mais a distribuição da riqueza aos trabalhadores e concentrá-la nas mãos dos donos do poder económico.
A nível autárquico verificamos que as câmaras não pagam a água que recebem das Águas do Algarve, gastam esse dinheiro de forma irresponsável, como por exemplo dando 600 mil euros para a Manta Beach, e depois aumentam brutalmente a água aos consumidores. Os campos de golfe continuam a ser regados com a água das barragens e não da reciclada nas ETAR´s,  etc.
Estamos a saque de tudo que é a natureza para a dar a privados como o caso do Aquífero de Querença-Silves, o maior dos 17 aquíferos do Algarve, que debita 100 milhões de metros cúbicos de água por ano, e sobre o qual querem construir um campo de golfe e apartamentos com 1700 camas, um hotel de 5 estrelas etc.
O que espanta é serem capitais finlandeses os interessados em tal crime ambiental, coisa completamente impossível de fazer na Finlândia onde as regras ambientais são severas e respeitadas.
O aquífero é um santuário que não pode ser contaminado pelos produtos químicos utilizados nas regas de um campo de golfe, e ser sobre explorado pelo empreendimento turístico com descida do nível freático, tudo só para o prazer de alguns golfistas.
A Fonte da Benévola é um sítio classificado, existem hortas, e por isso a associação ambientalista Almargem e a Liga para a Protecção da Natureza denunciaram o caso à Comissão Europeia.
Haja esperança que a sensatez venha de fora, pois por cá os interesses cegam.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

PONTAL CADA VEZ MAIS À DIREITA

Há dias referimos aqui a nossa preocupação em relação às ameaças à Mata Nacional das Dunas. Hoje estamos chocados com o que vai ser o futuro do Pontal, uma mancha de pinhal com mil hectares às portas de Faro.
O Pontal começou a ser mais conhecido no país por ser o local onde o PSD fazia a sua festa de verão, fim de férias e recomeço da actividade política. Entretanto o PSD mudou a festa para Quarteira e o Pontal ficou mais sossegado.
O Pontal é a maior área florestal do litoral algarvio, está integrado na Rede Natura e faz parte da área envolvente da Ria Formosa, vivem espécies únicas nesta zona e nela não é permitido qualquer tipo de construção.
Mas tão apetitosa área não está a salvo, "investidores" russos compraram o pinhal por 460 milhões de euros, com dinheiro de empresas sitiadas em offshores e com escritórios em Londres.
Tudo condiz, dinheiro de offshores, sempre ligado a actividades criminosas ou no mínimo suspeitas de fugas ao fisco etc., vai apropriar-se de uma fatia da natureza portuguesa que ficará privatizada após séculos tratada por nós, para se construir um hotel, 120 moradias e 409 apartamentos.
Ninguém arrisca 460 milhões se não tiver a garantia de que pode fazer o que quer no Pontal. Certamente virá por aí abaixo um PIN que mandará às urtigas a Rede Natura e o Parque Natural da Ria Formosa.
Temos assim um bom retrato da sociedade em que vivemos. Uso algumas palavras do sociólogo Boaventura Sousa Santos que exprimem de forma certeira o momento: "...sequestro da democracia por elites privilegiadas e a consequente transformação da política em roubo "legal" dos cidadãos ...".
Já faltou mais para o Algarve ficar todo na mão de estrangeiros com a colaboração dos poderes nacionais e locais, e nós a servir de bandeja na mão nos restaurantes e cafés.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A MATA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO

