https://www.youtube.com/watch?v=CX2roSxua3k
https://youtu.be/et7htg-wHZA?t=14
https://youtu.be/HmSh5iBW9rI?t=22
O Hino
da Restauração , foi criado, em 1861, por Eugénio Ricardo
Monteiro de Almeida (1820-1869) para uma peça teatral – 1640 ou
a Restauração de Portugal. dedicada ao rei D. Pedro V e
estreada no dia de aniversário do rei-viúvo D. Fernando II. O Hino
da Restauração era o tema que acompanhava a apoteose
final de coroação de D. João IV. Criado em plena Monarquia, a letra
deixava de poder ser cantada após a proclamação da República. Porém, a
grande popularidade do Hino, permitiu-lhe sobreviver ao repúdio que
maioritariamente os símbolos monárquicos provocavam e a letra terá sido
adaptada, tanto mais que foi o regime republicano que determinou que o dia 1º
de Dezembro fosse feriado nacional. O hino foi amplamente utilizado pelo regime
ditatorial que de Maio de 1926 a Abril de 1974 ocupou o poder. Eis algumas das
alterações feitas à letra. A letra original dizia:
Lusitanos é chegado o dia da redenção. /Caem do pulso
as algemas. /Ressurge livre a Nação.
Sendo
substituída por:
Portugueses
celebremos o dia da redenção/em que valentes guerreiros/nos deram livre a
Nação.
Onde se dizia:
O Deus
de Affonso, em Ourique/Dos
livres nos deu a lei:/Nossos braços a sustentem,/Pela pátria, pelo rei
Passou
a dizer-se:
A
Fé dos Campos d’Ourique/Coragem deu, e Valor,/Aos famosos de quarenta,/Que lutaram
com ardor.
Foram
também da letra original retiradas as referências à Casa de Bragança. Tudo
isso é natural. Registe-se que o hino sobreviveu à febre antimonáqrquica e
sobreviveu ao aproveitamento que o regime salazarista dele fez. Os portugueses,
em geral, não conhecem a letra, mas sabem de cor a música. Veja-se com que
entusiasmo o cantam em Elvas.
O governo Passos/Portas com a aprovação do
Parlamento e o silêncio do Cavaco na altura Presidente da República, extingue
um feriado que a I República criou, conservando feriados religiosos que só os
crentes (talvez) saibam o que significam. Um feriado, que, símbologia
monárquica aparte, possuem um alto significado patriótico. Mas as datas
significativas para os patriotas, nada significam para quem tem outras
fidelidades a respeitar. O Hino da Restauração entra na categoria das «canções de intervenção».
O FERIADO RECUPERADO
Mais do que um simples feriado o 1º de Dezembro tem
uma simbologia marcante. Hoje não é contra Espanha, mas sim a memória da
recuperação de uma identidade histórica, cultural e linguística que já tinha
séculos de existência.
A diversidade peninsular é uma riqueza e seria ainda
maior se a Catalunha, o País Basco e mesmo a Galiza tivessem organização
política num grau superior às actuais autonomias. A Ibéria que foi durante
séculos objectivo de hegemonização castelhana (que ainda perdura nos
nacionalistas reaccionários espanhóis), o qual causou inúmeras guerras e
batalhas, deixando um lastro de destruição, violência e atraso.
Sem o 1º de Dezembro de 1640 estaria neste momento a
escrever em castelhano e a nossa língua seria uma recordação histórica só
estudada e conhecida por historiadores e linguistas interessados, e perdido um
conjunto de sons e gestos com os quais comunicamos sem qualquer ganho para a
humanidade.
Vem isto a propósito de um livro que leio nesta tarde
chuvosa, de Thomas Piketty (alguns o consideram exageradamente o novo Marx),
que se intitula "Podemos salvar a Europa?"
Livro para se ler devagar e pensar sobre o que se lê.
A Europa e não só a UE atravessa uma crise que assusta, vemos como regressam e
ganham espaço as ideias fascistas que dominaram parte da Europa no Secº XX, que
provocaram guerras civis, duas guerras mundiais destruindo países, enchendo os
cemitérios com dezenas de milhões de mortos e dezenas de milhões de refugiados
vagueando sem futuro fora das suas zonas de origem.
- Qual a causa?
A principal do mal estar europeu é a economia ao
serviço do lucro, da ganância impune, e não ao serviço das pessoas.
Durante a maior parte da minha vida, raiano como sou,
ir a Espanha era um problema apesar dos regimes semelhantes dos dois lados da
fronteira. Esta era mais do que um limite geográfico, era um muro muito mais
forte e eficaz do que o muro do Trump. Era o muro do silêncio.
