terça-feira, 16 de dezembro de 2014

NOTÍCIAS À ESQUERDA 10

 
Quase a um ano de distância das eleições 2015 à esquerda tudo mexe. Apareceu agora o "Podemos" português, radical, com posições muito parecidas com o PCP e o Bloco. Veremos o que dará tudo isto uma vez que todos afirmam querer uma política nova ou uma nova política com corte radical com o Euro, UE, não pagar a dívida, fim da austeridade etc. Querem um polo da esquerda mas tudo fazem nas afirmações produzidas para que tal não se venha a verificar. Divulgo um artigo de Vítor Malheiros que me parece mais sensato e mais viável no caminho proposto para se conseguir
alterações políticas, económicas e sociais que sejam alternativa à situação actual.
 
 
A esquerda não pode perder por falta de comparência
16/12/2014 -
A presença do PS é uma condição necessária para um governo de esquerda. Não por razões ideológicas, mas por razões aritméticas.
Tenho a certeza de que uma maioria significativa dos portugueses deseja que, das próximas eleições legislativas, saia um novo governo que ponha em prática uma política que recuse o modelo austeritário, que defenda os interesses de Portugal na União Europeia e não os interesses dos nossos credores, que seja capaz de encontrar aliados na UE para combater as políticas europeias que põem em causa a democracia, a independência e o desenvolvimento nacional (a começar pelo Tratado Orçamental e pela TTIP-Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento), que combata de forma vigorosa as desigualdades e a pobreza, que promova uma educação e uma saúde de acesso universal, que defenda a ciência e a cultura, que combata os poderes ilegítimos e a corrupção, que promova o emprego e a dignidade do trabalho, que garanta um desenvolvimento social e ambientalmente sustentável, que permita enfim a todos os cidadãos uma vida decente numa sociedade democrática.
Ou seja, uma política que seja diametralmente oposta à política lesa-pátria do actual Governo, de favorecimento do capital financeiro, de submissão generalizada aos poderes estrangeiros, de submissão à vontade dos credores, de empobrecimento generalizado da população, de apropriação e delapidação do património do Estado, de destruição dos serviços públicos, de desprezo pela independência nacional, pela democracia e pelas suas próprias promessas eleitorais.
A política que penso que a maioria do povo português deseja é uma política de esquerda, feita em nome de todos os portugueses para servir todos os portugueses e não uma política desenhada para servir grupos de oligarcas, na esperança de vir um dia a integrar as suas fileiras, como aquela que hoje, para nossa tristeza e sua vergonha, os nossos governantes levam a cabo.
Quando se faz um retrato deste tipo, daquilo que seria uma política desejável, é frequente que apareça alguém que nos diz: “Mas isso não é característico de uma política de esquerda. Eu sou de direita e também quero tudo isso!” E, de facto, não é importante o que lhe chamemos. No entanto, o facto é que uma política de combate activo às desigualdades, de erradicação da pobreza, de universalidade de acesso à Saúde e à Educação sem entraves de classe social ou económica, de defesa dos serviços públicos, de combate aos privilégios, de defesa do trabalho e de combate ao poder ilegítimo do capital financeiro é uma política que possui as características de uma política de esquerda.
A grande questão é: com quem se pode contar para pôr em prática essa política?
Em Portugal, os movimentos que têm surgido tendo como ideia central a convergência da esquerda para a construção de um governo de esquerda – em contraponto a uma esquerda instalada no protesto – têm sido acusados de pretender “aproximar-se” do PS apenas para conseguir aceder ao poder. A acusação é por vezes apenas difamatória, outras vezes será uma crítica política séria. A questão é que o PS, a posição do PS, as políticas que o PS irá defender e as que quererá pôr em prática se chegar ao governo são uma questão central para todos nós e, em particular, para todos os que têm urgência de ver uma governação à esquerda. É evidente, e sabemo-lo todos, que a presença do PS no governo está longe de ser uma condição suficiente para uma política de esquerda. Ainda que tenha tomado posições importantes na defesa do Estado social, o PS tem governado à direita e, por vezes, escandalosamente à direita. Mas a presença do PS é uma condição necessária para um governo de esquerda. Não por razões ideológicas, mas por razões aritméticas. Não para fazer do governo um governo de esquerda, mas para fazer da esquerda uma esquerda no governo.
Não se trata de aderir ao PS para o “mudar por dentro”, como tantos no passado anunciaram querer fazer sem êxito (curiosamente, em geral para saírem pela direita do PS), mas de criar um lastro à sua esquerda que produza não só políticas de esquerda viáveis, mas passíveis de recolher o apoio parlamentar necessário. Como partido ideologicamente híbrido que é, o PS vive ele próprio sob a assombração das maldições da direita: a inevitabilidade da austeridade, a imutabilidade das políticas europeias, a invencibilidade do capital financeiro, a impossibilidade de reformar de forma radical a sociedade e a política. E uma das razões que apresenta para o seu “there is (almost) no alternative” é o seu receio de que não exista apoio social e político suficiente para ser algo diferente. É essa dúvida que, quer no plano do apoio social, quer no plano da construção programática, é preciso afastar. É possível uma política de esquerda viável, realista, justa e com amplo apoio social. É este o desafio ao qual a esquerda à esquerda do PS tem de responder e o desafio que tem de lançar ao PS. Se o PS quiser escolher a direita para parceiro de governo ou compère parlamentar que o faça, mas que não diga que foi por falta de comparência que não foi possível governar à esquerda.
jvmalheiros@gmail.com
 
