Charingado é um termo algarvio polivalente que significa lixado,chateado,zangado,e que é usado correntemente com expressões e intenções diversas.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
1948
Decorria o ano de 1948 quando esta fotografia foi tirada. Era a turma da Dª Maria dos Anjos, a professora, e estávamos na 2ª classe. O autor deste blogue é o primeiro à direita da professora na última fila (para quem está a olhar a foto).
No passado dia 25 de Junho reunimos, mais uma vez, num almoço de confraternização alguns dos resistentes dessa época.
Infelizmente já é significativo o número dos que nos deixaram, outros abalaram de VRSA e nunca mais regressaram, outros emigraram e acabaram por regressar após a reforma.
VRSA era bem diferente em 1948, a nossa escola tinha a única zona ajardinada da então vila, com tanque de peixes coloridos, um pátio aberto com baixo relevo onde no verão davam espectáculos. Restam algumas amoreiras. A escola das meninas estava em construção e tinha, para ser feita, destruído o jardim onde hoje é a Escola de Hotelaria, que tinha um coreto ao centro. Os crimes ambientais e patrimoniais não começaram agora, é pecha velha, é uma questão cultural e civilizacional que vai levar tempo a evoluir para melhor.
VRSA era uma terra viva, com inúmeras fábricas de conserva e estivas, frota pesqueira com dezenas de traineiras, enviadas e galeões ( em 1948 ainda havia alguns), estaleiros navais, fábricas de latas de conserva e das chaves para as abrir, da folha para as fabricar, a fábrica do gelo, a serração de madeiras e carros puxado a cavalos para transportar os atuns para as fábricas, um porto com guindastes, estivadores e barcos estrangeiros atracados para levar minério, conservas, sal, cortiça etc.
O Lusitano jogava contra os grandes na Primeira Divisão, tínhamos o Cine Parque e as hortas forneciam com o indispensável o mercado onde hoje é o Centro Cultural António Aleixo.
O turismo era coisa desconhecida, e a marginal de Monte Gordo tinha muitas vivendas, sacrificadas mais tarde à especulação imobiliária que tornaram Monte Gordo num caos.
O Jornal do Srº Armando Rocha noticiava casamentos e funerais e os efeitos da guerra civil espanhola e da II Guerra Mundial ainda se faziam sentir, com vários produtos racionados.
Saudades!?, sim da mocidade, não dos tempos em si, de muita pobreza, fome e também miséria, de exploração dura dos trabalhadores, de repressão, de medo e de horizontes culturais fechados. A PIDE vigiava desde as instalações na Alfândega. Presos políticos foram muitos, levados de madrugada para Lisboa após os primeiros interrogatórios em VRSA.
Não havia era um hospital digno desse nome, nem escolas até ao 12ºano, nem segurança social, nem salário mínimo, subsídio de desemprego ou de reinserção social, não havia eleições, nem partidos políticos (o único era o Partido Comunista mas clandestino), nem sindicatos livres e tantas outras coisas do nosso dia-a-dia que em 1948 era um sonho.
Acabada a 4ª classe, quando acabavam, a maioria ingressava no mundo do trabalho mal pago para ajudar a família. Os mais desafogados economicamente frequentavam o Colégio ou a Dª Maria Cide, dado que Liceu só havia em Faro.
Os da foto podem dizer que viveram em dois séculos, assistiram às grandes transformações sociais e políticas do nosso país, participaram nas guerras coloniais, conheceram mundo, mas temos algum amargo de boca por sabermos que o Portugal de hoje poderia ser muito melhor.
No passado dia 25 de Junho reunimos, mais uma vez, num almoço de confraternização alguns dos resistentes dessa época.
Infelizmente já é significativo o número dos que nos deixaram, outros abalaram de VRSA e nunca mais regressaram, outros emigraram e acabaram por regressar após a reforma.
VRSA era bem diferente em 1948, a nossa escola tinha a única zona ajardinada da então vila, com tanque de peixes coloridos, um pátio aberto com baixo relevo onde no verão davam espectáculos. Restam algumas amoreiras. A escola das meninas estava em construção e tinha, para ser feita, destruído o jardim onde hoje é a Escola de Hotelaria, que tinha um coreto ao centro. Os crimes ambientais e patrimoniais não começaram agora, é pecha velha, é uma questão cultural e civilizacional que vai levar tempo a evoluir para melhor.
VRSA era uma terra viva, com inúmeras fábricas de conserva e estivas, frota pesqueira com dezenas de traineiras, enviadas e galeões ( em 1948 ainda havia alguns), estaleiros navais, fábricas de latas de conserva e das chaves para as abrir, da folha para as fabricar, a fábrica do gelo, a serração de madeiras e carros puxado a cavalos para transportar os atuns para as fábricas, um porto com guindastes, estivadores e barcos estrangeiros atracados para levar minério, conservas, sal, cortiça etc.
O Lusitano jogava contra os grandes na Primeira Divisão, tínhamos o Cine Parque e as hortas forneciam com o indispensável o mercado onde hoje é o Centro Cultural António Aleixo.
O turismo era coisa desconhecida, e a marginal de Monte Gordo tinha muitas vivendas, sacrificadas mais tarde à especulação imobiliária que tornaram Monte Gordo num caos.
O Jornal do Srº Armando Rocha noticiava casamentos e funerais e os efeitos da guerra civil espanhola e da II Guerra Mundial ainda se faziam sentir, com vários produtos racionados.
Saudades!?, sim da mocidade, não dos tempos em si, de muita pobreza, fome e também miséria, de exploração dura dos trabalhadores, de repressão, de medo e de horizontes culturais fechados. A PIDE vigiava desde as instalações na Alfândega. Presos políticos foram muitos, levados de madrugada para Lisboa após os primeiros interrogatórios em VRSA.
Não havia era um hospital digno desse nome, nem escolas até ao 12ºano, nem segurança social, nem salário mínimo, subsídio de desemprego ou de reinserção social, não havia eleições, nem partidos políticos (o único era o Partido Comunista mas clandestino), nem sindicatos livres e tantas outras coisas do nosso dia-a-dia que em 1948 era um sonho.
