O Comité Económico e Social, o Banco de Portugal, a UTAO ( unidade técnica
da AR que estuda o orçamento) arrasaram a proposta do Governo de Orçamento para
2013. Inviável, irrealista, inexequível etc. Os sindicatos e curiosamente
também as organizações patronais chumbaram tal aborto. Todas as previsões
feitas para o orçamento de 2012 falharam e já comprometeram de forma
definitiva o orçamento de 2013, que vai ser impossível de cumprir.
Será aprovado na AR pelo PSD/CDS apesar de este último fingir cinicamente
que está descontente com o orçamento e as suas medidas anti sociais. Então qual
a razão que o obriga a votar tal calamidade?
Todos sabem, governo, troika e Cavaco incluídos, que ninguém acredita,
a começar por eles próprios, que este orçamento tem qualquer possibilidade de
êxito, e que os objectivos propostos são impossíveis de alcançar.
Já não é só a esquerda que denuncia que esta política e este caminho
está a destruir o país, a deixar Portugal um país de pobres e emigrantes, sem
esperança e sem futuro. Inúmeros
economistas nacionais e estrangeiros afirmam-no, como Nouriel Roubini ou o
Nobel Paul Krugman, ou Bagão Félix, Ferreira do Amaral e tantos outros.
No final de 2012, ao contrário da propaganda, estaremos mais
endividados e a dívida ultrapassará os 120% do PIB, os impostos que já
ultrapassaram o limite do possível e serão novamente agravados em 2013
atrofiarão ainda mais as débeis possibilidades de crescimento económico, e
conduzirão a mais endividamentos. O factor trabalho e o seu rendimento é cada
vez menor na actividade económica. São as prestações sociais, consideradas com
desprezo pelos novos senhores serventuários da especulação financeira e da
banca, que impedem que os níveis de pobreza dos "irresponsáveis
esbanjadores" galopem para níveis de 40% ou mais. Oficialmente 900 mil
portugueses estão desempregados e o governo informa que em 2013 esse número
será superior mas que "estará em linha com as previsões do governo".
Só 370 mil recebem subsídio que está em redução continuada. Segundo informações
do próprio governo mais de 650 mil portugueses emigraram nos últimos cinco
anos, e a percentagem desses emigrantes com cursos universitários é elevada. A
maioria já não acredita em Portugal e pensa não regressar, e os portugueses
estão na Europa no topo dos estrangeiros que pedem a nacionalização noutros países.
Destes desempregados a maioria já não voltará a encontrar trabalho e anualmente
novas fornadas de jovens formados estão a chegar ao mercado e a concorrer com
eles. Para eles acabou o futuro, pois a vida sem trabalho trás inevitavelmente
a pobreza e a perda de dignidade. Este ano que ainda não acabou já gerou 17 mil
insolvências, calvário que se agravará em 2013. O número de divórcios e de bebes
abandonados cresce, mais pessoas despejadas das suas casas e a viver na rua, os
suicídios aumentam, em média são três por dia, e são estes números referentes a
pessoas concretas, a vidas reais, e não a abstracções económicas, que nos dão a
imagem do sofrimento que se espalha pelo país da austeridade custe o que
custar, pois ainda "aguenta, aguenta!" mais apesar da
"pieguice" dos pobretanas.
E é neste Portugal, país das maiores desigualdades sociais na UE, com pensões
e salários dos mais baixos, e com idades de reforma mais tarde e horários de
trabalho superiores à maioria dos países europeus, que a coligação PSD/CDS/TROIKA
pretende como medidas para 2013 "refundar o Estado", cortando 4 mil
milhões de euros na saúde, nas pensões e na educação?, nos salários da função
pública, mais privatizações incluindo as florestas e transportes etc.
Voltando ao princípio coloca-se a questão, se isto não vai resultar
então qual a razão para tal insistência! Utilizo frases de outros para que se
não diga que sou eu que digo sempre o mesmo.
José Pacheco Pereira, em 24/XI/!2: "Só que uma coisa é esta
percepção e outra é validar políticas cujo objectivo não é corrigir excessos,
mas empobrecer estruturalmente o país, para que ele possa fornecer mão-de-obra
barata, e atirar para a caridade ou para o estrangeiro os muitos milhões de portugueses
que estão a mais neste glorioso plano de refundar Portugal..."
São José Almeida, 24/XI/12: " ... as metas são impossíveis de
cumprir. Apenas existem para servir de argumentário ao desmantelamento do
estado social e à transferência de bens públicos para os privados".
MC
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