 
 

sábado, 13 de dezembro de 2014

NOTÍCIAS À ESQUERDA 9



NOTÍCIAS À ESQUERDA   9


A sondagem revelada hoje, 12/12/14, demonstra bem o problema político nacional e as próximas eleições para a AR certamente não andarão muito longe deste resultado.
E depois?, voltamos sempre à mesma, no conjunto a esquerda tem a maioria mas a alternativa não se concretiza e a alternância no poder continua com políticas semelhantes.
A listagem abaixo é elucidativa e evidencia que as esquerdas somadas em 13 eleições só por três vezes tiveram menos de 50%.


Significativo é o facto da direita em conjunto ter menos que o PS, mas este não chega com 37,5% à maioria absoluta, pela qual se irá bater para não ficar dependente de alianças e compromissos para formar governo.
Outro dado significativo é verificar que numa situação política e social tão dramática e negra a esquerda não PS não tira partido da situação, até enfraquece face à queda do Bloco em desagregação e que corre o risco de desaparecer. Continuará como esquerda de protesto, o que também é necessário, mas sem peso para forçar a concretização de uma política económica e social alternativa.
Entretanto o país vai sendo destruído e vendido (resta a TAP e a CGD ), o SNS e a escola pública em delapidação, as pensões  e salários encolhem, a emigração como saída para os jovens, a austeridade que continua com a dívida voraz e sem fundo que nunca se paga e serve de pretexto para o governo mais reaccionário que tivemos em democracia ( a qual também se degrada pela corrupção e autoritarismo ), fomentar o trabalho sem dignidade e sem direitos.
Que fazer? Estamos condenados a continuar assim, sem esperança nem perspectiva de real mudança?

Por isso pensamos que é






quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ESQUERDA FECHADA

Interessante artigo, por tal merece divulgação. O tema das esquerdas será retomado em breve com informações recentes sobre o andamento de vários encontros e conversas.

