domingo, 31 de julho de 2011

CORRUPÇÃO E CAMPOS DE GOLFE

No meio das notícias mais importantes ou sensacionais nem sempre reparamos nas outras, pequenas, escondidas, envergonhadas no fundo de uma página, mas mais elucidativas sobre nós do que as grandes parangonas.
Ficamos a saber que prescreveu um processo de corrupção contra a Câmara Municipal de Portimão, vindo dos anos 90, após as habituais peripécias de recursos e expedientes.
O tema é o mesmo de sempre: dirigentes e técnicos da autarquia facilitavam a aprovação de projectos de construção a troco de dinheiro.
Nestes como noutros casos semelhantes perguntamos a nós próprios como é possível que tais coisas sejam tão vulgares em democracia. Partindo do princípio que nem todos os eleitos se deixam corromper,e de que muitos técnicos e funcionários são gente de bem, como podem ser aprovados sem protesto ou indignação tais projectos? Ninguém dá por nada nas Assembleias Municipais? Dá para pensar.
Outra notícia, que os responsáveis políticos  têm a obrigação de conhecer, refere que dos 41 campos de golfe do Algarve só um, o campo dos Salgados, é regado com águas residuais tratadas, cumprindo a lei.
As águas provenientes das estações de tratamento de águas residuais, na esmagadora maioria dos casos, não são aproveitadas e são lançadas em ribeiras etc., quando podiam ter aproveitamento para regas agrícolas, jardins, lavagens de ruas etc.
Das duas notícias citadas resulta uma outra, o não funcionamento da nossa justiça. Num caso prescreve e no outro está ausente por omissão.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

OS MAIS RICOS CADA VEZ MAIS RICOS

(http://economia.publico.pt/Noticia/os-25-mais-ricos-de-portugal-aumentaram-fortunas-para-174-mil-milhoes_1505014).
CLIQUE E APARECE A HIPERLIGAÇÃO. CLIQUE NA HIPERLIGAÇÃO E ACEDE  À NOTÍCIA.

Curioso que em tempos de crise as maiores fortunas portuguesas aumentaram 17,4 mil milhões de euros, mais do que o défice público que é pouco mais de 13 mil milhões.
Quanto pagam de impostos por isso?

quarta-feira, 27 de julho de 2011

EXTREMISMOS

Tudo anda mais ligado do que parece. Estamos a referirmos ao que se passou em Oslo e o que se está a passar em Washington.
Na Noruega um fanático que anda agora a ser analisado politicamente, e pela sociologia, a psiquiatria e a psicologia, com ódio religioso profundo aos muçulmanos e aos estrangeiros de cor, assassina não estes, mas num acto terrorista noruegueses de esquerda por serem os responsáveis, segundo ele, pela sociedade multicultural europeia actual.
Para ele o Durão Barroso é um perigoso esquerdista a abater.
O extremismo e terrorismo muçulmano que temos infelizmente conhecido baseia-se nos mesmos "valores", ódio aos cristãos e guerra santa contra a sua influência que, segundo eles, anda a destruir a sociedade islâmica.
Nos EUA encontramos o mesmo fanatismo religioso ligado ao Partido Republicano, nos estados profundos dos USA, no seu conservadorismo, nos extremistas do Tea Party, no racismo que ainda perdura.
Estamos a assistir a um ataque, diria "terrorista", ao Obama, por ser negro, democrata e com família muçulmana. O Partido Republicano quer derrotar Obama a todo o custo, mesmo que isso conduza os EUA a uma situação gravíssima com consequências pesadas para a economia mundial.
Quem diria que no SEC. XXI a religião ainda tivesse tanta influência negativa e dramática na vida dos povos, com  guerras e actos terroristas em nome dos deuses.

terça-feira, 26 de julho de 2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Madeira e a situação social