Acabada a 4ª classe, quando acabavam, a maioria ingressava no mundo do trabalho mal pago para ajudar a família. Os mais desafogados economicamente frequentavam o Colégio ou a Dª Maria Cide, dado que Liceu só havia em Faro.
Os da foto podem dizer que viveram em dois séculos, assistiram às grandes transformações sociais e políticas do nosso país, participaram nas guerras coloniais, conheceram mundo, mas temos algum amargo de boca por sabermos que o Portugal de hoje poderia ser muito melhor.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
AINDA AS AGÊNCIAS DE RATING
Há dias, no "comentários e opiniões 42", nos referimos a esta questão. Hoje, no Público (26,Domingo), vem um extenso trabalho que informa e esclarece o que são estas agências e o que as move, cujo editorial que transcrevemos é uma síntese desse trabalho.
No início da crise, em 2009 principalmente, ouvimos vários governos ameaçar estas agências com maior controlo e nova regulementação, acabar com os off-shores etc.
Tudo ficou na mesma ou pior e os mercados continuam a rir-se dos governos e a economia a ditar a política. No final do ano passado os gestores da Moody´s foram aumentados escandalosamente sobre as ruínas que causaram em cerca de 70%, um deles chegou aos 157% de aumento. Os mercados pagam bem a quem bem os serve sem escrúpulos dessa coisa chamada ética e moral.
Até agora só um grupo de corajosos advogados espanhóis meteu um processo contra as três principais agências americanas, acusadas de manipularem os mercados ao serviço dos seus interesses.
Em Portugal quatro economistas e professores universitários pediram um inquérito às mesmas agências e o Departamento Central de Investigação e Acção Penal abriu uma investigação.
Nos próprios EUA foi denunciado por deputados de uma comissão que investigaram as referidas agências que elas "foram influenciadas por empresas de Wall Street para dar boas avaliações a créditos hipotecários e fizeram isso por dinheiro"
O cúmulo da ironia é que o Estado português e vários bancos pagaram nove milhões de euros às ditas agências para que estas os classificassem como lixo.
A Grécia afunda-se e empobrece, Portugal está na calha etc., mas não se vê da parte da UE, do BCE ou dos governos um assomo de coragem e dignidade na defesa dos seus cidadãos contra estes abutres.
Qual a razão?
sábado, 25 de junho de 2011
quarta-feira, 22 de junho de 2011
EMPRÉSTIMOS A SUFOCAR E DÍVIDAS POR COBRAR
O escândalo dos pretendentes a juízes serem apanhados no copianço num exame e passarem todos com nota 10, com o incrível argumento de que era complicado arranjar outra data para novo exame, só veio a ser corrigido por ter sido publicamente denunciado.
Moral da estória, caso não se soubesse estava tudo bem.
Não parece mas isto anda tudo ligado. Portugal tem neste momento uma dívida de 158 mil milhões de euros, causa vertigem este número. Experimentem dividir 150 mil milhões por 10 milhões de portugueses e ficam a saber quanto cada um de nós deve.
Pois, mas temos 128.000 acções de cobrança nos tribunais paradas há mais de 18 meses.
Caso fossem recuperadas teríamos 20,8 mil milhões de euros, que davam bastante jeito e eram suficientes para relançar a economia sem precisar de ajuda externa para esse fim.
A chamada troika exige uma auditoria a esta situação escandalosa de atrasos e quer ver tudo resolvido durante o primeiro semestre de 2013.
Com juízes de copianço não vamos lá.
Moral da estória, caso não se soubesse estava tudo bem.
Não parece mas isto anda tudo ligado. Portugal tem neste momento uma dívida de 158 mil milhões de euros, causa vertigem este número. Experimentem dividir 150 mil milhões por 10 milhões de portugueses e ficam a saber quanto cada um de nós deve.
Pois, mas temos 128.000 acções de cobrança nos tribunais paradas há mais de 18 meses.
Caso fossem recuperadas teríamos 20,8 mil milhões de euros, que davam bastante jeito e eram suficientes para relançar a economia sem precisar de ajuda externa para esse fim.
A chamada troika exige uma auditoria a esta situação escandalosa de atrasos e quer ver tudo resolvido durante o primeiro semestre de 2013.
Com juízes de copianço não vamos lá.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
domingo, 19 de junho de 2011
GRÉCIA E EUA
A SEC, uma autoridade americana que fiscaliza e regula os mercados de capitais, está a investigar as tristemente famosas agências de rating Standard & Poor´s e a Moody´s, para apurar até que ponto elas estão na base do subprime e da crise.
Segundo a SEC estas agências ao atribuírem notas inadequadas aos chamados produtos tóxicos cometeram fraude e "potenciaram a crise financeira mundial".
Recordamos que um dos bancos que veio a falir na sequência destas vigarices, o Goldman Sachs, foi consultor do governo de direita grego que aldrabou as contas com a sua ajuda.
São estas mesmas agências que dão notas a Portugal, à Grécia etc., e que fazem subir ou descer os juros da dívida, num jogo especulativo que dão lucros fabulosos aos "mercados", e ao mesmo tempo colocam países e milhões de pessoas em dificuldades quando não na pobreza.
Mas o jogo começa a ser arriscado, a situação na Grécia resvala para sair de controlo e explodir, metendo em perigo a existência da Zona Euro e o FMI veio a público avisar que as previsões para a economia dos EUA têm de ser revistas em baixa, e a Grécia está a ameaçar o sector financeiro mundial devido à exposição dos bancos europeus que irão afectar todo o sistema para além da Europa, empurrando os EUA para uma forte recessão.
Foi neste quadro que assusta que se compreende o recuo da Srª Merkel na reunião com Sarkozy, o que certamente será confirmado na Cimeira da UE dia 23.
Talvez o medo consiga dos "mercados" o que o bom senso não obteve, pois caso a Grécia colapse totalmente arrasta Portugal, a Irlanda e outros para a falência e os credores nada receberão.
A Grécia está a ser a cobaia que decidirá o que nos vai acontecer ou não.
Segundo a SEC estas agências ao atribuírem notas inadequadas aos chamados produtos tóxicos cometeram fraude e "potenciaram a crise financeira mundial".
Recordamos que um dos bancos que veio a falir na sequência destas vigarices, o Goldman Sachs, foi consultor do governo de direita grego que aldrabou as contas com a sua ajuda.
