TELHADOS DE VIDRO
Frequentemente nos deparamos
com esta expressão em política que, traduzindo, significa que não se pode
criticar ou denunciar uma irregularidade ou qualquer outra violação da lei
praticada por um partido ou pessoa politicamente responsável por, em tempo
anterior, ter o nosso partido ou algum dos seus membros praticado acto ou acção
semelhante.
Esta forma de pensar e ver o
problema é, em si própria, uma perversão e um veneno da democracia.
Em lugar de se combater o que
está errado pactua-se com ele, fecha-se os olhos a práticas condenáveis, passa
a ser encarado como normal o que deveria ser excepção, permite-se o crime
demitindo-nos de defender a transparência democrática dos órgãos do poder.
Com tal mentalidade na nossa
casa partidária se alguém praticou um crime pactuamos com ele, em lugar de o
combater esconde-se o acto e, mais grave, continua-se a promover e a proteger o
infractor porque é “nosso”.
Desiste-se de sermos um
exemplo democrático quer para os nossos militantes quer para os outros partidos
e a sociedade. Há organizações partidárias que aos olhos da generalidade das
pessoas mais parecem um “gang”, rodeado de gente paga com favores imerecidos
para garantir clientela.
Não admira que partidos
minados por dentro como estão prometam tudo e o seu contrário para se manterem
no poder, sem intenção de respeitarem os compromissos que proclamam aos eleitores,
só se recordando da existência dos seus militantes para uso como tropa de choque nos actos eleitorais.
Por toda a Europa assistimos a
uma vaga de contestação aos partidos tradicionais, ao nascimento de novas
organizações políticas que exigem coerência entre o que se diz e o que se faz.
Abrem-se janelas que provocam correntes de ar que afastam maus cheiros políticos,
arejam o ambiente e criam esperança.
Oxalá consigam implantar-se.
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