A crise que estamos a atravessar e que resultou da irresponsabilidade dos governos que deixaram os mercados à solta, propositadamente, permitindo a especulação financeira e os lucros fabulosos à custa das dívidas dos Estados, das famílias e dos cidadãos, está agora a ser usada não para corrigir os crimes cometidos mas para pressionar os povos a aceitar a privatização da saúde, da água, da energia, por exemplo, ou salários menores, mais horas de trabalho, menos segurança social etc.
Nas câmaras municipais a ofensiva é a mesma, a outro nível, mas o objectivo é retirar à população parte do seu património para o passar para a especulação privada.
Podem negar mas factos são factos.
O argumento é o mesmo, a crise, a dívida das câmaras e a necessidade de fazer dinheiro para fazer obra. Não explicam qual a razão das dívidas, e como o dinheiro das câmaras veio beneficiar o compadrio político, familiar, dos amigalhaços etc., tudo se cala e consente na destruição do património e na hipoteca do futuro.
Esta introdução vem a propósito de várias propostas apresentadas pela Câmara de VRSA, as quais, quando são lidas com um pouco mais de atenção, não deixam dúvidas, no nosso entender, sobre o seu principal objectivo: acabar com a Mata Nacional das Dunas.
Estão sobre a mesa três propostas para se construírem estradas entre Monte Gordo e VRSA. Há assim tanto trânsito que justifique mais estradas? São frequentes diariamente os engarrafamentos para entrar ou sair de VRSA pelas várias vias existentes?
E tais estradas são propostas construir onde? Duas das propostas visam construir entre a rotunda de Monte Gordo e o Lidl, uma rente à Mata e a outra proposta entrando deliberadamente pela Mata até ao Lidl, ambas paralelas à 125 e à estrada municipal que vai do Guadiana até ao Parque de Campismo. Serão vários hectares de mata destruídos com todas as implicações negativas decorrentes.
Construída qualquer uma das propostas quem vai impedir que a construção de vivendas, ou hotéis proliferem pela mata como cogumelos? Quem aproveita do crime?
Empreiteiros, certamente, e quem fica prejudicado é o concelho e a sua população.
A terceira proposta é a de se construir uma estrada entre a rotunda de Monte Gordo, junto ao apeadeiro do comboio, ultrapassando a linha e correndo a norte da linha do comboio e paralela a esta até acabar na Barquinha. Mais uma vez em áreas apetitosas para a especulação imobiliária e junto a áreas de reserva natural.
A CCDR e a Reserva do Sapal manifestaram oposição e reservas, mas os interesses são grandes e as propostas continuam aí.
Outra proposta é um plano de pormenor que visa o actual parque de campismo, sobre o qual já fiz uma crítica publicada aqui há dias. Mas temos a acrescentar um elemento importante. Na retaguarda do actual parque, voltado para a Mata que fica entre este e a 125, está projectado a construção de prédios de sete andares, mantidos no projecto apesar da posição negativa da Reserva do Sapal. Isto quer dizer que caso sejam construídos a lei determina que sejam afastados dos prédios, até uma distância de 100 metros, os pinheiros e retamas da mata, por precaução contra fogos.
Os factos são evidentes, e não são agora aqui referidos outros projectos que, a concretizar-se, deitarão abaixo mais uns hectares da Mata. Só descansarão quando restarem as fotografias e alguns pinheiros para recordação.
Para além da sua vegetação que, designadamente a Retama, que é “um dos locais mais importantes a nível nacional para a preservação deste habitat”, segundo o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, a Mata abriga 10 espécies de anfíbios, 14 de répteis, 87 de aves e 11 de mamíferos.
Como sabemos, estes répteis e mamíferos são menos perigosos para o ambiente que alguns bípedes que por aí andam.


quarta-feira, 23 de março de 2011

AMBIENTE POLÍTICO E NATURAL EM 24 DE MARÇO DE 2011

Pronto, acabou-se o Sócrates. O ambiente fica mais higiénico moralmente mas muito preocupante política e economicamente.
Vamos ter o actual governo em gestão por alguns meses até novas eleições e entrada em funções de um novo governo.
Ao contrário do que geralmente se pensa um governo de gestão continua com uma margem de manobra grande, isto a partir do momento em que o Jorge Sampaio pediu ao Tribunal Constitucional uma interpretação da "gestão" e este esclareceu que "são os actos estritamente necessários ao governo do país" e, quem define esses actos é o próprio governo. Neste campo tem uma importância decisiva o papel do PR que, com garante da Constituição, deve fiscalizar se o governo extravasa ou não as suas funções.
A quente mais não avanço por hoje.
O ano passado em Março a jornada nacional LIMPAR PORTUGAL retirou mais de 50.000 toneladas de lixo de mais de 5.000 lixeiras.
Este ano foi feito um levantamento desses locais para se verificar como estavam depois de terem sido limpos. Surpresa ou talvez não, 80% tinham voltado a ser lixeiras. Este é um bom retrato do que somos, sem civismo, desleixados, irresponsáveis.
Não me admiraria que o lixo político que hoje acabou na Assembleia da República volte em força nas listas dos partidos e seja eleito pelo voto.
Merecemos muito do que temos.

