segunda-feira, 12 de março de 2012

UM TÍTULO MISTIFICADOR

                                                                                                                                                                Regressado a VRSA depois de semanas de ausência olho para o Jornal do Algarve que, em parangonas na capa, afirma que a Câmara "é o município com maior independência financeira" do país, segundo um estudo da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas relativo a 2010. Milagre, pensei.
Fui ler a notícia e, pouco a pouco, as duas páginas do JA dedicadas ao assunto vão desvendando uma realidade completamente diferente. Para quem só lê os cabeçalhos nos jornais, por preguiça ou falta de hábito de leitura, ficará com a falsa ideia de que afinal a autarquia vive na abastança ao contrário do que publicamente consta.
Esta "independência" quer dizer que o peso das receitas próprias da Câmara é superior às transferências do Estado para a autarquia. Coisa que se explica facilmente, dado que VRSA é um pequenino concelho, com três freguesias e uma população que ronda os 20 mil habitantes e, pelos critérios que presidem à distribuição das verbas do Estado pelas câmaras, nunca receberá grandes fortunas. Portanto é uma falsa "independência", fruto das circunstâncias.
Mesmo assim, segundo o citado estudo, a cobrança do IMT subiu de 2009 para 2010 em VRSA em 1,3 milhões de euros. Mas, segundo o Presidente Luís Gomes, a queda real da cobrança do IMT no concelho foi de 67% entre 2007 e 2011, ou seja menos 9 milhões de euros.
Mas VRSA encontra-se no TOP TEN dos municípios com piores resultados económicos em 2010, em 7º lugar com um défice de 10,9 milhões, e 6º lugar no que respeita aos piores resultados económicos por habitante, - 584 euros. Mais, VRSA é o 9ª autarquia que nesse ano mais aumentou a dívida, + 26,6% ou seja + 12,8 milhões de euros.
Segundo os dados apresentados a Câmara de VRSA tinha, no final do ano em causa, uma dívida total de 60,9 milhões de euros, qualquer coisa como 3.735 euros por habitante.
VRSA destaca-se ainda por se encontrar em 10ª posição entre os concelhos com menor capacidade para resolver os seus compromissos a curto prazo ( o que dá para entender melhor o frenesim da  procura de um empréstimo bancário de 50 milhões de euros ).
Passando agora à SGU, sociedade de que o Luís Gomes também é presidente, o estudo revela de que a SGU de VRSA foi a que apresentou os piores resultados económicos entre as 304 SGU´s mais 29 serviços municipais, aqui fica VRSA orgulhosamente em primeiro lugar.
A SGU tinha  um passivo de 52,3 milhões de euros em 2010, pelo que somados ao passivo camarário, 60,9 milhões, o total da dívida em 2010 era de 113,2 milhões de euros.
Confrontado com estes números o Srº Luís Gomes desvalorizou os mesmos, dado que a empresa municipal "tem um património que atinge cerca de 100 milhões de euros, o que, a longo prazo, miniminiza e dá sustentabilidade a esses prejuízos".
Belas e confortantes palavras, mas "já agora logo amanhã" bem podia esclarecer os seus munícipes qual é e onde está esse património tão badalado, temos esse direito.

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