São estas mesmas agências que dão notas a Portugal, à Grécia etc., e que fazem subir ou descer os juros da dívida, num jogo especulativo que dão lucros fabulosos aos "mercados", e ao mesmo tempo colocam países e milhões de pessoas em dificuldades quando não na pobreza.
Mas o jogo começa a ser arriscado, a situação na Grécia resvala para sair de controlo e explodir, metendo em perigo a existência da Zona Euro e o FMI veio a público avisar que as previsões para a economia dos EUA têm de ser revistas em baixa, e a Grécia está a ameaçar o sector financeiro mundial devido à exposição dos bancos europeus que irão afectar todo o sistema para além da Europa, empurrando os EUA para uma forte recessão.
Foi neste quadro que assusta que se compreende o recuo da Srª Merkel na reunião com Sarkozy, o que certamente será confirmado na Cimeira da UE dia 23.
Talvez o medo consiga dos "mercados" o que o bom senso não obteve, pois caso a Grécia colapse totalmente arrasta Portugal, a Irlanda e outros para a falência e os credores nada receberão.
A Grécia está a ser a cobaia que decidirá o que nos vai acontecer ou não.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
FUTURO
http://youtu.be/R6JUkZgDcPI
Para nos irmos habitunado a um futuro troika caso não consigamos derrotar estas políticas recessivas.
Para nos irmos habitunado a um futuro troika caso não consigamos derrotar estas políticas recessivas.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
POSIÇÃO DA RENOVAÇÃO COMUNISTA SOBRE AS ELEIÇÕES
A esquerda saiu derrotada neste ciclo eleitoral mas tem condições para se reorganizar resistir e preparar uma alternativa.
Muito embora dispusessem de maioria no parlamento, o PS e as forças à sua esquerda não souberem ou recusaram explorar quaisquer possibilidades de convergência que permitissem avanços para os trabalhadores e projectassem o caminho para a saída da espiral de dependência em que Portugal caiu.
O raro momento de convergência, esboçado na candidatura presidencial de Manuel Alegre, foi demasiado hesitante e efémero para alterar os dados da consciência social e política dos eleitores.
Conseguiu a direita empunhar a ideia de que dispunha de condições para formar maioria e retirar o país da grave crise em que se encontra. A crise foi percebida como problema económico, mas também político, dada a situação minoritária do governo do Partido Socialista e a incapacidade de se gerar uma solução consistente à esquerda.
Não obstante a vitória eleitoral da direita, obtida que foi com deslocações de eleitorado do PS mas igualmente do BE e menos da CDU, é sem dúvida de salientar que subsiste um importante pólo eleitoral à esquerda e sobretudo que foi muito vasta a expressão de desconformidade entre eleitores e representantes com avanços na abstenção, votos nulos e brancos e votos em pequenas formações partidárias. A direita ganhou mas não convenceu a maioria aritmética dos recenseados nem sequer dos votos expressos.
Para este resultado são porventura de salientar aspectos prejudiciais no desenvolvimento da luta social no ciclo precedente, onde o economismo das reivindicações sectoriais, desligadas que surgiram de uma clara perspectiva de reforma e de avanço político, fulanizaram a luta contra este ou aquele governante, iludindo as opções políticas de fundo e facilitando escolhas contra-natura do voto à direita. Isto aconteceu em contingentes tão importantes como os professores, a função pública e a magistratura. Voto de protesto esse visto à última da hora como a forma expedita de estes sectores se livrarem do governo de Sócrates, a qualquer preço, mesmo que isso significasse entregar o país às forças do grande capital, tanto mais absolvida que apareceu essa escolha pela demagogia pseudo-esquerdizante que o CDS, soube desenvolver.
Mesmo a emergência nos últimos meses de novas formas de invenção política inorgânica com as manifestações da juventude, exigindo mais democracia e um novo roteiro económico para as novas gerações, em si mesmo um fenómeno muito positivo e pleno de potencial de remodelação política, pode ter acabado por alvejar a esquerda e sobretudo o partido Socialista. A súbita emergência das novas gerações na acção política apanhou de surpresa tanto o Partido Socialista como o BE e o PCP e tarda ainda a necessária adaptação para acolher e dar saliência a este fenómeno.
Pesou certamente a conduta do PS no recente agravamento da crise na procura de compromissos internacionais de austeridade mais e mais penalizadores da situação social na tentativa de escapar a um pedido imediato de resgate pelas instituições financeiras internacionais. Esta táctica não impediu que a amarração do país a politicas ortodoxas impedisse a espiral de dependência e o PS, ao insistir nela, deixou-se enfraquecer na sua base de apoio sem procurar qualquer viregem nas suas alianças e orientação.
Todavia, a orientação do BE e do PCP de recusarem qualquer austeridade primeiro e recusarem depois qualquer pedido de resgate, sem apontar como poderia o país escapar à ameaça de bancarrota, inquietou muitos sectores intermédios e atirou-os para os braços da direita.
Com o avolumar da crise agravou-se a conflitualidade do PCP e BE contra o governo do PS e deu-se então o espectáculo das moções de censura e o voto final em aliança com a direita que motivou a decisão do primeiro ministro se demitir.
A hesitação do primeiro Ministro José Sócrates em confrontar o Presidente da República, o centro da manobra da direita, fez com que este não fosse questionado no seu discurso de 9 de Março de 2011 onde desferiu um ataque premonitório do que se estava a preparar contra o governo em ruptura com o que deve ser o relacionamento entre órgãos de soberania. O ter-se deixado passar este momento merecedor de clarificação permitiu à direita prosseguir os preparativos para o derrube do governo para a altura mais oportuna para a sua agenda. A decisão de ir para eleições aconteceu portanto muito mais segundo um calendário e os interesses da direita do que segundo qualquer perspectiva de reforço popular para uma alternativa.
É ainda de assinalar o autismo da direcção socialista que, perante o desenvolvimento da manobra da direita para a sua derrota, não foi capaz de encetar naquelas semanas qualquer esforço de conversação séria com as forças à sua esquerda permitindo a continuação e aprofundamento da crise.
