Frotis : aplicação irregular de uma cor opaca ou
semi-opaca sobre uma outra já seca , modificando o nível óptico ( nuvens , fumo
, nevoeiro , vegetação etc...) . Também se pode usar um trapo embebido na tinta para dar a
sensação de folhagem .
Blaireautage : aplicação com pinceladas irregulares deixando
aparecer a sub-camada . O pincel com pintura espessa aplicada sobre o seco ,
ligeiramente , não misturando as pinceladas , pressionando os pelos ( terrenos
, certas folhagens ).
Pontilhado : toques vigorosos dados verticalmente com pincel de
decoração ou uma esponja . A pressão regula o pontilhado ( folhas das árvores ,
efeitos de mármore , madeira etc... ).
Projecção : projectar a tinta com uma escova ( para folhagens
, areias etc... ) .
Raspagem : com o cabo
do pincel ou outro instrumento para fazer aparecer a sub-camada ( troncos de
vegetação , cabêlos , ramos de árvores etc... ) .
Glacis : o primeiro a usar a velatura foi Van Eyck no séc.
XV ; é uma camada transparente dada bem diluída com um médio próprio sobre
outra cor seca com pincel suave para não deixar traços , para alisar . O glacis
deve ser sempre mais claro que a outra cor . As cores opacas não servem
para este fim . É uma velatura que serve de filtro para harmonizar uma
tela,para efeitos ópticos , para sombrear , para dar efeitos de água , para
esbater e suavizar etc... As lacas como por ex . a laca de garanza dão
excelentes glacis , mas nunca as misturar com branco pois empalidecem e desaparecem . O cobalto , o
prússia , os óxidos vermelho e amarelo são bons para as velaturas . O glacis pode ser magro
ou não , acetinado , brilhante ou mate , tudo depende da quantidade de óleo
usada mas em pricípio o pigmento é pouco , o normal é 45 % de óleo ou verniz ,
45% de terebentina e 10 % de sicativo ( depende da oleosidade da cor ).
Para os magros usar copal
ou goma Dammar .
Empastar : engrossar a cor com um médio
ou produto apropriado . Geralmente pinta-se com um pincel de seda de porco .Colocado em pequenas
pinceladas fazem vibrar a luz,
O empastar dá relevo e
faz ressaltar os elementos do primeiro plano . Técnica usada para muros ,
montanhas etc ...
Pontilhismo : pintar em pequenos toques de pintura pura , opaca
, com pincel redondo . Técnica usada por impressionistas para dar efeitos
ópticos , ex. colocar duas primárias lado a lado para o olho as juntar na cor
resultante .
Frais sur frais : sobre uma primeira cor dar de seguida com pincel
redondo uma segunda , mais clara , para as misturar . Serve para fundir , criar
céus com nuvens etc...
Tonking : método que consiste em esfregar papel de jornal
com um ligeiro movimento da palma da mão sobre uma superfície fresca para obter
efeitos ao acaso ou atenuar contornos .
Fundidos : técnica
que serve para graduar a passagem de uma cor para outra , para as esbater ou
fundir gradualmente . Usar pincéis brandos ou de leque para fundir . Pode-se
colocar uma cor ao lado uma da outra ou com ligeira separação e depois fundir .
Técnica usada pelos retratistas , para céus , nuvens , para sombras etc ... Os
dedos são uma excelente ferramenta para fundir cores .
A Carne – não existe uma
cor própria para a carne , depende do conjunto da obra . Os amtigos tinham um
método : pintavam a carne em último lugar . A base era uma ou duas capas de
terra verde e branco , depois aplicavam duas capas de velaturas de cores diferentes sem ocultar a
base .
Outra forma é a de
aplicar as pinceladas de cores diferentes umas junto às outras e depois fundir
ligeiramente .
As sombras da carne
feitas com azul e cinzentos ou as complementares , cores frias . Os contornos
repassados com sombras diluídas e as tintas ainda húmidas .