A esquerda e o PS
Por Adelino Fortunato
28/10/2014
A esquerda no seu conjunto deveria envolver-se no compromisso de desobediência às regras do tratado orçamental que implicam a perpetuação da austeridade por décadas.
Quase 50 anos de ditadura e as vicissitudes do processo que se seguiu ao 25 de Abril criaram a clivagem entre PS e PCP com a configuração que hoje conhecemos. O PCP foi o partido da resistência, marcando gerações de activistas e intelectuais e construindo uma implantação organizada nas empresas e nos sindicatos, enquanto o PS se transformou num partido de massas apenas com a implantação do regime democrático e por demarcação face ao PCP. É importante relembrar isto sobretudo aos que não se reconhecendo nem no PS nem no PCP são conduzidos a optar por um deles naquilo que designam por “política de alianças”.
Num momento em que a troika se prepara para abandonar o país, podendo criar na opinião pública a sugestão de que a austeridade pode acabar em breve, a esquerda no seu conjunto deveria envolver-se no compromisso de desobediência às regras do tratado orçamental que, por exigirem uma contracção acelerada do défice público e da dívida, implicam a perpetuação daquela mesma austeridade por décadas. Isso significa um desafio que não pode deixar ninguém de fora ao nível partidário, até porque neste momento, à esquerda, todos se declaram contra a austeridade. Não só o PCP, mas também o PS, na versão António Costa, faz disso um ponto de demarcação em relação à direita que pretende derrotar nas próximas legislativas, ainda que nada seja dito acerca do tratado orçamental.
Face a esta questão perfilam-se dois tipos de abordagens.
Primeiro, a daqueles que procuram influenciar o PS, declarando-se disponíveis para colaborar com um futuro governo desde que este cumpra um certo número de requisitos mínimos. Trata-se de uma perspectiva negocial, de olhos postos nas promessas que os actuais dirigentes irão certamente fazer e frustrar – mas que tem um enorme inconveniente, até tendo em conta a forma como está a ser gerida: alimenta ilusões que não têm fundamento na dinâmica concreta da social-democracia contemporânea e coloca os seus promotores à mercê da assimilação pelo cone de aspiração criado pelo próprio PS. Tudo isto sem resultados palpáveis.
Segundo, a dos que objectivamente privilegiam a aproximação ao PCP na convicção de que o desafio ao PS é uma causa perdida, afinal foi este mesmo partido que começou a austeridade e até assinou o memorando da troika. É, desde logo, uma visão que negligencia a evolução das expectativas de milhares de cidadãos, que devem ser confrontados com as contradições daqueles que os pretendem representar no governo de uma forma que não se resuma à política da denúncia feita aprioristicamente, que é insuficiente.
Uma variante deste argumento inspira-se numa ideia ainda mais discutível: o PS já não seria de esquerda, ao acompanhar a viragem neoliberal da social-democracia que inspirou Schröder, Blair, Hollande ou Sócrates e deve ficar fora do apelo de unidade à esquerda. É uma concepção que despreza a natureza ambivalente de um partido com uma direcção que habitualmente executa políticas de direita, mas visto pelos trabalhadores como sendo de esquerda e no qual a maioria deles se reconhece. O único partido a tirar vantagem desta abordagem é o PCP, pois alimenta aquela clivagem histórica da esquerda que lhe assegura o controlo de bases sem contágios. Não pode ser inspiradora para mais ninguém, sobretudo para os que não dispõem dessa implantação e antes precisam de a conquistar.
A resolução da tensão enunciada deveria passar por uma iniciativa que ganhasse dinâmica à esquerda e perante a qual toda a esquerda fosse responsabilizável, que não desistisse de influenciar e acompanhar o conflito e as diferenciações que pudessem surgir na consciência de muitos milhares de portugueses que se revêem nos grandes partidos de esquerda ou sem partido. Seria uma "carta contra a austeridade", construída de forma articulada com o contributo de um leque abrangente de sugestões, individuais e colectivas, partidárias e de movimentos sociais, no terreno das lutas concretas e das experiências de cidadania, o instrumento adequado para estruturar uma frente contra a austeridade mobilizadora e eficaz.
Professor da Universidade de Coimbra


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

INTERVENÇÃO DE CARLOS BRITO EM VRSA

Revoltosos no 5 de Outubro de 1910 com a Bandeira da Carbonária.
Divulgamos pelo seu interesse esta palestra de Carlos Brito.


Os 104 anos do 5 de Outubro
no 40ª aniversário do 25 de Abril *


Senhoras, Senhores
Caros amigos

Sou de um tempo em que o 5 de Outubro era uma jornada de luta. Era o tempo da ditadura fascista., das liberdades sufocadas, especialmente, os direitos de reunião e de manifestação.
O aniversário da Revolução que derrubou a monarquia, em 1910, era pretexto para a resistência democrática tentar impor esses direitos a coberto de «inofensivas» romagens de saudades aos túmulos e às estátuas dos grandes vultos do regime republicano.
No entanto, a PIDE e as outras forças repressivas, estavam alerta como sempre, reforçavam o policiamento e à menor tentativa de manifestação carregavam com toda a violência sobre os manifestantes, que respondiam com gritos de «Viva a República!», «Abaixo o fascismo!» «Queremos liberdade!».
O dia ficava marcado por cargas de bastonada, perseguições, outras brutalidades policiais, correrias e, às vezes, muitas prisões.
No dia seguinte, entrava censura, os jornais nada diziam: o fascismo reprimia ferozmente e ao mesmo tempo silenciava a repressão.

Mas esta implacável repressão nunca conseguiu acabar com a corrente combativa representada pela comemoração do 5 de Outubro que se aguentou, ano após ano, ao longo dos 48 da ditadura, até entroncar no 25 de Abril.
Achei por isso muito feliz a iniciativa da Liga dos Amigos do Mestre Manuel Cabanas, bem à altura do republicanismo do seu patrono, esta de promover uma comemoração dos 104 anos do 5 de Outubro no 40º aniversário do 25 de Abril. E assim, aceitei com todo o gosto o convite que foi me feito pelo Dr. Caldeira Romão para me associar a esta comemoração, que vivamente saúdo.

