sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015




*Este domingo, 15 de Fevereiro, em Faro, o povo grego vai exigir que os seus
direitos de liberdade, democracia, justiça, igualdade e dignidade - valores
incondicionais de uma Europa civilizada - sejam respeitados.*
  *Faro junta-se ao movimento internacional de apoio.*
*Será um primeiro momento de solidariedade numa luta crucial que diz
respeito a tod@s A luta do povo grego é a nossa luta. *

  *APARECE A PARTIR DAS 15H NO JARDIM MANUEL BÍVAR E FAZ OUVIR A TUA VOZ!*

   *Divulga esta concentração


Por concordar com o essencial deste artigo o divulgo.

Para mudar as políticas é preciso mudar a política também

Opinião

Para mudar as políticas é preciso mudar a política também

Por André Barata

11/02/2015

Estas serão eleições primárias duas vezes abertas – abertas para quem elege e abertas para quem se propõe ser eleito.

Somos um país de múltiplas exclusões e de profundas desigualdades. Quer se trate da distribuição de rendimentos, do acesso às oportunidades, à Justiça, ao próprio espaço público, há sempre um traço distintivo que nos caracteriza: Portugal não é para todos.

Também politicamente, apesar da democracia, Portugal não é para todos, faltando à maioria dos cidadãos oportunidades e poderes de participação pública. Um país assim, tão coarctado da grande maioria da sua sociedade, não chega nunca a ser toda a sua força: económica, social e politicamente. 

No final de Janeiro foi lançada, pela primeira vez no nosso país, uma candidatura cidadã às eleições legislativas, designada Tempo de Avançar. Uma candidatura que não é de um partido ou de uma coligação, com mais ou menos independentes na lapela, mas sim uma candidatura inclusiva, em que alguns milhares de cidadãos, associações políticas (Fórum Manifesto, Renovação Comunista, Movimento Intervenção e Cidadania) e um partido (o Livre) avançam juntos, de igual para igual, interdependentes na sua independência. A lei eleitoral prescreve que apenas partidos políticos podem apresentar-se a eleições legislativas, mas nada impede que um partido disponibilize a sua inscrição no Tribunal Constitucional a um movimento político de mobilização cidadã com o objetivo urgente de mudar a governação.

Noutros países – Grécia e Espanha em especial – este objetivo já começa cumprir-se. Mas em Portugal o objetivo de mudar a governação e as políticas de austeridade exige uma mudança na maneira de fazer política. Não mais a política como o exclusivo de alguns, mas a política como uma prática de inclusão, de chamada e capacitação decisória dos cidadãos. Em Portugal, aquilo que verdadeiramente estrangula a sociedade do ponto de vista da sua capacidade política é, acima de tudo, o facto de a política permanecer apoderada por uma minoria e dedicada a uma minoria. 

Para romper este bloqueio, a candidatura cidadã Tempo de Avançar iniciará um processo de eleições primárias para a escolha de candidatos às eleições legislativas deste ano.

Serão não apenas eleições primárias, mas primárias abertas: em que todos os cidadãos que se identificam com os propósitos da candidatura comporão o universo eleitoral. E em que qualquer cidadão que manifeste a sua concordância com os príncípios e linhas programáticas do movimento pode ser candidato a integrar as listas do Tempo de Avançar. 

Estas serão eleições primárias duas vezes abertas – abertas para quem elege e abertas para quem se propõe ser eleito. Esta é a chamada de cidadãos que pode contribuir, com a sua inclusividade, para devolver politicamente o país a todos nós. E é a capacitação de cidadãos que pode contribuir para devolver credibilidade à participação política. Nós, cidadãos, acreditamos nos processos que acreditam em nós. Confiamos nos processos que confiam em nós.

Serão eleições primárias em que os subscritores de cada círculo eleitoral determinarão quais os candidatos do movimento por esse círculo eleitoral. Corta-se assim de raiz o pára-quedismo sem escrutínio democrático de candidatos em distritos que nada lhes dizem. Conseguem estas eleições, pois, o que os círculos uninominais conseguiriam, mas sem os vícios que a criação desses círculos traria à vida política portuguesa, caso viessem a ser implementados.

E serão eleições primárias pelas quais terão de passar quaisquer candidatos da candidatura cidadã Tempo de Avançar, por notórios ou notáveis que sejam. Muito diferentes são as eleições primárias que a direcção do PS decidiu autorizar às suas federações regionais para escolherem os respectivos candidatos às legislativas. Aí, o que teremos é que cada federação regional optará por fazer, ou não, primárias, podendo muito bem acontecer que a grande maioria das federações opte por não as fazer. O exemplo, aliás, deveria vir de cima. Os candidatos indicados pela direcção nacional – e que tendem a coincidir com os elegíveis – é que não deveriam poder ser admitidos sem antes se submeterem a uma eleição primária. Se o mais evidente mérito político das primárias está em não deixar ao critério de uma direcção o exclusivo da escolha dos cidadãos que integrarão listas candidatas à Assembleia da República, como sucede, por regra, nos partidos, então é claro que o PS continua a não fugir à regra. Não basta autorizar primárias, é preciso fazê-las.

Portugal precisa de outras políticas e para as alcançar precisa de outra maneira de fazer política, que faça da inclusão, da chamada e da capacitação de cidadãos a chave para uma democracia mais forte, mas também a imagem do país que queremos – um país que é para todos, um país nosso, de todos para todos.

Promotor da candidatura cidadã Tempo de Avançar, membro do grupo de contacto do Livre
 

 

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

FILOSOFANDO SOBRE TELHADOS

 
 

TELHADOS DE VIDRO

 

Frequentemente nos deparamos com esta expressão em política que, traduzindo, significa que não se pode criticar ou denunciar uma irregularidade ou qualquer outra violação da lei praticada por um partido ou pessoa politicamente responsável por, em tempo anterior, ter o nosso partido ou algum dos seus membros praticado acto ou acção semelhante.

Esta forma de pensar e ver o problema é, em si própria, uma perversão e um veneno da democracia.

Em lugar de se combater o que está errado pactua-se com ele, fecha-se os olhos a práticas condenáveis, passa a ser encarado como normal o que deveria ser excepção, permite-se o crime demitindo-nos de defender a transparência democrática dos órgãos do poder.

Com tal mentalidade na nossa casa partidária se alguém praticou um crime pactuamos com ele, em lugar de o combater esconde-se o acto e, mais grave, continua-se a promover e a proteger o infractor porque é “nosso”.

Desiste-se de sermos um exemplo democrático quer para os nossos militantes quer para os outros partidos e a sociedade. Há organizações partidárias que aos olhos da generalidade das pessoas mais parecem um “gang”, rodeado de gente paga com favores imerecidos para garantir clientela.

Não admira que partidos minados por dentro como estão prometam tudo e o seu contrário para se manterem no poder, sem intenção de respeitarem os compromissos que proclamam aos eleitores, só se recordando da existência dos seus militantes  para uso como tropa de choque nos actos eleitorais.

Por toda a Europa assistimos a uma vaga de contestação aos partidos tradicionais, ao nascimento de novas organizações políticas que exigem coerência entre o que se diz e o que se faz. Abrem-se janelas que provocam correntes de ar que afastam maus cheiros políticos, arejam o ambiente e criam esperança.

Oxalá consigam implantar-se.