Não quero regressar a esses tempos, de nacionalismos
excluindo os outros, de fronteiras físicas, políticas e culturais fechadas a
cadeado. Quero a diversidade europeia que enriquece e na qual posso viajar com
a mesma moeda, passando fronteiras respeitando quem lá está.
Temos é de combater as ideias do retorno às
fronteiras, ensimesmadas em si mesmo, de nacionalismos violentos sem futuro no
mundo que se globaliza ao toque dos interesses da exploração do trabalho. Sim,
acredito que Podemos salvar a Europa.
MCoelho
Para terminar junto um artigo esclarecedor sobre o folhetim da Caixa Geral
de Depósitos.
Ricardo Cabral
O pânico é mau conselheiro
1 de Dezembro de 2016
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Em matéria financeira e de banca a
percepção importa mais do que os factos, para o bem e para o mal. Por essa
razão, sobretudo após a apresentação, imperfeita e “às pinguinhas” do plano de
recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) proposto por António
Domingues, passou a ser facto assente que a CGD necessita de um muito
significativo aumento de capital, que o Ministério das Finanças informa será de
cerca de 5,2 mil milhões de euros.
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A CGD, de acordo com a informação disponível, cumpre
os requisitos legais exigíveis mas, segundo a imprensa, terá falhado o teste de
stress no cenário adverso em 2 mil milhões de euros. Mas vejamos.
Os rácios de capital da CGD estão confortavelmente
acima dos rácios mínimos obrigatórios. O rácio de capital que se afigura mais
importante, o rácio de alavancagem financeira, era de 5,7% no final de 2015,
quase o dobro do valor mínimo recentemente proposto pela Autoridade Bancária
Europeia (3%).
Em contraste, o Deutsche Bank e o Santander declaram
possuir rácios de alavancagem financeira de 3,4% e 4,9% respectivamente.
Acresce que a CGD, é um dos bancos nacionais que menos depende do financiamento
do Eurosistema e possui uma posição de liquidez robusta.
O anterior Governo e o Banco de Portugal negociaram
com a Comissão Europeia um acordo de recapitalização da CGD desastroso para a
Caixa e para o País. Entre outras coisas obrigou à venda da posição na Caixa
Seguros (que incluía a Fidelidade) e de participações consideradas não
estratégicas pelo anterior Governo, como a Cimpor e a PT, com as consequências
que são hoje conhecidas (desmantelamento da Cimpor e da PT, venda da Fidelidade
à Fosun).
Além disso a “recapitalização” da banca, em 2012, foi
insatisfatória porque realizada em larga medida através de empréstimos
subordinados (os chamados “CoCos”). Em resultado, a CGD está obrigada a
devolver 960 milhões de euros de CoCos ao Estado e essa é, no presente, uma das
principais dificuldades enfrentadas pela CGD.
Finalmente, o principal desafio é o crédito em risco
(12,3% do total) e o crédito vencido (7,2% do total). Mas, o primeiro está
coberto por imparidades ou provisões a 63% e o segundo a 103%. Insuficiente,
argumentarão alguns.
Mas, considere-se, por exemplo, o caso do Nord/LB, que
é um dos maiores bancos públicos e um dos maiores bancos comerciais da
Alemanha. É certo que o crédito vencido desse banco representa apenas 4,8% do
crédito total (em comparação com os 7,2% da CGD), mas o crédito em risco
representa 11,2% do crédito total (CGD 12,3%). E além disso as provisões do
banco relativas à carteira de crédito são diminutas, se compararmos com a CGD:
representam 17% do crédito em risco e 40% do crédito vencido. O rácio de
alavancagem financeira desse banco era de 4,3% no final de 2015. Muito abaixo,
por conseguinte, do rácio de alavancagem da CGD.
Sendo assim, porque é que se está em pânico acerca da
CGD e não acerca do Nord/LB? O medo é mau conselheiro. E as autoridades
portuguesas competentes fariam bem em proceder com muita cautela e de modo
muito seguro, à semelhança do que fazem a Alemanha e a Itália com os seus
maiores bancos.
António Domingues e a sua equipa demitiram-se. O
Governo pretende agarrar-se ao plano de António Domingues para a CGD e obrigar
a futura administração a segui-lo à risca. Compreende-se que não queira pôr em
causa o “pré-acordo” com Bruxelas. Mas faria bem em recomeçar de novo, não só
em relação à administração da CGD, como também em relação ao plano de
recapitalização e de reestruturação da CGD.