Nos primeiros seis meses de 2011 já foram devolvidas à banca 3.060 casas, das quais 250 no Algarve.
Ainda estamos no princípio da crise e começam a ser públicamente divulgados números preocupantes, que dão a dimensão dos problemas e do sofrimento das pessoas. O crédito mal parado ultrapassa os 4 mil milhões de euros, isto é a dívida que as famílias e as pessoas já não conseguem pagar. As associações de solidariedade social mal conseguem responder aos pedidos de alimentos. O comércio retrai-se, a venda de carros cai assim como a venda de casas.
Cortam-se salários e pensões, aumentam os impostos, os transportes etc. Se fossem cortados os apoios sociais mais de 40% da população entrava na pobreza extrema. Vamos, infelizmente, assistir ao aumento das dificuldades a nível social, ao aumento das doenças e ao encarecimento dos serviços de saúde, tudo para nosso bem, segundo afirmam os governantes.
Tocar nos dividendos do capital, isso não, precisamos de poupança. Espoliar os pobres para favorecer lucros mais chorudos é o objectivo. Podem dizer o que quiserem, mas os factos provam que é isso que estão a fazer.
Entretanto na Madeira, mais uma vez, Jardim e companhia acham natural acumular ilegalmente vencimentos e pensões, ameaçam os serviços fiscais que reclamam a devolução dessas verbas e, agora, exigem que a Madeira fique com parte do imposto extraordinário, para o estafarem em mais despesismo com os compadrios e o continente que se lixe, que pague a dívida deles.
Acrescente-se que o Director dos Impostos na Madeira foi acusado de crimes de fraude e branqueamento de capitais, recusou divulgar publicamente a lista de devedores ao fisco. O senhor em questão é também membro da Comissão Política do PSD/Madeira. Mais claro e revelador não pode ser.
Começo a pensar que o melhor será mesmo avançar com um referendo para saber se os madeirenses querem mesmo a independência, para acabar de vez com esta chantagem permanente do Srº Jardim e seus "amigos".

sexta-feira, 22 de julho de 2011

COM CENSO E SEM SENSO

Mudam os tempos, chega ao poder o nosso partido, e o que antes era "inadmissível" passa a ser "uma inevitabilidade". Estamos s referirmos à alteração de posição de Macário Correia em relação às portagens na Via do Infante.
Na Madeira Jardim e o seu amigo Jaime Ramos usam uma linguagem imprópria, censurável em qualquer cidadão, quanto mais em responsáveis políticos. Ameaçam, humilham, enchem de impropérios jornalistas e políticos da oposição e tudo fica na mesma. Jardim até é Conselheiro de Estado, mas o PR Cavaco cala e permite que um conselheiro do Estado se comporte desta vergonhosa maneira em democracia. O Presidente do PSD e PM Passos também passa por cima como não tivesse nada a ver com o assunto. Em qualquer país que se leve a sério já Jardim tinha sido expulso e censurado publicamente.
Quem cala consente, diz o ditado.
O Tribunal deu razão à Câmara de VRSA em relação ao terreno frente ao Hotel Vasco da Gama, o qual, segundo o Tribunal pode ser vendido pela autarquia. Contestavam os proprietários do Vasco da Gama a utilização do referido terreno para outro fim do que a construção de um "parque de descanso", fim para o qual fora doado.
Estamos mesmo a ver que o terreno vai ser vendido, as árvores que lá estão abatidas, mais betão em altura vai aparecer na marginal de Monte Gordo. Revela o censo recentemente feito que as casas cresceram o quádruplo da população, em VRSA aumentou mais 43,1%, o que não tem senso. Ganhou a Câmara, mas fico com a impressão que perdemos todos com a douta decisão do Tribunal.
Reforma do mercado do trabalho lhe chamam, mas significa despedir mais depressa e mais barato e depois vais para o desemprego e o próximo trabalho, caso o encontres, será pior pago e com menos direitos.
Pela calada vamos sabendo coisas. Por ex., no primeiro semestre deste ano já arderam 9.447 hectares, contra 3.504 hectares no mesmo período em 2010.
É hábito no verão alguns jornais perguntarem aos turistas quais as suas impressões do país?
Curioso é que nas respostas a maioria estranha a degradação das casas, designadamente dos centros históricos. Causas são várias, mas cultura e património andam sempre ligadas, e dão-se mal com betão e especulação. 

segunda-feira, 11 de julho de 2011

EXEMPLO DE GLOBALIZAÇÃO

Cestinho de figos turcos com amêndoas dos Estados Unidos condicionado em Torres Vedras e vendido como "souvenir" algarvio, comprado por portugueses. Certamente que o cestinho é chinês, o mais certo.
Clique sobre a etiqueta para aumentar e ver melhor.
Para fazer coisas destas estamos endividados até ao tutano.
Destruímos a nossa agricultura e agora participamos no embuste de vender falsas recordações.
Apostar na exportação, diz o Primeiro Ministro, claro, dos automóveis alemães feitos em Portugal e subsidiados por nós com os lucros principais para a Merkel.
Com as actuais políticas estamos reduzidos a ser um entreposto.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