A ditadura odiava, naturalmente, o 5 de Outubro, mas o seu simbolismo patriótico é tão forte que nunca se atreveu a acabar com o feriado na data histórica da implantação da República em Portugal.
Foi preciso chegarmos a 2012 para que actual Governo, desprovido de sentido republicano, sob a pressão dos credores estrangeiros, através da «troica», invocando pueris argumentos economicista e o alegado excesso de feriados, ousasse decretar a suspensão do feriado que assinalava esta data histórica.
Sou dos que não me conformo! As palavras que se seguem representam, a este propósito, indignação, protesto e reclamação.
O 5 de Outubro pelo longo período de propaganda patriótica e republicana que o precedeu, pelo regime democrático que instaurou –a 1ª República – pelo papel de resistência à ditadura que constituiu,  tem um simbolismo muito especial na nossa história: representa o entranhamento do apego à liberdade na consciência nacional.

O acto revolucionário que ocorreu nos dias 4 e 5 de Outubro de 1910, não teve expressão comparável com a das tropas sublevadas em movimentação por todo o país, como aconteceu no 25 de Abril. Foi circunscrito a Lisboa, mais precisamente à Rotunda, que depois se chamou de Marquês de Pombal, onde se concentraram os revoltosos, civis e militares, dispostos a tudo para derrubar a monarquia. Tinham o apoio de algumas unidades do exército, do quartel dos marinheiros e a intervenção activa de alguns navios da Armada, surtos no Tejo. As poucas forças armadas que se manifestaram fiéis à monarquia, depois de algumas tentativas inconsistentes de ataque aos revolucionários da Rotunda, reconheceram que não tinham força para os enfrentar e renderam-se ao segundo dia. A Revolução triunfou. Foi então proclamada a implantação da República, pelos líderes republicanos, das janelas da Câmara Municipal de Lisboa. No resto do país, a República foi implantada por telégrafo, como se dizia então, sem a menor resistência ou oposição, de tal maneira a monarquia estava moribunda e o heroísmo dos
republicanos revoltosos interpretava a vontade nacional.

Duas décadas antes, o movimento republicano tinha crescido exponencialmente e ganho raízes no país nas grandes lutas contra a vergonhosa rendição da monarquia ao Ultimato inglês sobre as colónias. Nasceu então a Portuguesa tornado Hino Nacional depois do 5 de Outubro e até hoje. Na sua letra original dizia:
Às armas! Ás armas!
Sobre a terra sobre o mar.
Às armas! Ás armas!
Contra os bretões
Marchar, marchar.
Os bretões eram, é claro, os ingleses, o que foi substituído por canhões ao tornar-se o Hino Nacional.
Com este mesmo espírito, os propagandistas identificavam a República com a Pátria.
O poeta Guerra Junqueiro proclamava:
«Republicano e patriota tornaram-se sinónimos. Hoje quem diz pátria, diz república. Não uma república doutrinária, estupidamente jacobina, mas uma república larga, franca, nacional, onde caibam todos.»
 O Professor Teófilo Braga, que veio a ser o chefe do Governo provisório saído do 5 de Outubro, sustentava então que a República seria o «chamamento geral do povo a uma intervenção imediata, eficaz, constante, na direcção dos seus destinos»
O filósofo, Sampaio Bruno, asseverava:
«A República é sobretudo uma regeneração moral.»

O novo regime procurou corresponder aos votos dos seus teóricos. Há um consenso entre os historiadores de que a primeira grande inovação que a República de 1910 trouxe aos portugueses foi «a restauração da moralidade»
A monarquia tinha-se afundado, nos últimos anos, em sucessivos escândalos financeiros, a promiscuidade entre a política e os negócios tinha chegado e envolvido a própria casa real.
A governação republicana foi generosa para os adversários políticos derrotados, mas foi implacável contra a corrupção, os negócios sujos apoiados pelo Estado, o favoritismo e o compadrio em matéria financeira.
A sua orientação e prática pautaram-se pelo rigor e a transparência na gestão dos dinheiros públicos. Seria impensável que um ministro da República pudesse dizer «Não me lembro!», tratando-se de contas que tivessem implicação com Estado.
O activista republicano era formado na sobriedade de vida, na honradez e no absoluto respeito pela palavra dada. Ainda conheci um ex-governante da República de quem se dizia: «A sua palavra vale mais do que um assento no notário.» É, também, sempre recordado o exemplo do Presidente da República, Bernardino Machado, que se deslocava de transporte público, de eléctrico, nas idas e vindas ao palácio de Belém.
Acho que estes exemplos revestem uma grande actualidade.