De facto, o erro táctico de que tanto podem ser acusados o PS e os partidos à sua esquerda, ao avançar para um confronto nesta altura, aconteceu ao mesmo tempo que convergia a direita para assaltar o poder em consonância com a Presidência da República e eram máximas as divisões no campo popular e as vacilações no campo socialista , o inverso do que deveria ser uma situação de ofensiva.
Como pano de fundo a marcar o precedente ciclo de oportunidades perdidas pela maioria de deputados do PS e da esquerda está o facto de PCP e BE não romperem com um o seu verbalismo oposicionista descurando gravemente a construção de soluções concretas para minorar o resvalar da crise capitalista, dando contínuas mostras de não considerarem saídas de compromisso governativo. A percepção de um Partido Socialista que governa, mas à direita, não foi superada por uma esquerda que não serve nem quer governar ou ser parte de saídas de governo.
Contudo, o retomar de iniciativa à esquerda e a construção de condições de uma alternativa, para além da montagem de um forte movimento popular de apoio a uma nova política, implica necessariamente a repetição em novos moldes de uma situação parlamentar de maioria do PS e da esquerda e esse deverá ser o sentido da acção popular.
Só que o mau ensaio do ciclo que agora termina implica necessariamente a correcção dos erros que tanto contribuíram para este desenlace.
Implica o surgimento de uma nova mentalidade de forte compromisso e reclamação em relação à constituição de um governo, implica romper com o economismo das reclamações sectoriais totalmente desligadas de uma ideia de reforma e remodelação com a necessária repolitização do movimento social que não poderá continuar ignorar a premência de reformas profundas na economia e no Estado. Implica sobremaneira a apreensão das novas tendências de participação da juventude e acolher a sua crítica ao estilo e à falta de representação dos seus interesses por partidos de esquerda demasiado cristalizados e envelhecidos. Implica finalmente romper com o sectarismo que vem impedindo o diálogo e a negociação entre os partidos de esquerda e com o PS. Só através de uma reconfiguração politica à esquerda e com o eventual surgimento de novos protagonistas é que será possível inverter a situação criada pela vitória da direita.
A Renovação Comunista sublinha que as tarefas imediatas que se colocam passam por combater qualquer tentativa de desmantelamento da Constituição com que a Direita pretende abrir caminho para o seu programa liberal.
Importa gerar a mobilização popular para defender todos os activos sociais da nossa economia das consequências nefastas da crise
Impõe-se iniciar um debate sobre a futura governabilidade à esquerda para retirar o país da grave crise em que se encontra e conquistar um desenvolvimento autónomo livre da interferência das instituições financeiras internacionais.
Importa ainda erguer no plano nacional e europeu a luta para regular e colocar na ilegalidade as actividades do capitalismo especulativo ao mesmo tempo que o país deve gerar um pólo financeiro público para a dinamização da resposta económica à crise, em moldes renovados, no objectivo de alcançar uma expansão sustentada.
No seu pluralismo a esquerda saberá encontrar os protagonistas e as soluções para retomar o futuro.
Muito embora dispusessem de maioria no parlamento, o PS e as forças à sua esquerda não souberem ou recusaram explorar quaisquer possibilidades de convergência que permitissem avanços para os trabalhadores e projectassem o caminho para a saída da espiral de dependência em que Portugal caiu.
O raro momento de convergência, esboçado na candidatura presidencial de Manuel Alegre, foi demasiado hesitante e efémero para alterar os dados da consciência social e política dos eleitores.
Conseguiu a direita empunhar a ideia de que dispunha de condições para formar maioria e retirar o país da grave crise em que se encontra. A crise foi percebida como problema económico, mas também político, dada a situação minoritária do governo do Partido Socialista e a incapacidade de se gerar uma solução consistente à esquerda.
Não obstante a vitória eleitoral da direita, obtida que foi com deslocações de eleitorado do PS mas igualmente do BE e menos da CDU, é sem dúvida de salientar que subsiste um importante pólo eleitoral à esquerda e sobretudo que foi muito vasta a expressão de desconformidade entre eleitores e representantes com avanços na abstenção, votos nulos e brancos e votos em pequenas formações partidárias. A direita ganhou mas não convenceu a maioria aritmética dos recenseados nem sequer dos votos expressos.
Para este resultado são porventura de salientar aspectos prejudiciais no desenvolvimento da luta social no ciclo precedente, onde o economismo das reivindicações sectoriais, desligadas que surgiram de uma clara perspectiva de reforma e de avanço político, fulanizaram a luta contra este ou aquele governante, iludindo as opções políticas de fundo e facilitando escolhas contra-natura do voto à direita. Isto aconteceu em contingentes tão importantes como os professores, a função pública e a magistratura. Voto de protesto esse visto à última da hora como a forma expedita de estes sectores se livrarem do governo de Sócrates, a qualquer preço, mesmo que isso significasse entregar o país às forças do grande capital, tanto mais absolvida que apareceu essa escolha pela demagogia pseudo-esquerdizante que o CDS, soube desenvolver.
Mesmo a emergência nos últimos meses de novas formas de invenção política inorgânica com as manifestações da juventude, exigindo mais democracia e um novo roteiro económico para as novas gerações, em si mesmo um fenómeno muito positivo e pleno de potencial de remodelação política, pode ter acabado por alvejar a esquerda e sobretudo o partido Socialista. A súbita emergência das novas gerações na acção política apanhou de surpresa tanto o Partido Socialista como o BE e o PCP e tarda ainda a necessária adaptação para acolher e dar saliência a este fenómeno.
Pesou certamente a conduta do PS no recente agravamento da crise na procura de compromissos internacionais de austeridade mais e mais penalizadores da situação social na tentativa de escapar a um pedido imediato de resgate pelas instituições financeiras internacionais. Esta táctica não impediu que a amarração do país a politicas ortodoxas impedisse a espiral de dependência e o PS, ao insistir nela, deixou-se enfraquecer na sua base de apoio sem procurar qualquer viregem nas suas alianças e orientação.
Todavia, a orientação do BE e do PCP de recusarem qualquer austeridade primeiro e recusarem depois qualquer pedido de resgate, sem apontar como poderia o país escapar à ameaça de bancarrota, inquietou muitos sectores intermédios e atirou-os para os braços da direita.
