O Euro, desde o seu nascimento, tem sido atacado com o propósito de o não deixar vir a ser uma moeda forte internacionalmente.
Apesar da oposição encontrada conseguiu singrar e, pouco a pouco, foi ombreando com o Dólar, destronou a Libra, e tornou-se na segunda moeda mundial de troca e uma divisa de reserva muito procurada.
A moeda chinesa não vale internacionalmente, e o Yen japonês não tem capacidade para ser um substituto ao Dólar. Os chamados BRIC (Brasil,Rússia,Índia e China), nos tempos mais próximos não terão uma moeda capaz de se bater com o Dólar ou o Euro.
A UE é ainda a principal potência comercial do mundo, com os seus 500 milhões de cidadãos, e um nível de desenvolvimento económico e social único, o qual é para milhões de seres humanos fora da Europa um ideal e uma aspiração.
Recordo que durante a administração Bush vieram a público documentos confidenciais da trupe Cheney, Rumsfeld e companhia cujo conteúdo era "como enfraquecer a UE", e "como dividir a UE". O objectivo central de tais "estudos" era impedir que a UE de primeira potência comercial se transformasse em primeira potência económica, relegando os EUA e o dólar para um papel secundário apesar de continuar a ser a primeira potência militar. Criar divisões e problemas aos europeus para atrasar o desenvolvimento da UE era um interesse prioritário dos EUA.
A crise actual que rebentou nos EUA e se transferiu para a UE veio facilitar esse objectivo, por um lado enfraquece o euro e pode mesmo vir a acabar com ele, por outro lado está a minar a coesão e a solidariedade entre os 27 estados da UE.
E, de repente, foram colocados à frente do BCE, da Grécia e da Itália antigos responsáveis de bancos americanos que foram os causadores da crise. Para ministros das finanças de Portugal e da Espanha vieram "técnicos" até aí desconhecidos e que estavam em organizações internacionais como o BCE, e para controlar as privatizações portuguesas um homem do FMI etc.
Coincidências a mais ...?!
O que é certo é que estamos a assistir a uma ofensiva política e ideológica dos grandes interesses económicos e dos governos que eles controlam, governos eleitos na base de mentiras e falsas promessas, com o objectivo de fazer recuar a sociedade para níveis semelhantes aos dos princípios do século XX.
Isto é, uma sociedade sem direitos para quem trabalha, sem regras nem horários, sem protecção social no desemprego e na doença, com menos dias de descanso e salários de miséria.
O que está a suceder na Grécia é disso um bom exemplo, uma pressão terrível sobre o povo grego que votou claramente contra esta austeridade assassina que só empobrece mas que disse também claramente que não quer sair da UE nem do Euro. As ameaças chovem de todo o lado para tentar vergar o povo grego e aceitar ser escravo dos mercados. Chegou-se ao ponto de o BCE, que é um banco que se diz independente dos estados, vir também assustar os gregos tirando o tapete a 4 bancos gregos numa manobra intimidatória. Na Grécia está a decorrer uma batalha que nos diz respeito, pois caso os gregos forem derrotados a seguir somos nós, os portugueses, que estão na calha.
E tudo vale para assustar. É mentira que a Grécia possa ser expulsa da UE. O Tratado de Lisboa introduziu uma alteração que até aí não existia, isto é, um país que adira à UE também pode sair se quiser, mas sai voluntariamente, não o podem pôr na rua. Mais, não existe nos tratados nenhum dispositivo que permita expulsar um país do euro.
Para a Grécia sair do euro tem de sair da UE, e para sair da UE só sai se quiser.
Ou então é necessário alterar os tratados, o que leva tempo, implica em alguns países fazer referendos, noutros fazer aprovar pelos parlamentos essas alterações etc. Sabemos que os governantes e os mandantes não eleitos da UE gostam cada vez menos da democracia e desta chatice de ter de ouvir a opinião dos povos. Por isso quando falam da Grécia "sair" estão a mentir e sabem-no, como o Durão Barroso e outros.
Recordamos que há dias para imporem a austeridade como política obrigatória tiveram de fazer um tratado à parte, não se atreveram a ir mexer no Tratado de Lisboa para evitar referendos e cumprir regras democráticas. Mesmo assim dos 27 estados só 25 estiveram de acordo e até agora só 4 o assinaram, entre estes Portugal. Perguntou este governo ao povo português se estava de acordo com tal tratado?
Hoje, na Grécia, é bom repetir, o futuro dos portugueses e da qualidade da democracia também vai a votos nas próximas eleições de Junho.
Sem comentários:
Enviar um comentário