O legado da República compreende a realização de grandes reformas democráticas em domínio essenciais, como: a educação e o ensino - a sua maior prioridade - o municipalismo, a emancipação da mulher, a democratização e secularização da vida pública, o exército de milicianos - e. a par delas, a exaltação do patriotismo.
Este último funcionava de tal maneira no plano político e diplomático, que Lenine caracterizou o Portugal, desse tampo, como «um país economicamente dependente, mas politicamente independente».

A obra da Republica foi, no entanto, bastante limitada pela sua curta duração, apenas 16 anos, para mais entrecortados por duas ditaduras - Pimenta de Castro e Sidónio Pais – e pela participação do país na  Grande Guerra .
A sua base revestia, também, a fragilidade de nunca ter intentado a transformação das estruturas socio-económicas em que assentava e continuou a assentar o poder da reacção, ao contrário do que se fez no seguimento do 25 de Abril de 1974.
Além disso cometeu graves erros de orientação que a enfraqueceram e apressaram a sua queda.
Refiro dois.
Primeiro, o fanático anticlericalismo dominante nas hostes republicanas que facilitou que as oposições - monárquica, nacionalista e reaccionária - se pudessem unir e fizessem da religião o eixo do ataque à sua base de apoio
e mais tarde um ponte básico da plataforma para o golpe de Estado do 28 de Maio.
Secundo, mas não menos importante, as más relações que a República sempre manteve com o movimento operário, onde o anarco-sindicalismo tinha grande influência. O divórcio começou com a reacção violenta das organizações sectárias republicanas, como a Carbonária, às primeiras greves operárias após a implantação da República e se manteve ao longo de grande parte da vida do regime republicano.
A situação só se veio a alterar significativamente pelo final da primeira metade dos anos XX, do século passado, com o governo de José Domingos dos Santos.
Este líder da ala esquerda do PRP ao ser empossado pelo Presidente da República, o algarvio Manuel Teixeira Gomes, como Presidente do Ministério (isto é primeiro-ministro) anunciou que o objectivo do seu governo era «realizar uma política para todos e não apenas para uma determinada casta». Em conformidade, iniciou uma acção governativa com medidas favoráveis à pequena burguesia e aos trabalhadores e de firmeza perante o negocismo, os bancos e as organizações patronais. Rapidamente recebeu aplausos da imprensa operária, dos sindicatos e das organizações políticas dos trabalhadores, incluindo do recém formado Partido Comunista Português, que organizaram uma grande manifestação popular de apoio ao governo,. A GNR, influenciada pelo patronato, atreveu-se a reprimir violentamente esta manifestação. O Primeiro Ministro, caso nunca visto na nossa história, tomou o partido dos trabalhadores contra as forças repressivas. Declarou no Parlamento: «O governo da República coloca-se abertamente do lado dos explorados, contra os exploradores. Não consinto que a força pública seja para fuzilar o povo.»
Era um sinal de novos tempos. Mas o tempo da 1ª República escoava-se rapidamente.
A11 de Dezembro de 1925, Manuel Teixeira Gomes demitia-se da Presidência da República como protesto contra a divisão, os conflitos internos e falta de respeito pelos compromissos que reinavam nas hostes republicanas, enquanto a conspiração reaccionária, civil e militar, avançava, já sob o comando do grande capital, para a tomada do poder.
A 28 de Maio de 1926 foi o golpe militar que instaurou a ditadura militar que seguidamente deu lugar à ditadura fascista.
Depois começou a resistência antifascista, que teve o primeiro acto significativo no levantamento armado de 8 de Fevereiro de 1927, em que Manuel Cabanas teve participação activa e que originou tanto a sua primeira prisão, como o início do seu longo combate contra a ditadura, que a sua intensa vida de artista e homem de cultura, nunca descurou

Em homenagem à sua memória, termino esta comunicação lembrando palavras que nos deixou, impregnadas de generosidade e de espírito republicano.
São as seguintes:
«Desde muito jovem que entendo que o homem moderno não pertence a si mesmo. Tem de se dar aos outros. Este dar significa ajudá-los a contribuir para dias melhores, a partilhar um pouco da sua felicidade.»