Brilhos – normalmente é o
branco e o amarelo . O brilho tanto pode ser suave como espesso . O brilho das
ondas é muitas vezes dado com espátula .
Recordar que o brilho é o ponto mais intenso da luz . Quanto mais escuro ao
redor mais intenso parece ser o brilho .
Na natueza os brancos
raramente são puros e as outras cores também .
FUNDOS
A forma clássica de trabalhar era partir do escuro para o
claro . Primeiro o fundo , depois o primeiro plano . Começar com pintura
diluída ( rebaixada ) , terminar com velaturas .
Como o óleo tende a ficar
transparente com o tempo os fundos escuros têm a vantagem de se fundirem e
integrarem com o resto . Inconveniente deste método é prejudicar as sombras e
os meio-tons .
As bases ou fundos claros
oferecem mais vantagens mas são mais complicados para se trabalhar sobre eles .
Quando trabalhavam do claro para o escuro e do opaco para o transparente usavam
o glacis como filtros .Usual reforçar os
contornos com sombras castanho , fluídas , com pincelada suave , e os volumes
usando o claro escuro em paralelo , fundidos em húmido .
O primeiro plano com
pintura espessa e rebaixada nos planos de fundo para dar sensação de maior
profundidade . Para dar transparência às cores opacas diluiam estas em óleo e
terebentina . Usavam o contraste das cores quentes e frias para as formas .
Fundos : os fundos são de grande importância e eram fruto
de muita atenção . Uma das técnicas era usar
gesso , ocres avermelhados e castanhos escuros com espátula .
As zonas claras eram
delimitadas desde o início . Espesso sobre espesso . Davam também várias capas
de gesso , sombra e carvão .
Outros criavam os fundos
com castanhos claros e escuros aplicados irregularmente . Era também usual fundos rosas , esverdeados , vermelhos
, escuros quentes e brancos azulados ou esverdeados .
FINALIZAÇÃO / ENVERNIZAR
Quer a pintura a óleo
quer a pintura a acrílica deve ser envernizada para sua defesa e preservação .
O verniz protege as obras da poeira , das impurezas e da humidade . O acrílico
pode ser envernizado práticamente após ter sido finalizado . O óleo nunca antes
de um ano ( depende do clima ) . Na verdade o óleo não seca , oxida .
Desde que o óleo esteja
seco pode levar uma capa de verniz de retoucher
para protejer até ao envernizamento final .Este verniz permite , caso se
queira retrabalhar a pintura .
O verniz final deve
depender do que queremos para a pintura , pode ser brilhante , mate ou
acetinado . O verniz final pode ser reversível ou irreversível . O reversível ,
como o nome indica permite retrabalhar a obra .O verniz deve ser estável,não
sofrer alterações com a luz ou o escuro.O ideal é dar uma camada de brilhante
sobre outra mate,equivale ao “gras sur maigre”.
Pode-se dar várias
camadas de verniz e alternálas , por ex. brilhante e depois mate etc...
O verniz final deve ser
dado numa sala sem poeira , sem humidade e a pintura deve ser préviamente limpa
da poeira com terebentina . Quer se use o pincel ou o aérosol a tela deve estar
na horizontal e começar de cima para baixo e da direita para a esquerda .
Alguns pintores , quando
envernizam a pincel , aquecem a tela dos dois lados e aplicam o verniz com um
pincel aquecido , macio e largo , para libertar a humidade que esteja
condensada para não turvar o verniz . O recipiente do verniz deve ser pouco
profundo e largo .
Existem vernizes no
comércio usados na pintura , em substituição do óleo e da terebentina . Muitos
pintores preferem esta técnica . Para este fim existem vernizes magros e
oleosos , os primeiros à base de essências e de resinas suaves ou semi-duras ( goma Dammar , copal de Angola , mastic)
; os segundos à base de óleos polimerisados e de resinas duras . Existem ainda
os mistos , compostos por óleo e essências .
