A imprensa nacional revela que Portugal só tem dinheiro para mais dois meses. A internacional afirma a pés juntos que temos de recorrer à UE e ao FMI.
Recordo que o relatório da Comissão de Inquérito da Crise Financeira dos EUA afirma que a crise "era evitável", e a "maior tragédia é aceitarmos que ninguém podia ter previsto que isto ia acontecer", e se " aceitarmos esta desculpa a crise vai repetir-se".
O relatório acusa "a cultura de desrespeito financeiro" e os grandes bancos de "agirem sem prudência", na ganância de "grandes lucros e apetecíveis bónus".
Esta análise serve igualmente para o que aqui se passa, cai o Sócrates e o Passos já ameaça com a subida do IVA em 2%.
Tudo isto foi previsto há muito tempo, mas não ligaram dado que a política seguida tinha e continua a ter por propósito lixar os portugueses.
As contas estão feitas, mas são ignoradas na imprensa, pois a sua divulgação prejudicava o objectivo aqui mencionado.
Alguns números.
Em 31/12/08 o défice orçamental era 2,8%.
Em 31/12/09 " " " " 9,3%.
Distribuição do Rendimento Nacional, Capital Trabalho
1953 55% 45%
1976 40,5% 59,5%
2005 59,4% 40,6%
2008 66% 34%
Se fosse aplicada uma taxa de 25% sobre a banca e os grandes grupos económicos o Estado receberia, no mínimo, 500 Milhões de Euros (ME).
Se fosse aplicada uma taxa sobre as transacções bolsistas o Estado teria, no mínimo, mais 135 ME. Em relação aos offshores a taxa renderia anualmente, no mínimo, 2.200 ME.
A receita fiscal perdida e as contribuições sociais por pagar rondam os 8.800ME para as primeiras e 1.100 ME para as segundas.
A economia paralela, ou seja a não registada que foge ao fisco anda na casa soa 24% do PIB.
Prescreveram nos últimos 5 anos 4.300ME em processos judiciais. Os benefícios fiscais estão calculados em 13.000 ME.
O Estado tem 13.740 organismos públicos, e destes só 1.724 apresentaram contas, e 418 é que foram fiscalizados.
O orçamento de estado para 2011 prevê, por ex., 11,5 ME para publicidade, para seminários 11,3 ME etc.
Pergunto, para quê carregar mais o pessoal com 2% de IVA, quando há muito lugar para ir buscar dinheiro?
A resposta é esta, enquanto a economia tem crescido uns míseros 1% anuais,
os grandes grupos económicos viram os seus lucros aumentarem 75%.
Sem crescimento económico não há emprego, e penalizando os salários e reformas o consumo interno vai regredir e o desemprego vai aumentar.
Esta é a política deliberadamente praticada, que vai prosseguir, mas como dizia o relatório acima mencionado "era evitável". Esta política está inserida na ofensiva contra quem trabalha, aqui e na UE e nos EUA.
Este é o problema, e só será vencido se as forças políticas e sociais progressistas se unirem.
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