Carlos Brito



* Comunicação apresentada na sessão comemorativa do 5 de Outubro, organizada pela Liga de Amigos do Mestre Manuel Cabanas, realizada em 5 de Outubro de 2014, em Vila Real de stº António.

domingo, 5 de outubro de 2014

O MEU 5 DE OUTUBRO !


O MEU 5 DE OUTUBRO


Hoje, 5 de Outubro, veio-me à memória os meus 5 de Outubro do final dos anos 50, e os dos anos 60 e 70. Já têm mais de meio século os mais antigos que recordo. Íamos para o confronto, para a estátua do António José de Almeida ou para o cemitério do Alto de Sº João, não para comemorar o passado mas para regressar ao futuro, interrompido pelo fascismo. Formalmente continuava-mos em regime republicano, mas não se podia comemorar a data nem os valores republicanos, e tudo acabava em correrias, PIDE e polícia de choque, gritos pela liberdade, cacetadas, prisões.
Hoje, dia 5 de Outubro sinto-me regressado ao passado, sem feriado, com o futuro novamente roubado. Não era isto com que sonhamos, não era isto que queríamos, aspirava-se a uma sociedade mais humana, mais justa, mais fraterna e solidária.
Hoje o mercado e a ideologia que o suporta está em andamento acelerado, tudo quer, de tudo se vai apoderando, tudo se vai privatizando. Corpos, consciências e almas. A energia, a água, os transportes, a saúde, a educação, a justiça, a técnica e a ciência, os órgãos de comunicação, as comunicações, a banca, os seguros, a arte e a cultura, o desporto. A pesca, a indústria e a agricultura. Os feriados e dias festivos. As praias, as florestas, os rios, o mar. Tudo na esfera da sociedade e da vida está em transição do público para o privado. Tudo é ou será mercado. Só sobrevirá o que der lucro. O único mercado que será suprimido será o mercado do trabalho.
O olhar distraído ou propositadamente desfocado da esmagadora maioria dos cidadãos não se dá conta de que já hoje é assim. Os governos na esmagadora maioria não passam do boneco do ventríloquo, os gestos e a voz são manipulados pela finança. Depois da terceira via e do desastre soviético a ideologia, esse empecilho,  foi profundamente atingida e posta em causa. Os partidos do chamado "arco do poder" são cópias uns dos outros em todo o lado. Ainda são úteis os outros pequenos partidos contestatários, remetidos para o "arco do protesto" para dar aparência democrática à ditadura do capital. Sabem que não se unirão, pelo contrário irão dividir-se perpetuamente até à sua completa inutilidade.
Entretanto renascem as hordas fascistas pela UE e já penetram no "arco do poder". E em futuro se calhar não longínquo, os partidos serão considerados desnecessários e serão formados governos "tecnocratas" de "sábios" para tomarem conta, como capatazes, de grandes áreas do Mundo. Já tivemos recentemente uma curta experiência.
As nações já são um obstáculo ao mercado, que se quer cada vez mais desregulamentado e sem entraves. Repare-se nas negociações entre a UE e os EUA no momento para um acordo transatlântico, do qual pouco ou nada se sabe, mas transpirou que um dos pontos propostos seria a criação de tribunais internacionais privados para julgarem conflitos de interesses entre os estados e as multinacionais.
A ONU acabará dado que se as nações já não existem ou não têm poder não se justificando gastar  dinheiro com coisas decorativas sem sentido.
Cada vez mais as polícias e as forças militares estão a ser privatizadas. Alguns exércitos não passam hoje de forças pagas pelos dinheiros públicos para servirem interesses privados e indústrias de armamento.
As religiões privadas crescem em número e fiéis e competem com as tradicionais. Um dia poderá instalar-se em Roma um papa ou um "ái-a-tola" de uma qualquer seita nomeado por um conselho de multinacionais. Isto da religião é uma coisa muito séria para deixar andar os deuses à solta.
Dentro do privado irão agudizar-se conflitos entre os pequenos proprietários e os grandes grupos económicos. Até há quem diga que é um absurdo as pessoas serem proprietárias das casas onde vivem. Deveriam serem todas entregues a grupos económicos, e pagarem uma renda pela casa de que hoje são proprietários. Mais, nas futuras construções deveria ser proibido construírem cozinhas, e todos deveriam tomar as refeições em grandes restaurantes e cantinas privadas construídas para o efeito.
Alto!, o melhor será ficar por aqui. Uns rirão do que foi escrito, outros acharão que estou a exagerar e sou ultra pessimista. Oxalá me engane. Na televisão neste momento está a tocar a Nona Sinfonia do Beethoven para fazer publicidade a uma marca de bolachas. A cultura ao serviço do mercado.
Agora vou a uma sessão evocativa do 5 de Outubro, por curiosidade. Por amizade a quem lá vai, para ajudar a fazer número. Seguramente seremos os do costume, quem mais iria? A anestesia é forte. Não uma sessão oficial, mas iniciativa de uma associação. Oficial começa a ser perigoso, não vá alguém perguntar se isto ainda é uma República.
MC




