segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O PRESÉPIO E A ÁRVORE DE NATAL E O PAI NATAL

Dentro da quadra que atravessamos vou colocar no blogue duas pesquisas feitas há anos sobre estes temas, então publicadas no JA e que deixo aqui como curiosidade.


O PRESÉPIO E A ÁRVORE DE NATAL

Tal como em relação ao Pai Natal a Árvore de Natal tem origens remotas, anteriores ao cristianismo.

O solstício de inverno com os seus dias curtos e noites longas causava uma enorme impressão nas sociedades primitivas. Os egípcios colocavam galhos de palmeira nas suas casas, símbolo da vida triunfando sobre a morte. Os romanos enfeitavam as casas com pinheiros, símbolo da vida, em homenagem a Saturno, o deus da agricultura. Outros penduravam maçãs no pinheiro etc.

A adaptação destes costumes a árvore de natal, a tradição moderna do pinheiro de natal, parece ter surgido no séc. XVI em Estrasburgo. O pinheiro era decorado com doces, fruta e papéis coloridos. Rapidamente este exemplo se espalhou pela Europa e América.

O pinheiro e a sua forma triangular acomodou-se bem com a simbologia cristã da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.

A popularidade da árvore de natal é cada vez maior e suplanta hoje o presépio na maioria dos lares.

O presépio é a forma mais antiga dos cristãos comemorarem o nascimento de Jesus. Segundo a tradição teria nascido numa gruta em Belém, numa manjedoura. O nome de presépio significa isso mesmo: curral, estábulo, local onde se recolhe o gado.

Desde o séc. III que se conhece a celebração do nascimento de Jesus, trazida pelos peregrinos que visitavam a gruta do nascimento.

O presépio actual parece ter origem em 1233, quando São Francisco de Assis mudou o local habitual da celebração, a Igreja, para uma gruta na floresta de Greccio, na qual colocou uma manjedoura com feno, um boi e um burro. A intenção foi a de exemplificar aos crentes a forma como nascera Jesus. Foi uma representação teatral da natividade.

Pouco a pouco foi passando das Catedrais, dos Mosteiros e das Igrejas para os palácios, as casas particulares e os locais públicos.

Consta que o primeiro presépio montado foi no séc. IV por Santa Helena, mãe do Imperador Constantino. Conhecem-se pinturas, frescos e até mosaicos com a representação da Natividade a partir do séc. IV.

Parece que o primeiro presépio numa casa particular surgiu em 1567, na casa da Duquesa de Amafalfi. Rapidamente este costume se espalhou por toda a Itália, e no séc. XVIII já ganhara toda a Ibéria.

Por essa altura eram muito apreciados os presépios napolitanos, ricamente trajados, incluíam cenas do quotidiano e as diversas figuras proporcionavam arranjos originais, ao gosto de cada um ou de acordo com os costumes e tradições das regiões onde eram montados.

O presépio em Portugal é uma tradição popular, antiga e enraizada nos nossos costumes. É junto ao presépio que se colocam as prendas e é desmontado a seguir aos Reis. Para além do Menino, de Sº José e da Virgem Maria, do Anjo, do boi, do burro e dos Reis Magos, o presépio foi aportuguesado com as mais diversas figuras: pastores, lavadeiras, os animais domésticos, bonecos com os trajos folclóricos, bandas de música, soldados, o prior, os Santos Padroeiros locais etc. O musgo, as searas, as frutas e flores servem de para ornamentar, desligadas já do seu significado original, o agradecimento pelas colheitas do ano e a esperança de boas colheitas para o próximo.

Na Madeira e no Nordeste brasileiro o presépio chama-se lapa ou lapinha. A lapa é uma espécie de gruta ou caverna. Na Madeira o tempo do Natal é dividido em “oitavas”; no Nordeste em “jornadas” e à sétima representa-se o Auto da Lapinha.

Na Madeira também existe a “rochinha”, um presépio feito de papel pintado, em escadinha, e no cimo ou rochinha, é colocado o Menino, de pé, com um vestidinho branco. Esta tradição parece ter origem em costumes pagãos herdados dos gregos e romanos, que prestavam culto aos seus deuses domésticos – Penates e Lares-, montados em altares feitos em escadinhas.

Ainda na Madeira é hábito armar o presépio sobre uma cómoda ou mesa com uma talha branca, de bordado madeira.

Desde o séc. XVI existem referências a presépios públicos no país. No séc. XVII, no reinado de D. João V, surgem grandes criadores de presépios que fizeram escola: Machado de Castro, Barros Laborão, Manuel Teixeira e António Ferreira.

Um dos presépios da autoria de Machado de Castro, inicialmente destinado ao Convento das Carmelitas, construído em 1782, com cerca de 500 figuras, ainda hoje pode ser visto na Basílica da Estrela, em Lisboa. Merece uma visita.