Com o avolumar da crise agravou-se a conflitualidade do PCP e BE contra o governo do PS e deu-se então o espectáculo das moções de censura e o voto final em aliança com a direita que motivou a decisão do primeiro ministro se demitir.
A hesitação do primeiro Ministro José Sócrates em confrontar o Presidente da República, o centro da manobra da direita, fez com que este não fosse questionado no seu discurso de 9 de Março de 2011 onde desferiu um ataque premonitório do que se estava a preparar contra o governo em ruptura com o que deve ser o relacionamento entre órgãos de soberania. O ter-se deixado passar este momento merecedor de clarificação permitiu à direita prosseguir os preparativos para o derrube do governo para a altura mais oportuna para a sua agenda. A decisão de ir para eleições aconteceu portanto muito mais segundo um calendário e os interesses da direita do que segundo qualquer perspectiva de reforço popular para uma alternativa.
É ainda de assinalar o autismo da direcção socialista que, perante o desenvolvimento da manobra da direita para a sua derrota, não foi capaz de encetar naquelas semanas qualquer esforço de conversação séria com as forças à sua esquerda permitindo a continuação e aprofundamento da crise.
De facto, o erro táctico de que tanto podem ser acusados o PS e os partidos à sua esquerda, ao avançar para um confronto nesta altura, aconteceu ao mesmo tempo que convergia a direita para assaltar o poder em consonância com a Presidência da República e eram máximas as divisões no campo popular e as vacilações no campo socialista , o inverso do que deveria ser uma situação de ofensiva.
Como pano de fundo a marcar o precedente ciclo de oportunidades perdidas pela maioria de deputados do PS e da esquerda está o facto de PCP e BE não romperem com um o seu verbalismo oposicionista descurando gravemente a construção de soluções concretas para minorar o resvalar da crise capitalista, dando contínuas mostras de não considerarem saídas de compromisso governativo. A percepção de um Partido Socialista que governa, mas à direita, não foi superada por uma esquerda que não serve nem quer governar ou ser parte de saídas de governo.
Contudo, o retomar de iniciativa à esquerda e a construção de condições de uma alternativa, para além da montagem de um forte movimento popular de apoio a uma nova política, implica necessariamente a repetição em novos moldes de uma situação parlamentar de maioria do PS e da esquerda e esse deverá ser o sentido da acção popular.
Só que o mau ensaio do ciclo que agora termina implica necessariamente a correcção dos erros que tanto contribuíram para este desenlace.
Implica o surgimento de uma nova mentalidade de forte compromisso e reclamação em relação à constituição de um governo, implica romper com o economismo das reclamações sectoriais totalmente desligadas de uma ideia de reforma e remodelação com a necessária repolitização do movimento social que não poderá continuar ignorar a premência de reformas profundas na economia e no Estado. Implica sobremaneira a apreensão das novas tendências de participação da juventude e acolher a sua crítica ao estilo e à falta de representação dos seus interesses por partidos de esquerda demasiado cristalizados e envelhecidos. Implica finalmente romper com o sectarismo que vem impedindo o diálogo e a negociação entre os partidos de esquerda e com o PS. Só através de uma reconfiguração politica à esquerda e com o eventual surgimento de novos protagonistas é que será possível inverter a situação criada pela vitória da direita.
A Renovação Comunista sublinha que as tarefas imediatas que se colocam passam por combater qualquer tentativa de desmantelamento da Constituição com que a Direita pretende abrir caminho para o seu programa liberal.
Importa gerar a mobilização popular para defender todos os activos sociais da nossa economia das consequências nefastas da crise
Impõe-se iniciar um debate sobre a futura governabilidade à esquerda para retirar o país da grave crise em que se encontra e conquistar um desenvolvimento autónomo livre da interferência das instituições financeiras internacionais.
Importa ainda erguer no plano nacional e europeu a luta para regular e colocar na ilegalidade as actividades do capitalismo especulativo ao mesmo tempo que o país deve gerar um pólo financeiro público para a dinamização da resposta económica à crise, em moldes renovados, no objectivo de alcançar uma expansão sustentada.
No seu pluralismo a esquerda saberá encontrar os protagonistas e as soluções para retomar o futuro.
terça-feira, 14 de junho de 2011
P0SIÇÕES DA CONVERGÊNCIA E ALTERNATIVA
A Convergência e Alternativa é um movimento de pessoas de esquerda descontentes com a actual situação partidária, a incapacidade das esquerdas dialogarem entre si e de se entenderem para convergirem em acções comuns no combate por uma democracia melhor e mais justa.
Face à evidência que mais uma vez cada partido iria concorrer em separado sem, entre si, definirem ao menos um objectivo comum, decidiram que era tempo de se criar um movimento político que rompa com esta situação, force o bloqueio em que se encontra a esquerda e o esgotamento político que evidencia, para que, finalmente, se dialogue e se crie novas possibilidades de acção e de esperança.
Centenas de pessoas em todo o país já aderiram a este projecto, tendo-se realizado encontros em Lisboa, Porto e Coimbra. Há um manifesto a recolher assinaturas.
Passaremos a dar notícias neste blogue destas movimentações e posições de uma esquerda que se não revê nas posições fechadas do actual quadro partidário e quer contribuir para a sua modificação.
Este comunicado é o último publicado pela Convergência e Alternativa.
Face à evidência que mais uma vez cada partido iria concorrer em separado sem, entre si, definirem ao menos um objectivo comum, decidiram que era tempo de se criar um movimento político que rompa com esta situação, force o bloqueio em que se encontra a esquerda e o esgotamento político que evidencia, para que, finalmente, se dialogue e se crie novas possibilidades de acção e de esperança.
Centenas de pessoas em todo o país já aderiram a este projecto, tendo-se realizado encontros em Lisboa, Porto e Coimbra. Há um manifesto a recolher assinaturas.
Passaremos a dar notícias neste blogue destas movimentações e posições de uma esquerda que se não revê nas posições fechadas do actual quadro partidário e quer contribuir para a sua modificação.
Este comunicado é o último publicado pela Convergência e Alternativa.
As eleições de 5 de Junho deram a vitória aos partidos da direita num contexto de grave crise económico-financeira e social. Os partidos que subscreveram as condições do empréstimo da UE/FMI obtiveram 78,4% dos votos úteis, o que representa uma pesada derrota para os partidos que se opõem às politicas neoliberais que o empréstimo exige.