Para utilisar o verniz
deve-se conhecer bem o produto , a sua consistência , as propriedades e tempo
de secagem ( vai dos 30 m a 24 h ) . Estes vernizes vão agir como sicativos
acelerando o tempo de secagem , pelo que todo o cuidado é pouco . Respeitar
aqui a regra do gras sur maigre nunca utilizando um magro sobre um
oleoso .
Os vernizes existem
também em aérosol .
O âmbar amarelo líquido é
considerado o melhor dos vernizes mas é muito caro . A Blockx comercializa este
produto que serve tanto para pintar como envernizar . Caso a tela tenha sido
pintada com âmbar não necessita de verniz final . Para pintar diluir uma gota
de âmbar em cinco de óleo de linho para a primeira passagem e aumentando
progressivamente o âmbar nas seguintes . NOTAS
Os tubos de pintura
contêm já óleo de cravo , de papoila ou
linho pelo que não se deve utilizar em grandes quantidades o óleo de linho ( o
mais usual ) , para não prolongar o tempo de secagem .
Há quem coloque o óleo
saído do tubo sobre papel ou outro suporte absorvente para assim retirar o
excesso de óleo .
Para reduzir o tempo de
secagem usa-se a terebentina rectificada ou um médio secativo, por exemplo o de Harlem ou o flamengo . Outros utilizam
um verniz líquido SOLVENTES
Os solventes podem ser
vegetais ou minerais . A terebentina extraída dos pinheiros marítimos é o
solvente mais utilizado . Para pintar usar só a rectificada , a normal serve
para limpar os pincéis mas atenção à qualidade desta para não os danificar .
A terebentina deve ser
guardada em frascos ou recipientes herméticos à luz e ao ar e devem estar
sempre cheios ( utilizar berlindes , por ex. ) .
O white sprit é um
solvente mineral , não tão bom para pintar como a terebentina mas excelente
para limpar os pincéis .
A essência d’aspic
dá um tom mate às cores mas se conserva melhor do que a terebentina .
A essência de
lavanda é pouco volátil e é apreciada na
execução final .
A essência de petróleo (
mineral ) torna as cores mate . O petróleo normal limpa bem os pincéis e é
barato . As essências diluem bem a pasta para empastar .
MÉDIOS
Os médiums ou
diluentes são geralmente óleos que favorecem a coesão e a homonegeidade das
cores assim que a sua adesão à tela . Os
médios permitem modificar as propriedades das cores saídas do tubo , a sua
consistência , brilho , textura e tempo de secagem .
Os médios podem ser
magros ou gordos (oleosos).Os primeiros são mais apropriados para misturar com
as cores na paleta.Elaborados à base de resinas moles,tipo Dammar, impedem os
“embu”.Exs.: Vibert de L&B,Painting Medium da Talens,Médium à Peindre da
Blockx etc...Podem ser alongados com terebentina,petróleo,cravo etc...
Os gordos constituídos à
base de resinas duras e Copal devem ser misturados às tintas com
moderação.Avivam as cores e as protegem bem,com durabilidade.Podem ser diluídos
com terebentina e linho.
Nada impede de aplicar
directamente a tinta do tubo mas se tal não oferece dificuldade com a espátula
torna-se mais difícil com o pincel .
LINHO : é o óleo vegetal mais utilizado , seca bem sem perigo de estalar ,
dá fluidez e brilho às cores , mistura-as bem e junto com a terebentina dá um
excelente médium . Único senão é que amarela com o tempo .Usar o rectificado
ou refinado que amarela menos . O Standolie ou óleo holandês é um linho
polimerisado ,usado em partes iguais com terebentina dá bons clacis .O
óleo de linho cozido dá uma pasta rica e transparente, luminosa , boa para as
velaturas ; seca lentamente pelo que se pode juntar um pouco de sicativo . O
linho negro ajuda a secagem em profundidade sem risco de estalar . Van Dyck
utilizava para as velaturas 50% de óleo negro e 50% de verniz cristal de mastic
puro que dá um aspecto profundo e
transparente , seca rápido de forma homogénea protegendo bem as cores . Óptimo
para trabalhos que exijam finura , delicadeza e detalhe . A firma L&B
comercializa estes produtos .