sexta-feira, 26 de setembro de 2014

NOTÍCIAS À ESQUERDA 8

Parece que se anda mas marca-se passo. Os últimos episódios à direita com o Menezes, o Passos mais o Jardim evidencia o estado de podridão a que se chegou.
Entretanto continua a destruição sistemática da saúde, do ensino e da justiça e o abocanhar desse espaço pela ganância privada.
E o que faz a oposição?
O PS em campanha para ver quem será o candidato a Primeiro-ministro, à americana, por vezes com a campanha a cair em ataques baixos e fratricidas. O Bloco a caminho do seu congresso, o LIVRE a convidar os outros para assistirem ao seu congresso e mesmo poderem lá botar discurso. Os grupos dissidentes do Bloco a convidar para encontros e conversas e o PCP que não vai em conversas.
Temos mais um congresso em marcha,  o das alternativas para  de Outubro. Saiu um Apelo para que a esquerda se una e mais um Manifesto. E pronto, mais uns papéis para lerem.

Apelo a unidade da esquerda enviado a nove partidos
Por 22/09/2014
Um movimento “pré-eleitoral de unidade ampla e concorrente às próxima s eleições legislativas” com todas as forças de esquerda é o desafio lançado por um grupo de 15 cidadãos não conhecidos publicamente e enviado a nove forças partidárias há alguns dias.
O texto do apelo, dirigido “à esquerda e a todos os que se abstiveram” - e a que o PÚBLICO teve acesso -, diz que nas eleições de Maio a “derrocada dos partidos de direita não foi compensada com a hegemonia eleitoral do PS” e que está mesmo ameaçada a alternância entre PS e PSD.
“Que ninguém duvide: esta é a oportunidade histórica para que a esquerda se una”, defendem os subscritores. E desafiam: “Formemos um movimento comum de esquerda, sem temer a diluição de cada força partidária dentro de uma acção mais vasta.” A intenção é formar um movimento pré-eleitoral que traga uma “real alternativa de governação” que cuide do “bem comum e da justiça” – o objectivo da política que a esquerda deveria reivindicar.
O apelo foi enviado às direcções do PS, PCP, PEV, BE, Livre, PCTP/MRPP, MAS, POUS e PH e é encabeçado por Pedro Ferreira e Tomás Maia.
Para além dos partidos políticos de matriz de esquerda, o chamamento estende-se aos abstencionistas. “A unidade da esquerda dirige-se [também] à maioria da população que se tem abstido: quando já pouco resta de democracia em Portugal, o direito de votar tornou-se num dever.”
O tempo urge, lembram os subscritores. “Não há muitas abertas na história para que um movimento popular dê voz a si mesmo pacificamente e com os meios vigentes. Não hesitemos – antes que seja tarde para a democracia. E está a ficar tarde em Portugal e na Europa.”