Para este resultado contribuíram a consciência de que o País se encontra numa situação financeira muito grave, a convicção generalizada de que não existe alternativa credível para a austeridade imposta pela UE/FMI, a que se juntou uma forte vontade de mudar de Primeiro-ministro. Em poucos meses criaram-se as condições perfeitas para que a direita pudesse alcançar o seu ideal de governação: «uma maioria absoluta, um governo e um presidente» para aplicar as políticas com que a direita mais radical sempre sonhou.
No entanto, a «Convergência e Alternativa» recorda que o governo que vai tomar posse tem uma legitimidade frágil. Uma abstenção superior a 40%, a mais elevada de sempre em eleições legislativas, acompanhada de cerca de 220 mil votos brancos e nulos, mostram que um número expressivo de eleitores não se reconhece em nenhuma das propostas políticas que concorreram às eleições.
Acresce que o PS e os partidos da direita nunca explicaram ao País como é que as políticas de austeridade, e as chamadas “reformas estruturais”, vão colocar a nossa economia a crescer quando é já evidente o seu fracasso na Grécia e na Irlanda. Durante a campanha eleitoral, a fuga ao contraditório sobre a eficácia das políticas neoliberais, aliás com a conivência activa da comunicação social, contribuiu para fragilizar a legitimidade democrática das políticas que o próximo governo pretende executar.
Aliás, o ilustre constitucionalista Prof. Gomes Canotilho já chamou a atenção para a natureza inconstitucional de algumas das medidas inscritas no memorando de entendimento com a UE/FMI. Chegou a hora de o PS honrar a sua história como partido que se identifica com os princípios da Constituição da República Portuguesa. Apesar dos apelos da direita, queremos acreditar que os socialistas recusarão as propostas de revisão constitucional que visam inscrever na nossa lei fundamental alguns princípios típicos de uma sociedade neoliberal.
Os resultados destas eleições confirmam o crescente distanciamento entre uma grande parte do eleitorado e o actual quadro partidário. Para responder a esta crise da democracia portuguesa não basta lamentar o nível elevado da abstenção, ou reclamar a actualização dos cadernos eleitorais. É preciso ir muito mais longe e dar início a um processo de reforma do sistema político que dê resposta aos anseios latentes no eleitorado que não vota, que vota em branco, ou simplesmente vota “útil”. Consciente do cepticismo que atravessa a sociedade portuguesa no que toca à actividade político-partidária, a «Convergência e Alternativa» procurará dar um contributo útil para a revitalização da democracia representativa e da democracia participativa.
Assim, lembrando que a democracia não se esgota no dia das eleições, a «Convergência e Alternativa» convoca todos os portugueses dispostos a lutar para que o País não caia numa situação de extremo descalabro económico, financeiro e social. Através do diálogo, do debate, e da participação em iniciativas conjuntas, queremos catalisar a convergência de pessoas, movimentos sociais e partidos tendo como meta a apresentação de uma proposta política alternativa capaz de salvar o País do desastre e de devolver aos Portugueses a esperança de viver numa sociedade mais digna e mais justa.
Porto, 10 Junho 2011
A Comissão Coordenadora Provisória.
domingo, 12 de junho de 2011
EXEMPLO EXEMPLAR
A Islândia, pequeno país, com menos população do que o Algarve, tem demonstrado nesta crise imposta pela gula capitalista uma grande dignidade e corajem. Quem nos dera que isto fosse contagioso, os políticos têm de ser responsabilizados pelos seus actos, não só políticamente mas também criminalmente quando favorecem interesses que prejudicam gravemente a sociedade.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
DIVULGAMOS UM TEXTO DO BLOGUE PELA DEMOCRACIA QUE ACHAMOS OPORTUNO
Surpreendido pelo súbito activismo do presidente da República, que começou bem cedo na manhã de segunda-feira, o Comité Central do Partido Comunista Português, pela voz de Jerónimo de Sousa, veio denunciar, logo na terça, o atropelo das normas constitucionais que regulam o processo de nomeação do novo Governo, anunciando que não hesitará em recorrer ao Tribunal Constitucional para garantir o respeito da Lei Fundamental. A vigorosa advertência do PCP, desta vez endereçada ao próprio presidente, o que não é vulgar, merece ponderação pese embora o seu manifesto exagero, porque não há democracia fora da Constituição, salvo como prenúncio de rupturas que nos convém evitar.
Seria natural que o PSD e o CDS reunissem logo a seguir à noite eleitoral para preparar a formação de um novo Governo, sem ficar à espera de qualquer iniciativa do presidente que, conforme dispõe a Constituição, só pode nomear o primeiro-ministro após a publicação oficial dos resultados eleitorais, depois de os ponderar livremente e após audição prévia dos partidos. Diligências para tornar o processo mais expedito são, no actual contexto, bem-vindas, mas o presidente perdeu uma boa ocasião para valorizar a independência da sua função soberana e para mostrar alguma deferência pela Assembleia da República, dispensando-se de ouvir, ainda que informalmente, todos os partidos que, além do mais votado, nela também obtiveram assento. O Governo é politicamente responsável perante a Assembleia e a esta cabe o encargo constitucional da fiscalização da actividade governativa. Por isso mesmo, o novo Governo continuará a ser um mero governo de gestão até que os deputados tomem posse e a Assembleia aprove o seu programa, o que não acontecerá seguramente antes dos finais de Junho. Não seria pois uma perda de tempo que o chefe de Estado, depois de uma campanha eleitoral obscura e truculenta, curasse com mais desvelo as instituições da República e convocasse, com adequada solenidade, o regresso à normalidade democrática, fazendo jus ao seu próprio estatuto de eleito por sufrágio universal e directo.
