A morte é sempre um drama, leva os amigos e um passado comum que só nós conhecemos.
Houve períodos da nossa vida em que tivemos uma relação intensa, quer em VRSA quer já em Lisboa, já crescidotes, partilhando sonhos e esperanças. Estou a falar do José João, o JJ.
Fizemos alguns acampamentos selvagens por esse Algarve, e em Lisboa muitos sábados e domingos de cinema, mergulhos na piscina do Muxito, cervejolas e até um dia me convenceu a ir ao antigo estádio da Luz ver um Benfica-Belenenses, no qual o Alfredo "três pernas" ia assassinando em público o pobre Matateu com a complacência do árbitro.
Depois a vida une e separa, fui parar com os costados à Índia e ele a Angola, partiu com as divisas que eu tinha usado ao ombro. Mantivemos sempre contactos e ele regressado a VRSA era, sempre que cá vinha, o cronista que relatava com pormenor e alguma ironia os casos da terra, de tal maneira que por vezes ficava com a impressão que de aqui não me tinha ausentado.
Desfilavam os casos, as figuras típicas, as politiquices, mas também observações sérias e certeiras sobre a evolução ou falta dela cá no burgo. É pena que nunca lhe tenha dado para escrever, teríamos hoje crónicas deliciosas sobre VRSA, a sua mentalidade, hábitos e costumes. Com a sua partida VRSA ficou mais pobre, perdeu-se alguém que tinha na sua memória um acervo histórico sobre o seu concelho e que não foi transmitido como facto cultural às outras gerações.
Sem comentários:
Enviar um comentário