segunda-feira, 21 de março de 2011

DIA DA ÁRVORE

Hoje, dia 21 de Março, começo da Primavera é também Dia da Árvore.
Recordamos que este ano é o Ano Internacional das Florestas, e que sábado e domingo passados realizaram-se em vários pontos do país jornadas para limpeza das florestas recolhendo lixo para elas criminosamente despejado.
Faz também um ano que se realizou a iniciativa LIMPAR PORTUGAL, participada por mais de 100 mil pessoas que recolheram mais de 50 mil toneladas de lixo.
No dia 11 de Fevereiro escrevi aqui uma nota (ver na etiqueta Ambiente), sobre o Dia da Árvore e das verbas disponíveis para esse efeito, e fazia votos para que a Câmara de VRSA e a Reserva do Sapal se candidatassem a esse fundo e realizassem uma jornada de sensibilização e limpeza da nossa Mata Nacional das Dunas.
Que saiba nada foi feito.
Hoje, dia 24 de Março, quero penitenciar-me por ter tido uma informação errada e não a ter confirmado antes de falar sobre o assunto.
Houve jornada e 70 pessoas nela participaram, retirando 3,5 toneladas de lixo da Ria Formosa e da Mata.
Podia ter sido mais, mas é de louvar o que foi feito.

sexta-feira, 4 de março de 2011

SOMOS ASSIM, OU OITO OU OITENTA

Quando se espalha a notícia que algo "está a dar" logo se multiplicam as coisas sem qualquer estudo ou avaliação, ad hoc, depois logo se vê!
Segundo uma avaliação feita há tempos ( ao menos neste caso existiu uma avaliação ), o ideal seria a existência de 29 a 41 campos de golfe no Algarve.
Ora já vamos em mais de 40 e estão previstos ou em construção mais uma vintena, o que faz com que o Algarve tenha mais de metade dos campos do país.
Para este fim já foram desafectados muitos hectares de terrenos quer da Reserva Agrícola Nacional quer da Reserva Ecológica Nacional. Em 2008 os campos de golfe algarvios já somavam mais de 6.000 hectares, e à boleia dos campos vingam os interesses imobiliários e o assalto aos recursos hídricos.
Claro que tudo vem embrulhado nas promessas de mais emprego e desenvolvimento. E, nada de preocupações em relação aos recursos hídricos, novos campos de golfe só com aproveitamento das águas residuais. Imediatamente a seguir o governo veio dizer que não era obrigatório mas sim uma recomendação, e esta entendida numa base de voluntariado.
Em 2008, data já referida, dos 43 campos então referenciados só 1 aproveitava águas residuais de uma ETAR. Nessa data o gasto com a rega dos campos de golfe equivalia a uma população de meio milhão de pessoas, mais do que o total da população algarvia.
Suponho que actualmente a situação não seja muito diferente.
Segundo várias fontes científicas o sul da península ibérica corre o risco de anos de seca e mesmo desertificação acelerada na próxima década. Preservar os aquíferos, tendo em conta tais perspectivas que não devem ser ignoradas,
será a prudência exigida e não o gasto indescriminado da água.
Olhe-se para a Espanha e veja-se os problemas já existentes com a escassez de água, e a pressão sobre os rios e as nascentes de que o Guadiana está a ser vítima.
A pergunta que se coloca é esta: afinal quem controla estas coisas?, é a CCR?, o Ministério do Ambiente?, ou as Câmaras andam à rédea solta?.
Parece que há um Programa Nacional do Uso Eficiente da Água. Haverá mesmo ou será boato?

domingo, 6 de fevereiro de 2011

2011 - ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS

Este ano estão abertas candidaturas para jovens que pretendam proteger as florestas.
O programa governamental de voluntariado para esse efeito já tem verbas, vai decorrer de Abril a Novembro, e espera recrutar cinco mil jovens.
Esperemos que a Câmara Municipal de VRSA e a Reserva do Sapal se interessem por este programa e estimulem os jovens a participar na protecção da nossa Mata Nacional das Dunas.