Para quem se interesse pelas origens religiosas e a simbiose que se foi concretizando entre o sagrado e o profano recomendamos, passe a publicidade, o livro do Prof. Moisés Espírito Santo (um nome bem apropriado), “Origens Orientais da Religião Popular Portuguesa”. Terão muitas surpresas.

 

Consta que o Pai Natal vive na Lapónia, rodeado de neve, usa um trenó puxado por renas e tem como profissão distribuir brinquedos às crianças na noite de 24 de Dezembro.

Isto é conhecido, mas como apareceu esta simpática figura?

Desde os tempos mais remotos, à aproximação do solstício de inverno, celebravam-se festas com rituais muito particulares. Entre elas, no centro da Europa, era comum usar uma máscara de um velho, que representava a sabedoria. Na Inglaterra, até ao séc. XVII, permaneceu este costume, uma máscara de velho chamado Natal, com uma longa barba, conduzia um cortejo.

Em França há notícias deste Natal em textos do séc. XIII até ao séc. XVII.

Nos países nórdicos conta uma lenda que o Rei Hellequin, símbolo das festas que se realizavam em  Dezembro, quando a luz desaparecia durante o inverno frio e rude que se instalava por vários meses, alimentando as superstições, fazia uma grande barulheira para afugentar os maus espíritos. Essas festas chamavam-se “charivari”.

No país dos Vikings, por essa altura do ano, alguém se disfarçava com uma grande capa e fazia uma ronda por todas as casas para saber se tudo ia bem e distribuía guloseimas às crianças, em representação do Rei Odin.

Em 270 DC vivia no deserto um eremita de nome Nicolau, tendo por regras a obediência e a renúncia à sua própria vontade. O Imperador Constantino nomeou São Nicolau bispo para combater as crenças e heresias pagãs, expandindo a ideia que nos salvamos da morte graças à nossa alma. Contam-se inúmeros milagres e histórias deste santo que veio a ser o patrono dos marinheiros, dos pescadores e do Império Russo. Morre em Dezembro de 326. O culto deste santo espalhou-se por todo o Império Bizantino e foi progressivamente substituindo as festas do solstício. Os cruzados trouxeram o conhecimento desta figura para a Europa.

Na Idade Média o cristianismo expandia-se rapidamente e a Igreja passou a condenar as mascaradas pagãs. Muitas populações, designadamente na Europa Central, continuaram fiéis às suas tradições e a Igreja, para não perder o pé, integrou estas manifestações no seu próprio calendário dando-lhes nomes cristãos como o São Martinho em Novembro ou Santa Lúcia e São Nicolau para os cortejos de Dezembro.

Ainda hoje em vários países europeus o dia de São Nicolau (6 de Dezembro), é o mais festejado, as festas dedicadas às crianças são feitas no seu dia. A coabitação entre os dois nem sempre foi pacífica, por exemplo um Arcebispo de Toulouse lançou um anátema ao Pai Natal; um alcaide de S. Sebastião expulsou-o do território, e até o Secretário-Geral da ONU, Dag Hammarskjöld, o criticou. Foi queimado com a acusação de paganizar a quadra etc.                                                                                                                         No sul da Alemanha uma lenda conta que o velho Weihnachtsmann passa todo o ano numa gruta da montanha. Todas as noites um simpático anãozinho monta a guarda à entrada da gruta e ao fim de 360 vigílias o último anão grita “ o Natal está a chegar!”. Então o velho desperta da sua hibernação e começa a preparar os presentes para as crianças que se portaram bem.

Os anões representam os espíritos dos antepassados que vivem debaixo da terra, estão nesta mitologia para além do império da morte. Quem percorre estas regiões encontra os anões na maioria dos espaços ajardinados em frente das casas, ou à janela, guardam as casas e dão sorte e felicidade.

Os europeus levaram Weihnachtsmann, o Bonhomme Noël, o Father Christmas, o Sint-Niklaas etc., para o continente americano. Em 1822, Clément Clark Moore, professor de teologia, escreve uma poesia na qual elogia as duas figuras (Pai Natal e São Nicolau), e refere que não vivem numa floresta da Europa central mas sim junto ao Pólo Norte, na companhia da sua corte de anõezinhos e viajavam num trenó puxado por renas.

A imagem do actual Pai Natal surge em 1862 pela mão do ilustrador alemão Thomas Nast, inspirado no poema de Clark Moore, tendo como referência o Knecht Ruprecht da sua infância bávara. Foi a Coca-Cola que em 1931 popularizou o Pai Natal na sua publicidade. Após a II Guerra Mundial a personagem mítica das velhas tradições europeias com a sua túnica vermelha, o barrete e a barba, conquistou pacificamente o Mundo. Ainda não se falava em globalização.

Na Rússia existe uma lenda na qual o Pai Natal seria o 4º Rei Mago. Perdida a esperança de encontrar o menino Jesus, anda pela estepe com o seu trenó distribuindo os presentes a todas as crianças que encontra no seu caminho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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