CRAVO : é um excelente
médio que práticamente não amarela mas leva mais tempo a secar . Excelente para
usar com cores claras . Bom para pintar a fresco , alla prima .
Menos oleoso que o linho .
CÁRTAMO : as mesmas
características e qualidades do cravo .
NOZ : não amarela mas de
secagem lenta . Cria ranço .
PAPOILA : seca lentamente
.
Existem muitos médios no
mercado para os mais diversos fins . Alguns ex. :
Empastar – o gel
oleopasto , os médios para empastar da Talens ,W & N , Maimeri , Pébéo e
outros ;
Retocar – as principais
marcas comercializam este médio à retoucher . É usado quando a pintura
está manchada/enlameada , serve para aplicar só sobre essa parte quando seca e
raspada , afim de eliminar essas deficiências geralmente resultantes do não
respeito do gras sur maigre,depois pode-se retocar a pintura.Serve para
envernizar provisóriamente uma pintura
antes de se poder dar o verniz final ;
Flamengo – acentua o
brilho e a transparência , acelera o tempo de secagem ;
Veneziano – bom para as
pastas consistentes e mates ;
A regra de utilização
adequada dos médios é o tempo , a experiência e o tipo de pintura que se faz
que a vai formulando .
A título indicativo
recomenda-se para a primeira demão 2/3
de óleo e 1/3 de solvente .
A finalizar 4/5 de óleo e
1/5 de solvente . Tudo depende das demãos que se pretendem dar pois o gras
sur maigre impõe que de demão para demão suba gradualmente a percentagem de
óleo .
Se se pretende dar à
pintura um tom óleoso a primeira demão de 50%/50% , a segunda de ¾ óleo e ¼
solvente .
Na primeira passagem a
maioria utiliza só a terebentina , na segunda cinco partes de terebentina e uma
de médio e para as seguintes cada vez mais médio e menos terebentina . A
passagem final sem terebentina .
Para diminuir o tempo de
secagem usam-se secantes mas é perigoso empregar
demasiado secante , a
pintura pode vir a estalar .
Dalí empregava um médio
composto por uma parte de verniz copal e cinco de terebentina bi-rectificada .
CARGAS : matérias que
adicionadas às cores modificam as texturas.Existe uma vasta gama de productos ;
brancos de “meudon”, de Espanha ou de Troyes são cargas leves, assim como
alguns gel.Existem cargas duras ; pó de mármore,areia,serradura etc...
As duras devem ser
préviamente misturadas com branco de zinco e só depois misturar a cor.Às cargas
leves basta juntar préviamente um pouco de gel de empastar.
PINTURA EM MADEIRA
A madeira deve ser
preparada dos dois lados para não arquear e ficar direita . O gesso acrílico e
o caparol ( uma resina vínilica ) , são os materiais mais usados na preparaçao
das madeiras e contraplacados . A madeira deve ser bem lixada ( lixa 0 ) ,
antes de aplicar o gesso ou o caparol . Usa-se também depois de lixada um enduit
de lissage antes do caparol ou do gesso .
Os antigos davam várias
capas de gesso (oito e mais ) e depois lixavam para alisar .Essa espessura
permitia gravar o desenho no gesso com uma ponta metálica . A cor colocada em
cima dava a sensação de relevo , por ex. para as jóias e pregas .
Sobre o gesso por vezes
ainda deitavam seis capas de tinta para o fundo. Era vulgar após o desenho
sobre o gesso dar uma capa de óleo para saturar . A madeira era sempre
preparada e pintada com o grão na vertical .
A madeira mais usada era
a de carvalho.Hoje o contraplacado com um mínimo de 6 mm
é um excelente material para se pintar, pouco sensível à humidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário