Uma Europa
Sustentável – o grande desafio das próximas eleições europeias
É hora de os
líderes políticos europeus perceberem que um futuro sustentável para todos só é
possível num planeta onde a natureza prospera.
22 de
Novembro de 2018 Ângela Morgado
Os resultados das próximas eleições para
a União Europeia (UE) irão afetar o modo de vida dos cidadãos europeus, e de
todos os portugueses, nos próximos anos.
Os candidatos e futuros líderes da UE devem colocar o bem-estar das pessoas
no centro das suas reflexões e das suas ações. Um pacto político assente num
conjunto de objetivos e ações sobre alterações climáticas, proteção da natureza
e desenvolvimento sustentável, a ser levado a cabo nos próximos cinco anos, é o
que se impõe para preservar o bem-estar das pessoas na Europa.
Tais objetivos e ações representariam um reforço da segurança, melhorias na
saúde e mais empregos para os europeus e aumentariam a competitividade
económica, contribuindo para uma Europa globalmente forte e respeitada.
Amplos setores da comunidade europeia estão preocupados com a segurança e o
desemprego, mas não podem esquecer que os cidadãos estão apreensivos com o
impacto crescente das alterações climáticas e da degradação ambiental –
desafios que estão intimamente relacionados com a estabilidade e segurança
futura das nossas sociedades.
Os últimos dados disponíveis sobre o estado de saúde do Planeta (edição
2018 do Relatório Planeta Vivo da WWF) revelam que a vida
selvagem diminuiu drasticamente desde 1970. As estatísticas são assustadoras e
mostram que as populações globais de peixes, aves, mamíferos, anfíbios e
répteis diminuíram em média 60% entre 1970 e 2014. As principais ameaças às
espécies estão diretamente ligadas às atividades humanas, incluindo perda e
degradação de habitats e sobreexploração da vida selvagem. A
humanidade, em geral, continua a exercer uma pressão sem precedentes sobre a
natureza contribuindo para a sua perda acelerada.
É hora de os líderes políticos europeus perceberem que um futuro saudável e
sustentável para todos só é possível num planeta onde a natureza prospera e
florestas, oceanos e rios estão cheios de biodiversidade e vida.
Combater as alterações climáticas e conter a degradação ambiental são
requisitos base para se construir uma Europa verdadeiramente estável, mais
segura, mais competitiva e com mais influência no panorama global. Só
protegendo a natureza, que é a base da vida humana, poderemos ter uma Europa
criadora de empregos a longo prazo e economicamente próspera e que defende o
bem-estar dos seus cidadãos.
Para conduzir esta transição sustentável da Europa, os cidadãos precisam de
líderes políticos com visão e determinação, capazes de romper com o pensamento,
a forma de agir e com as respostas políticas habituais. Caso contrário, a
Europa arrisca-se a perder a sua relevância num mundo cada vez mais volátil,
incerto, complexo e ambíguo que se debate com as ameaças impostas pelas
alterações climáticas, pela degradação ambiental e pelas perdas naturais.
de lançar o seu Manifesto para a Sustentabilidade na Europa, propondo
aos políticos que se empenhem numa transição sustentável que deve ser feita
agora, sem hesitações, para salvaguardar rios livres e água de qualidade,
florestas e ecossistemas saudáveis e paisagens naturais inspiradoras. Precisamos
de criar um novo caminho que nos permita coexistir de forma sustentável com a
natureza, da qual dependemos, e esse deve ser o grande desafio e a grande
responsabilidade dos líderes políticos nacionais e europeus.
A autora escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
Directora executiva da Associação Natureza Portugal, em associação com a
WWF
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