RATINGS E LIXO

A agência de rating Moody´s classificou a dívida portuguesa como lixo. Até Cavaco, que dizia que não se devia criticar os mercados, veio a público criticar a Moody´s.
Logo no momento em que o novo governo se esfalfa para mostrar a sua aplicação e obediência aos interesses dos ditos mercados, mais, até para provar que a sua "determinação" vai muito para além do que a Troika exige, aproveitando a boleia para privatizar sectores estratégicos nacionais.
Isto não se faz! É assim que o capital agradece?
As 3 principais agências de rating americanas, que dominam em 90% este tipo de análise e informação especulativa sobre os países e as empresas, foram elevadas a vacas sagradas para orientação dos mercados pelo neoliberalismo do Reagan.
Regem-se pelos seus próprios critérios, e são estes que contam. A UE, o Banco Central Europeu, o FMI ou o Banco Mundial podem afirmar que este país ou aquele banco estão bem e recomendam-se, mas se os seus índices não se enquadram nos critérios das ditas agências nada feito, estas ignoram olímpicamente as outras opiniões e classificam-nos como muito bem entendem, indiferentes às tragédias que provocam.
O curioso é que estas agências não vivem do ar, impuseram-se de tal maneira que são pagas para semear desgraças. O governo português pagou o ano passado qualquer coisa como 11 milhões de euros, e vários bancos portugueses são seus clientes.
Os governos da UE são coniventes com estas agências, falam muito para esconder precisamente que tais "decretos-lei" promulgados por elas, servem às mil maravilhas os mercados para ir destruindo a sociedade de bem-estar construída após a IIGM.
Em 2008, com o rebentar da crise, surgiram as primeiras declarações de alguns governos e da Comissão Europeia de ameaças entre dentes aos mercados, aos off-shores etc. Estamos a meio de 2011 e onde estão as medidas que correspondessem a tais "bocas"? Nada, tudo como dantes.
Em Dezembro de 2009 foi denunciado pelo Gabinete para a Droga e a Criminalidade da ONU que cerca de 352 biliões de dólares provenientes do lucro da droga, tinham sido injectados e absorvidos pelo sistema económico, salvando bancos do colapso. Dito isto é mais fácil perceber que o crime compensa e os off-shores não serão encerrados, o poder político convive bem com estas actividades criminosas. Caso quisessem era tão fácil fechar os ditos...
O mesmo para as agências de rating, bastava que o Conselho de Ministros das Finanças da UE, o ECOFIN, declarasse que a partir deste momento os 27 da UE deixavam de pagar a estas agências, assim como os bancos centrais, e que as suas "análises" deixavam de ser consideradas, e as ditas ficavam em maus lençóis.
Nem a tão falada agência europeia de rating foi concretizada, se alguma vez o for, o que seria a forma soft de tentar combater as moodys.
Sim o lixo existe, e é fácil perceber onde está, no casamento despudorado entre os interesses do mercado e os poderes políticos. Algumas centenas de pessoas em sofisticados escritórios mandam no mundo, rindo-se das "democracias" e dos seus representantes eleitos democraticamente.

RECORDAÇÕES DE TEMPOS SEM SAUDADES

BAMUTIM TANGO

espalhados nas camas de lona, duras,
os soldados dormem ou pensam.
lembram humanas caricaturas.
na tosca mesa, debruçados
sobre sebentas cartas,
jogam quatro com gestos cansados.
os que dormem - em poses abandonadas,
rostos macerados, olheiras profundas
por nocturnas vigílias prolongadas,
acordarão partidos, alquebrados.
a noite é mais doída, mais profunda,
e como é amarga a saudade
dos soldados de Bamutim ou Varacunda!
a sentinela vacila, errando passos ao luar,
olhar atento, pensamento longe, perdido!
para ele esta paisagem não é bela
e o que faz não tem sentido!
no escuro, isolados,
os outros dormem desassossegados,
ou voltam-se inquietos, mordidos
por percevejos, mosquitos e sentimentos.
de manhã, vão, de pé,
numa viatura,
aos solavancos,
beber um esquálido café!

Remexendo em velhos papéis encontro, 50 anos depois, este esquecido poema, feito em Damão, Estado Português da Índia, 1961,quando comandava o posto fronteiriço de Bamutim, pouco antes da "invasão" indiana.