sábado, 8 de janeiro de 2011

LIMPAR PORTUGAL

Não se trata de eleições mas sim de uma nova jornada para tentar sensibilizar a população contra as lixeiras.
O ano de 2011 é dedicado às florestas, essenciais à vida e aos ecossistemas, e o DIA 19 de Março é a data proposta para uma acção em todo o país com o fim de livrar as nossas matas e florestas das lixeiras, exemplo nada edificante da nossa falta de civismo.
O ano passado participaram mais de 100 mil pessoas e foram recolhidas mais de 50 mil toneladas de lixo.
Muitas mais se recolheriam se a iniciativa tivesse abrangido todos os 305 concelhos do país e as 4.035 freguesias.
O clima anda zangado com o homem e a Austrália não sofria cheias como estas há 50 anos. Milhões de peixes e borboletas estão a morrer em vários pontos do mundo, assim como milhares de aves; na Inglaterra dezenas de milhar de caranguejos apodrecem nas praias.
Acções como a do próximo dia 19 de Março são importantes para reconciliar o homem com a natureza, aprender a respeitá-la e, ao mesmo tempo, contribuir para que haja menos possibilidades de fogos.
Esperemos que no concelho de Vila Real de Santo António se organize uma grande jornada cívica no referido dia. 

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O CRIME COMPENSA

O terreno do Verde Lago, na Altura, foi arrasado e uma zona florestal de pinheiros dizimada.
A AMA denunciou o crime, a imprensa falou no caso e nada.O projecto para a área em causa foi classificado pelo Governo como PIN e assim está tudo legalizado.
Foi agora tornado público que o referido projecto terá 3.000 camas repartidas entre um hotel de 5 estrelas, moradias de luxo e apartamentos. A CGD, o BCP e o BES vão financiar com 90 milhões de euros a obra do Grupo do Luís Filipe Vieira (Benfica).
Há quem estranhe, numa época de austeridade e de escassez financeira, a disponibilidade da banca para financiar tal projecto imobiliário, um sector estagnado e com incertezas quanto ao futuro do turismo.
As PME´s andam aflitas para continuarem a funcionar e manter os postos de trabalho e não conseguem crédito, mas pelo visto não falta dinheiro para mais do mesmo, apesar de ser um investimento de risco.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

GUADIANA CONTAMINADO

O Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA), da Universidade do Algarve, informou recentremente que foram encontrados nas águas do Guadiana vestígios de fármacos desde analgésicos, alcalóides, até anti-inflamatórios, anti-depressivos etc.
As causas são várias sendo a principal a ausência na ETAR de tecnologia que permita tratar os compostos químicos dos medicamentos que assim vão poluir as águas e não só, pois esses compostas foram encontrados também no robalo e em peixes criados em aquacultura.
Não se conhece ainda o impacto desta situação a nível de saúde pública, caso que está a ser estudado.
É de recear caso não se dote a ETAR com o equipamento necessário que na época balnear, na qual triplica a população, o problema se agrave com consequências para a saúde pública. Esperamos que a nível da Delegação de Saúde e das Câmaras de VRSA e Castro Marim, tratem de resolver o problema, verificando também se do outro lado da fronteira o problema é conhecido das autoridades espanholas e se mediadas estão em andamento. 

sábado, 18 de dezembro de 2010

A CÂMARA DE VRSA E MONTE GORDO

Em tempos que já lá vão contava-se a seguinte anedota: estava Deus a fazer o mundo e chegado ao Brasil dotou o mesmo com tudo o que a natureza tinha de melhor. Alguns anjos criticaram Deus por estar a ser injusto e beneficiar aquela região mais do que outras. Deus sorriu e respondeu, - nada temam, depois vou lá colocar portugueses e eles vão estragar tudo.
Lembrei-me desta anedota a propósito de Monte Gordo, beneficiada pela natureza e estragada pelos homens. Hoje é um exemplo português típico de caos urbanístico. Mas, parece, que ainda os homens estão insatisfeitos com a sua "obra" e querem estragar mais, destruindo o que resta.
Segundo o Observatório do Algarve a Câmara de VRSA "aprovou a venda em hasta pública, por 8,5 milhões, de terreno municipal adquirido para zona de lazer na marginal de Monte Gordo. Alteração do PDM dá lugar a prédios até onze andares."
Em Maio de 2010 uma empresa contratada pela autarquia avaliou o valor do terreno em 10,4 milhões.
O Presidente da Câmara, perguntado qual a razão de vender o terreno mais barato dois milhões, "atribui a quebra do preço às condições de mercado e à crise."
Esta crise começa a ter costas muito largas. Não se percebe muito bem, tendo a Câmara técnicos competentes, qual a razão para se pedir a empresas para avaliarem o preço de terrenos?
Quanto custa tais "avalias"?
Adiante. Acusado de "vender a retalho para obter liquidez", dado estar a Câmara com uma dívida de 110 milhões, o Presidente afirma "que é incorrecto dizer que a alienação é para pagar dívidas".
O mais curioso é a dança do destino do referido terreno, fronteiro ao Hotel Vasco da Gama e destinado no PDM a zonamento para equipamentos de lazer. A escritura de 2009 passa o terreno a urbano e a Assembleia Municipal aprova em Junho deste ano uma alteração ao PDM para legalizar a escritura.
O lazer transforma-se em habitação e comércio, negócio obriga.
Turismo de qualidade falam, mas as decisões são de terceiro mundo.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Em STAT/10/189 encontramos Estatísticas do Ambiente relativas à UE.