Desde que Albert Einstein formulou a teoria da relatividade, sabemos que o tempo se tornou uma mera variável da velocidade da luz. Cada coisa tem o seu tempo. O tempo do recordista dos 100 metros é diferente do tempo do jogador de golfe. Licitar na Bolsa é mais rápido do que formar um governo. O tempo televisivo é diferente do tempo constitucional. A pressa do presidente será compreensível, mas adensou uma atmosfera de atribulada precipitação que se apoderou de um país que se move agora por controlo remoto para atender instruções da Comissão Europeia, para cumprir os prazos acordados com a troika, para prometer a multiplicação de entidades de controlo orçamental, para conseguir, enfim, chegar a horas à próxima cimeira de Bruxelas. Não é com pressas nem subserviência que vamos esconjurar a crise. É tempo de reconhecer que a rábula que fez sucesso nos anos oitenta, do "bom aluno da Europa" que afincadamente fazia todos os trabalhos de casa apenas na expectativa de um elogio ou de um biscoito do professor, não resulta.
Os anónimos mercados financeiros e as agências de "rating" não são instituições de caridade que se comovam ou deixem seduzir pelas nossas manifestações de gratidão. Os empréstimos que os nossos parceiros europeus nos concederam não são dádivas generosas, O "Fundo Europeu de Equilíbrio Financeiro" é o instrumento precário de uma governação económica incipiente que a União terá de reformar drasticamente se quiser sobreviver. Foi o comissário Europeu para os Assuntos Económicos, Olli Rehn, que admitiu há dias que os juros das dívidas soberanas da Grécia, Irlanda e Portugal, fixados em função do risco do empréstimo, deviam ser revistos em função das condições de desenvolvimento económico dos países em crise. Nem há outra maneira, como já se vê na Grécia, de assegurar o pagamento das dívidas e dos juros. Por isso o memorando de entendimento tem de ser encarado como um guião incontornável que nos comprometemos a cumprir e que poderá ser melhorado. Não é, certamente, uma profissão de fé nem uma questão de honra!
segunda-feira, 6 de junho de 2011
O VOTO NO LOBO
Às 00H11 do dia 6 constato que, infelizmente, tinha razão. A direita ganhou e tem possibilidades de governar com maioria absoluta e a esquerda sai esfrangalhada desta contenda.
A direita realizou o seu sonho de sempre, vem desde o tempo do Sá Carneiro :
Um PR, o Governo e maioria na AR.
Até as facadas no PS começaram mais cedo do que previra, com o António José Seguro a candidatar-se sôfrego à sucessão sobre o ainda quente cadáver do Sócrates. Não foi bonito de ver.
O BE sofreu uma derrocada mas reconheceu o facto, coisa pouco habitual à esquerda. Os próximos tempos vão ser agitados dentro do PS e do BE.
O PCP aguentou-se e, como sempre, veio autovangloriar-se como se tivesse tido uma vitória.
Se a esquerda não entender que tem de convergir na acção para galvanizar e dar esperança iremos ter muitos anos de direita, e dessa tragédia pode vir a não sobreviver.
O CDS obteve o seu objectivo, ser indispensável para uma maioria de direita, e pode agradecer ao PSD a ajuda que lhe deu, pois o PSD ao guinar tanto para a direita até fez parecer o CDS de esquerda com bandeiras sociais, o desenvolvimento da agricultura etc.
A nova situação política faz adivinhar para breve uma luta renhida para rever a Constituição, não só "necessária" para cumprir os objectivos da troika, mas também para liquidar de vez com o SNS, o ensino público e por aí fora. Como a direita não tem os dois terços necessários para tal fim tudo irá depender do PS, que ainda não sabemos o que irá ser no pós-Sócrates.
Resumido, as ovelhas em lugar de escolher um bom pastor para cuidar bem do rebanho votaram no lobo. Agora vão ser todas comidas.
Tempos maus estão a caminho.
A direita realizou o seu sonho de sempre, vem desde o tempo do Sá Carneiro :
Um PR, o Governo e maioria na AR.
Até as facadas no PS começaram mais cedo do que previra, com o António José Seguro a candidatar-se sôfrego à sucessão sobre o ainda quente cadáver do Sócrates. Não foi bonito de ver.
O BE sofreu uma derrocada mas reconheceu o facto, coisa pouco habitual à esquerda. Os próximos tempos vão ser agitados dentro do PS e do BE.
O PCP aguentou-se e, como sempre, veio autovangloriar-se como se tivesse tido uma vitória.
Se a esquerda não entender que tem de convergir na acção para galvanizar e dar esperança iremos ter muitos anos de direita, e dessa tragédia pode vir a não sobreviver.
O CDS obteve o seu objectivo, ser indispensável para uma maioria de direita, e pode agradecer ao PSD a ajuda que lhe deu, pois o PSD ao guinar tanto para a direita até fez parecer o CDS de esquerda com bandeiras sociais, o desenvolvimento da agricultura etc.
A nova situação política faz adivinhar para breve uma luta renhida para rever a Constituição, não só "necessária" para cumprir os objectivos da troika, mas também para liquidar de vez com o SNS, o ensino público e por aí fora. Como a direita não tem os dois terços necessários para tal fim tudo irá depender do PS, que ainda não sabemos o que irá ser no pós-Sócrates.
Resumido, as ovelhas em lugar de escolher um bom pastor para cuidar bem do rebanho votaram no lobo. Agora vão ser todas comidas.
Tempos maus estão a caminho.
sábado, 4 de junho de 2011
UF!, CHEGOU AO FIM,AMANHÃ É PARA PENSAR
Terminou a campanha eleitoral e, mesmo antes de começar, já todos sabíamos os resultados que teriam de ser se acordo com a vontade dos "mercados",pois os credores não brincam com o dinheiro que emprestaram, e o governo a sair das eleições teria de ser de direita para garantir os pagamentos nos prazos que estipularam e com os juros estabelecidos.
O que parece mais que provável é um governo PPD/CDS, não só por serem mais fiáveis para cumprir as ordens vindas de fora mas também por estarem de acordo com as medidas impostas, quer no plano político/ideológico, quer no plano económico. Até, para mostrar serviço, irão mais longe do que as ordens dos patrões e aproveitarão a embalagem para destruir tudo o que puderem nos apoios sociais, na educação e saúde públicas, e avançarem na privatização do Estado.
O PS perde por ter ficado refém do Sócrates, muitos irão votar na direita só para o verem pelas costas. Perdidas as eleições e se afastados do poder iremos assistir às facadas nas costas do Sócrates por aqueles que ainda hoje lhe davam palmadinhas nas ditas. O Almeida Santos já começou.
