sábado, 21 de março de 2015

O quadro de Botticelli que alegoricamente representa a Primavera, o dia perfeito em que o equinócio nos dá a noite e o dia iguais, representa o renovar da Natureza e, digo eu, o renovar da Esperança aos Homens. Como dizia Camões :     
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades
Dia também da Árvore e da Poesia, nada melhor que acompanhar a data também com boa música e para tal nada melhor que ouvir Vivaldi e a sua composição sobre a Primavera.
A divisa que mais gosto e creio ser verdadeira e precisa  é : só a mudança é permanente !
Regressando a coisas mais prosaicas sinto que a nossa primavera política está a chegar e que a mudança para uma verdadeira alternativa é possível mas..., para tal, vai ser importante que para fins de Setembro ou Outubro, altura das eleições para a Assembleia da República, o voto dos portugueses dê corpo a esta esperança.
Mas..., não só aqui mas por toda a Europa o descontentamento com as políticas da austeridade que infernizam a vida dos mais frágeis na sociedade e dos partidos que as aplicam levam os cidadãos a quererem intervir e procurar outras formas de participação política, desiludidos com os partidos tradicionais que no seu entender são o problema mas não a solução.
Se os resultados eleitorais derem novamente a maioria à direita temos o prolongamento desta situação por mais quatro anos com as desigualdades e a injustiça social a crescerem. Não nos admiremos e basta olhar para o que se está a passar neste momento na Madeira, onde apesar da desastrosa gestão do PSD/Jardim e da colossal dívida da região o PSD é capaz de ganhar de novo. Se for o PS o mais votado mas não com maioria absoluta, coisa com probabilidade de acontecer, continuaremos a não ter alternativa pois não acreditamos que o PS venha a fazer qualquer tipo de acordo com o PCP ou o Bloco quer por vontade própria quer por desinteresse dos outros. Teremos mais uma vez o "Centrão", e as suas nefastas consequências sociais.
Há 39 anos que é assim, como sair deste bloqueio? Na minha opinião só introduzindo novos actores no quadro político-partidário que pressionem e condicionem tal fatalismo. O momento é demasiado grave para cruzar os braços e, apesar da idade, volto a mergulhar na actividade política e dar uma mãozinha ao                                         
 
Sei que não vão faltar as piadas habituais, mais um que quer tacho, quer que o PS lhe dê um lugar e outras pobrezas de análise política semelhantes. Outros que sou romântico ou ingénuo e por aí fora. Sair do conforto da mesa do café é sempre arriscado e faz confrontar os outros com a sua própria passividade, ou indiferença, ou conivência, ou mais grave, desistência e descrença na sociedade.