domingo, 3 de julho de 2011

GOSTEI DESTE ARTIGO DA SÃO JOSÉ ALMEIDA, POR ISSO O DIVULGO

Passos Coelho levou ao Parlamento tem uma clara orientação neoliberal e propõe-se ir mais longe nesse caminho do que aquilo que a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional impuseram como condição para libertarem o empréstimo de 78 mil milhões de euros que concederam a Portugal e que será pago com juros. O primeiro-ministro anunciou, aliás, um imposto extraordinário – de que não falara na campanha eleitoral –, o qual vai diminuir o rendimento dos portugueses e ultrapassa as medidas exigidas pela Comissão Europeia.
A expectativa é grande, a confiança parece ser imensa e há uma espécie de ingenuidade desassombrada em relação à forma como o novo Governo vai conduzir os portugueses a uma espécie de terra de leite e mel. As intenções de transformar o país em algo que o identifique e torne aceite pelos considerados melhores proclamam-se e há uma espécie de fé cega e de crença inebriante entre os apoiantes do novo poder de que agora o paraíso na terra será revelado.
Num acrítico e quase absoluto clima de fé, toma-se como viável o regresso a soluções de organização social que representam uma regressão civilizacional no que contém de entrega do domínio sobre a sociedade à economia privada e do abandono do papel neutro do Estado como regulador da vida social. E que surgem como uma regressão ao que, na construção de Estados reguladores desde o século XVIII, na Europa, é defendido por várias correntes quer da esquerda quer da direita.
Assim, embarca-se cada vez mais na lógica da privatização de sectores económicos centrais e até garantes de soberania como os transportes e a água. E retorna-se ao Estado assistencialista que começou a ser abandonado ainda dentro do Estado Novo pelos governos de Marcello Caetano e que foi erradicado pelo 25 de Abril. A lógica da esmola e do pobre como indivíduo diferente e menor que precisa de ajuda substitui a lógica do Estado-providência que redistribui riqueza, colectada através dos impostos, de forma igualitária e garantindo o igual tratamento de todos os cidadãos.
O clima de fervor e convicção, que se vive no poder e nos seus apoiantes e clientelas, contrasta com a ausência de expectativas de melhoria em grande parte da população que está na iminência de ver a sua qualidade de vida e o seu poder de compra baixar ainda mais e descer de forma drástica a patamares de difícil sobrevivência. E parece certo o destino a que leva o programa de acção política e ideológica feita pela troika para obrigar Portugal a aderir e a cumprir as directivas neoliberais que orientam a União Europeia.A obsessão seguidista que domina o PSD, o CDS e o PS não dá sequer espaço para que ninguém se questione sobre a utilidade e o futuro que está implícito no caminho apontado pela Comissão Europeia e pelo Governo português. Não só à luz de conceitos tidos como centrais em democracia, como é o caso da justiça social. Mas também naquilo a que esta receita e estas soluções têm conduzido a Europa e o mundo ocidental em geral. E há até uma espécie de censura sobre quem ousa questionar. Como se isso pusesse em risco a soberania nacional – conceito que precisa urgentemente de redefinição. Será que Portugal acaba se não cumprir as imposições de Bruxelas? Será que alguém acredita mesmo que não há outro caminho, que não há alternativas, como propagandeiam os neoliberais? Será que o país se extingue se for expulso do euro? Será que o euro, tal como existe, tem futuro? Será que alguém acredita que o futuro é o presente imutável e que o curso da história acabou?
Estas dúvidas assolam-me não só perante a convicção de fé que transparece da opinião dominante em Portugal, mas também ao observar que, na mesma semana em que o Governo português proclamava a sua vontade de ser um bom aluno da Comissão Europeia, no Parlamento grego o Governo da Grécia aprovava medidas propostas pela Comissão Europeia. Só que na Grécia a história vai mais adiantada, leva já um ano de medidas draconianas de redução de qualidade de vida e de poder de compra. Impressiona-me que, em Portugal, se fale dos gregos como relapsos e como uma espécie de maus europeus, enquanto ninguém se questiona sobre a falta de solidariedade para com a Grécia e os outros países em crise por parte dos Estados-membros. A verdade é que os gregos sofrem há um ano na sua vida quotidiana o efeito das medidas impostas pela Comissão Europeia, as quais, pelos vistos, não levaram a grande resultado, pelo que se impõem agora mais sacrifícios à população grega, que se manifestou nas ruas e fez mais uma greve geral.
Os gregos – tal como os portugueses – continuam absolutamente dependentes dos empréstimos dados pelas empresas financeiras e bancárias que estão transformadas no novo “Senhor da Mundo” e que ditam regras aos governos. Mas que ninguém elegeu. Por mais que as populações da Grécia se manifestem na rua exigindo aos políticos – que elegeram para o Parlamento e que era suposto representá-los – que defendam os seus interesses, a verdade é que o poder governamental na Grécia obedece ao poder da Comissão Europeia. Tal como o Governo agora eleito em Portugal.
Mas a Comissão Europeia, não haja ilusões, age de acordo com as directivas imbuídas da nova lógica política da direita dominante na Europa, que leva à sagração do lucro como princípio máximo. E esquece o interesse das pessoas que, em democracia, é suposto os governos representarem. Ou seja, esquece que, em democracia, o soberano é o povo e que este é o sistema de governo do povo (demo+kracia). Foi por isso que a resposta que os cidadãos gregos receberam foi balas de gás.
Olhando para a Grécia, e para o que se passa na Europa, há uma questão que não deixa de me preocupar. Há mesmo um novo conceito de política e de governação na Europa? O que é hoje a democracia? Será que a história regressou à lei do mais forte e à lei da bala? Jornalista