O CDS é, na minha opinião, o grande vencedor, pois sem ele não haverá maioria parlamentar e terá ministérios importantes. Mais, as sondagens apontam para que a sua votação seja igual ou ande lá perto da soma do PCP e BE.
Se assim for é uma grande derrota para a esquerda e, desta vez num período de grande descontentamento e crise que, em princípio, seria o ideal para captarem os votos de protesto e descontentamento.
Desta vez não podem meter a cabeça na areia como a avestruz e cantarem pateticamente vitória, ou analisam a sério o que lhes aconteceu ou correm o risco de se tornarem dispensáveis.
Gostaria de me enganar totalmente, ficaria feliz com o meu erro.
O que parece mais que provável é um governo PPD/CDS, não só por serem mais fiáveis para cumprir as ordens vindas de fora mas também por estarem de acordo com as medidas impostas, quer no plano político/ideológico, quer no plano económico. Até, para mostrar serviço, irão mais longe do que as ordens dos patrões e aproveitarão a embalagem para destruir tudo o que puderem nos apoios sociais, na educação e saúde públicas, e avançarem na privatização do Estado.
O PS perde por ter ficado refém do Sócrates, muitos irão votar na direita só para o verem pelas costas. Perdidas as eleições e se afastados do poder iremos assistir às facadas nas costas do Sócrates por aqueles que ainda hoje lhe davam palmadinhas nas ditas. O Almeida Santos já começou.
O CDS é, na minha opinião, o grande vencedor, pois sem ele não haverá maioria parlamentar e terá ministérios importantes. Mais, as sondagens apontam para que a sua votação seja igual ou ande lá perto da soma do PCP e BE.
Se assim for é uma grande derrota para a esquerda e, desta vez num período de grande descontentamento e crise que, em princípio, seria o ideal para captarem os votos de protesto e descontentamento.
Desta vez não podem meter a cabeça na areia como a avestruz e cantarem pateticamente vitória, ou analisam a sério o que lhes aconteceu ou correm o risco de se tornarem dispensáveis.
Gostaria de me enganar totalmente, ficaria feliz com o meu erro.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
OS CALOTES CAMARÁRIOS JÁ CHEGARAM À NET
Algarve: Sete autarquias que não pagaram com sites e mails bloqueados (Atualizada)
01-06-2011 7:27:00
A Globalgarve,SA, efetivou o corte de serviços no centro de dados regional de alojamento das páginas oficiais a sete autarquias, por falta de pagamento. É o caso de Albufeira, Castro Marim, Lagos, Monchique, Portimão Silves e Vila Real de Santo António. Dívida ascende a 400 mil euros
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O correio eletrónico, a gestão de documentos, o acesso online a diversos serviços, por parte dos munícipes e do público estão agora “em baixo” e quando se digita o endereço eletrónico recebe-se a mensagem de erro.
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O correio eletrónico, a gestão de documentos, o acesso online a diversos serviços, por parte dos munícipes e do público estão agora “em baixo” e quando se digita o endereço eletrónico recebe-se a mensagem de erro.
O Observatório do Algarve verificou, através do Portal Algarve Digital que às 18h00 estavam a funcionar sem percalços os sites das câmaras de Alcoutim, Aljezur, Faro, Lagoa, Loulé, Olhão, São Brás, Tavira e Vila do Bispo.
Já nos sites de Albufeira, Castro Marim, Lagos, Monchique, Portimão, Silves e Vila Real de Santo António o acesso era negado.
Das noves autarquias que receberam a comunicação da suspensão de serviço, terá sido regularizada, mesmo que parcialmente, a situação da autarquia de Olhão, apurou o Observatório do Algarve.
Recorde-se que a agência regional de desenvolvimento comunicara a nove das 16 autarquias algarvias a intenção de suspender os serviços , perante as dívidas acumuladas já prestados, designadamente através do Centro de Dados Regional, mas também quanto ao uso de software criado especificamente para a governação autárquica, conforme avançou esta manhã o Observatório do Algarve.
Em causa está uma dívida que ronda os 400 mil euros e faturação que, em alguns casos, remonta há mais de 2 anos.
A suspensão destes serviços tem como consequência os sítios na Internet das autarquias deixaram de estar acessíveis, o sistema de correio eletrónico não funcionar, ficando ainda comprometido o processo de gestão documental, através do qual, entre outras funcionalidades, como a consulta online dos processos, são emitidas as faturas da água, entre outros documentos autárquicos.
O diretor geral da Globalgarve confirmara ao Observatório do Algarve “a existência de dívidas de algumas autarquias a quem a Globalgarve presta serviços”.
Paulo Bernardo recusara-se, porém, a identificar aquelas que têm calotes, “porque acreditamos que amanhã teremos as situações, senão de forma total, mas pelo menos parcialmente resolvidas”.
A Globalgarve assume como missão “dinamizar projetos estratégicos para o desenvolvimento da região. Embora com figurino legal de sociedade anónima, da sua estrutura acionista fazem parte 55 acionistas, entre entidades públicas, associações empresariais, todos os municípios e empresas de âmbito regional e nacional.No último biénio, entre outras atividades, a Globalgarve assumiu a gestão operacional do Programa Algarve Digital, para a integração da região na Sociedade de Informação.
Ao longo dos últimos anos a agência de desenvolvimento tem prestado serviços na área de desenvolvimento Web a diversas entidades da região, recorrendo à experiência adquirida na criação de vários dos sites e ferramentas utilizadas e disponibilizadas às autarquias, as primeiras a quem foram prestados este tipo de serviços, nomeadamente o desenvolvimento de toda a estrutura necessária aos sites.
No âmbito da prestação de serviços na área de web development a Globalgarve concretizou durante o ano de 2010 os sites da Junta de Freguesia do Montenegro do Arquivo Distrital de Faro e da SGU de Vila Real de Santo António, disponibilizado no já início deste ano.
Antes, foram criados os mapas interativos e a disponibilização na Internet dos Planos Municipais de Ordenamento do Território. Também o Turismo do Algarve, a Agência Regional de Energia, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (microsites) e a Diocese do Algarve, entre outras entidades, viram os seus sites desenvolvidos e alojados no Centro de Dados Regional.
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