Foram facultados a Portugal vários milhões de Euros pela UE destinados ao combate à epidemia do nemátodo, que afecta a nossa floresta de pinheiros. O objectivo é não só tentar erradicar a epidemia em Portugal mas também impedir que ela alastre para outros países da UE.

Em Espanha os projectos para desviar águas das bacias hidrográficas do Tejo e do Guadiana está a abrir uma guerra entre várias autonomias. Portugal pode vir a ser a principal vítima desta guerra.
A agricultura intensiva na Andaluzia excede os seus recursos aquíferos, e continuam os transvases ilegais do Rio Chança, afluente do Guadiana, calculados anualmente em cerca de 230 hm3 anuais.

CONFERÊNCIA CLIMÁTICA DAS NAÇÕES UNIDAS EM CANCÚN

A Cimeira de Copenhaga em Dezembro do ano passado foi uma grande decepção, não se conseguiu avançar para uma solução que desse esperança de que o Protocolo de Quioto, que termina em 2012, teria seguimento.
Os grandes poluidores mundiais: EUA, China, Índia, acompanhados pelo Canadá, Japão e Rússia, impediram um acordo com objectivos e metas vinculativas em relação ao aquecimento global.
Chegou-se a um entendimento de que era necessário continuar a reduzir o CO2, estabelecendo cada país  metas voluntárias. A ONU tomou nota disto e ficou um grande amargo de boca por mais uma oportunidade perdida.
A Conferência de Cancún, embora continuando a arrastar os pés em questões cruciais, deu um passinho em frente e voltou a dar alguma esperança aos amantes da natureza e deste planeta.
Avançou-se na questão da transferência de tecnologias, em particular as tecnologias limpas, para os países pobres e em desenvolvimento. Também se concordou num Fundo Verde e em compensações financeiras para financiar os países pobres e o combate à desflorestação.
No referente ao aquecimento global marcou-se passo, os mesmos de sempre resistem apesar da Índia admitir agora estar aberta a considerar metas vinculativas para o CO2.
Confiemos que as duas próximas cimeiras, a da África do Sul (2011), e a do Brasil (2012), consigam parir o sucessor de Quioto, a Terra não pode esperar indefinidamente que o bom senso entre finalmente na cabeça dos responsáveis políticos e económicos. Ontem já era tarde.
Algum optimismo nos chega da reunião de Nagóia, no Japão, sobre a Biodiversidade, realizada pela ONU.
Foi aprovado um plano de acção com 20 itens para preservar a biodiversidade e aumentar os actuais 12% de área protegida terrestre para 17% até 2020, e a área protegida marítima de 1% para 10% no mesmo período.
A biodiversidade dos países em desenvolvimento será apoiada e financiada.
A Agência Europeia do Ambiente veio agora propor taxas ecológicas para preservar o ambiente e a economia, e a prosseguir o rumo actual, insustentável no seu entender, a coesão económica e social da Europa ficará ameaçada.
A Comissão Europeia admite que o objectivo de reduzir o CO2 em 20% até 2020 poderá ser cumprido e mesmo subir a meta europeia para 30%. Deus a oiça e lhe faça a vontade.
A nossa ministra Dulce Pássaro afirmou que será elaborado um Programa Nacional para as Alterações Climáticas. Apoiamos isso e faça breve Srª Ministra, e convença os autarcas a respeitá-lo.