terça-feira, 16 de dezembro de 2014

NOTÍCIAS À ESQUERDA 10

 
Quase a um ano de distância das eleições 2015 à esquerda tudo mexe. Apareceu agora o "Podemos" português, radical, com posições muito parecidas com o PCP e o Bloco. Veremos o que dará tudo isto uma vez que todos afirmam querer uma política nova ou uma nova política com corte radical com o Euro, UE, não pagar a dívida, fim da austeridade etc. Querem um polo da esquerda mas tudo fazem nas afirmações produzidas para que tal não se venha a verificar. Divulgo um artigo de Vítor Malheiros que me parece mais sensato e mais viável no caminho proposto para se conseguir
alterações políticas, económicas e sociais que sejam alternativa à situação actual.
 
 
A esquerda não pode perder por falta de comparência
16/12/2014 -
A presença do PS é uma condição necessária para um governo de esquerda. Não por razões ideológicas, mas por razões aritméticas.
Tenho a certeza de que uma maioria significativa dos portugueses deseja que, das próximas eleições legislativas, saia um novo governo que ponha em prática uma política que recuse o modelo austeritário, que defenda os interesses de Portugal na União Europeia e não os interesses dos nossos credores, que seja capaz de encontrar aliados na UE para combater as políticas europeias que põem em causa a democracia, a independência e o desenvolvimento nacional (a começar pelo Tratado Orçamental e pela TTIP-Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento), que combata de forma vigorosa as desigualdades e a pobreza, que promova uma educação e uma saúde de acesso universal, que defenda a ciência e a cultura, que combata os poderes ilegítimos e a corrupção, que promova o emprego e a dignidade do trabalho, que garanta um desenvolvimento social e ambientalmente sustentável, que permita enfim a todos os cidadãos uma vida decente numa sociedade democrática.
Ou seja, uma política que seja diametralmente oposta à política lesa-pátria do actual Governo, de favorecimento do capital financeiro, de submissão generalizada aos poderes estrangeiros, de submissão à vontade dos credores, de empobrecimento generalizado da população, de apropriação e delapidação do património do Estado, de destruição dos serviços públicos, de desprezo pela independência nacional, pela democracia e pelas suas próprias promessas eleitorais.
A política que penso que a maioria do povo português deseja é uma política de esquerda, feita em nome de todos os portugueses para servir todos os portugueses e não uma política desenhada para servir grupos de oligarcas, na esperança de vir um dia a integrar as suas fileiras, como aquela que hoje, para nossa tristeza e sua vergonha, os nossos governantes levam a cabo.
Quando se faz um retrato deste tipo, daquilo que seria uma política desejável, é frequente que apareça alguém que nos diz: “Mas isso não é característico de uma política de esquerda. Eu sou de direita e também quero tudo isso!” E, de facto, não é importante o que lhe chamemos. No entanto, o facto é que uma política de combate activo às desigualdades, de erradicação da pobreza, de universalidade de acesso à Saúde e à Educação sem entraves de classe social ou económica, de defesa dos serviços públicos, de combate aos privilégios, de defesa do trabalho e de combate ao poder ilegítimo do capital financeiro é uma política que possui as características de uma política de esquerda.
A grande questão é: com quem se pode contar para pôr em prática essa política?
Em Portugal, os movimentos que têm surgido tendo como ideia central a convergência da esquerda para a construção de um governo de esquerda – em contraponto a uma esquerda instalada no protesto – têm sido acusados de pretender “aproximar-se” do PS apenas para conseguir aceder ao poder. A acusação é por vezes apenas difamatória, outras vezes será uma crítica política séria. A questão é que o PS, a posição do PS, as políticas que o PS irá defender e as que quererá pôr em prática se chegar ao governo são uma questão central para todos nós e, em particular, para todos os que têm urgência de ver uma governação à esquerda. É evidente, e sabemo-lo todos, que a presença do PS no governo está longe de ser uma condição suficiente para uma política de esquerda. Ainda que tenha tomado posições importantes na defesa do Estado social, o PS tem governado à direita e, por vezes, escandalosamente à direita. Mas a presença do PS é uma condição necessária para um governo de esquerda. Não por razões ideológicas, mas por razões aritméticas. Não para fazer do governo um governo de esquerda, mas para fazer da esquerda uma esquerda no governo.
Não se trata de aderir ao PS para o “mudar por dentro”, como tantos no passado anunciaram querer fazer sem êxito (curiosamente, em geral para saírem pela direita do PS), mas de criar um lastro à sua esquerda que produza não só políticas de esquerda viáveis, mas passíveis de recolher o apoio parlamentar necessário. Como partido ideologicamente híbrido que é, o PS vive ele próprio sob a assombração das maldições da direita: a inevitabilidade da austeridade, a imutabilidade das políticas europeias, a invencibilidade do capital financeiro, a impossibilidade de reformar de forma radical a sociedade e a política. E uma das razões que apresenta para o seu “there is (almost) no alternative” é o seu receio de que não exista apoio social e político suficiente para ser algo diferente. É essa dúvida que, quer no plano do apoio social, quer no plano da construção programática, é preciso afastar. É possível uma política de esquerda viável, realista, justa e com amplo apoio social. É este o desafio ao qual a esquerda à esquerda do PS tem de responder e o desafio que tem de lançar ao PS. Se o PS quiser escolher a direita para parceiro de governo ou compère parlamentar que o faça, mas que não diga que foi por falta de comparência que não foi possível governar à esquerda.
jvmalheiros@gmail.com
 
 
 

sábado, 13 de dezembro de 2014

NOTÍCIAS À ESQUERDA 9



NOTÍCIAS À ESQUERDA   9


A sondagem revelada hoje, 12/12/14, demonstra bem o problema político nacional e as próximas eleições para a AR certamente não andarão muito longe deste resultado.
E depois?, voltamos sempre à mesma, no conjunto a esquerda tem a maioria mas a alternativa não se concretiza e a alternância no poder continua com políticas semelhantes.
A listagem abaixo é elucidativa e evidencia que as esquerdas somadas em 13 eleições só por três vezes tiveram menos de 50%.


Significativo é o facto da direita em conjunto ter menos que o PS, mas este não chega com 37,5% à maioria absoluta, pela qual se irá bater para não ficar dependente de alianças e compromissos para formar governo.
Outro dado significativo é verificar que numa situação política e social tão dramática e negra a esquerda não PS não tira partido da situação, até enfraquece face à queda do Bloco em desagregação e que corre o risco de desaparecer. Continuará como esquerda de protesto, o que também é necessário, mas sem peso para forçar a concretização de uma política económica e social alternativa.
Entretanto o país vai sendo destruído e vendido (resta a TAP e a CGD ), o SNS e a escola pública em delapidação, as pensões  e salários encolhem, a emigração como saída para os jovens, a austeridade que continua com a dívida voraz e sem fundo que nunca se paga e serve de pretexto para o governo mais reaccionário que tivemos em democracia ( a qual também se degrada pela corrupção e autoritarismo ), fomentar o trabalho sem dignidade e sem direitos.
Que fazer? Estamos condenados a continuar assim, sem esperança nem perspectiva de real mudança?

Por isso pensamos que é