  
Manifesto por um país
26/09/2014
Urge efectuar uma ruptura em relação às actuais orientações e práticas políticas europeias e nacionais.
Quem assina este Manifesto expressa a sua indignação, seguramente partilhada por tanta mais gente, perante o aviltamento de Portugal e o empobrecimento da esmagadora maioria dos portugueses ao longo dos três anos da troika, e de então para cá. Esse aviltamento traduz-se no ousado enriquecimento de alguns, à custa da dignidade, dos direitos e do valor do trabalho, e consequente fragilidade e miséria na exploração de tantos.
Quem na(s) última(s) legislatura(s) governou e impôs as medidas de austeridade, na Europa e em Portugal, desfrutando de um aumento exponencial da dívida pelos altos juros lucrativos com que foi negociada, levou os povos a uma austeridade e precariedade sem precedentes que atingiu a maioria, permitindo um abuso sem controlo por parte das elites financeiras nacionais e internacionais bem como das instâncias financiadoras.
São evidentes as consequências: desrespeito pelas regras constitucionais, enfraquecimento da democracia nas suas responsabilidades sociais (justiça tributária, Segurança Social, escola pública, Serviço Nacional de Saúde, etc.) e ameaças ao próprio exercício dos direitos democráticos.
Depois destes três anos angustiantes para a maioria dos portugueses, há que recuperar o país. Há que descartar as dissensões de Esquerda desnecessárias, de modo a ser viabilizada uma convergência quanto ao rumo de Portugal e ao seu lugar na União Europeia. Há que combater todo o conformismo e subserviência para, em vez disso, serem desenhadas alternativas concretizáveis que respondam aos múltiplos problemas do país, que são alarmantes.
Da parte de todos os homens e mulheres, cidadãos e cidadãs conscientes do que significa a dignidade humana, impõe-se, pois, um levantamento de carácter ético e cultural, que afirme antes de mais em Portugal e na Europa uma democracia de alta intensidade: criticamente participada, socialmente mais justa, culturalmente mais criativa e aberta ao pluralismo, politicamente democrática no sentido próprio da palavra, ou seja, em que a cidadania seja efectivamente exercida. Tudo isto a substituir a fictícia União actual, que é, afinal, União a mando de um só país, e os interesses de empresas e bancos nacionais, com o poder de impor aos países mais frágeis um Tratado Orçamental que mantém nessas sociedades uma austeridade sem fim à vista.
Ora com um milhão de desempregadas e desempregados, com a finança a cobrar a Portugal um resgate galopante, com o enfraquecimento da contratação colectiva, e ainda com um novo risco, já anunciado, o da imposição de círculos uninominais (que por via administrativa perpetuarão o bloco central), não é possível ficarmos apáticos numa irresponsabilidade fácil perante o presente e o futuro de tanta gente. Urge mudar a vida. E, porque mudar a vida significa mudar o rumo, urge efectuar uma ruptura em relação às actuais orientações e práticas políticas europeias e nacionais.
Em Portugal, esta ruptura só poderá ser iniciada com um pólo do vontades que mostre uma alternativa concreta, um leque de governantes capazes de cumprir um compromisso para refundar a política em termos do bem comum, com uma governação plural na sua composição, partidária e também independente, com pessoas livres de interesses pessoais e de grupo, mas convergindo nesse compromisso.
De forma a poder pôr fim a esta forma de austeridade que atinge os mais frágeis e simultaneamente permite a poucos beneficiarem da crise (enriquecendo ainda mais), sugere-se que sejam tomadas medidas neste sentido:
- reestruturar a dívida em termos dos seus juros, prazos ou montantes, para alcançar o resultado útil de uma redução drástica da dívida externa de modo a que a actual situação de protectorado termine;
- definir como propósito governamental central a qualidade de vida e a resposta às necessidades básicas de todos, para isso implementando as medidas necessárias (na saúde, na habitação, na educação, no emprego, na recuperação do valor real dos salários e pensões de reforma, no acesso de todos à cultura, etc.);
- dar prioridade a programas para a eliminação da pobreza e da marginalização étnica;
- tributar os fluxos financeiros e, pelo menos nos próximos 10 anos, tributar os lucros que não sejam reinvestidos em áreas do bem comum e criação de emprego, sancionando por isso a fuga de capitais e o enriquecimento ilícito;
- punir todo o crime financeiro de forma efectiva e com resultados visíveis para o bem da comunidade nacional;
- imaginar e modelar outras formas de vida em sociedade que tomem em conta o desgaste do eco-sistema, a exaustão dos recursos não-renováveis, reduzindo drasticamente a produção de bens supérfluos e o desperdício;
- identificar o rumo e a rota para Portugal dentro da UE, recusando o Tratado Orçamental e discutindo se Portugal deve ou não manter-se no euro;
- fazer do bem comum o critério maior: conciliando a abertura e o investimento nas ciências e nas tecnologias de ponta (energias renováveis, robótica com aplicação na saúde, na investigação, no bem-estar e cultura de todos) com uma crescente frugalidade de vida;
- proporcionar um quotidiano em que – satisfeitas as necessidades básicas de todos – haja espaço para a elevação do sentido estético, da dimensão cultural, do pensamento, da sensibilidade e da alegria de todos.
Algo novo requer uma política nova. É exactamente isto que exigimos: uma refundação da política para responder aos problemas do país. Sem perdas de tempo, sem divisões, sem demagogia. Queremos soluções e contribuiremos activamente para o seu debate.
Queremos que a próxima governação seja uma frente plural de esquerda com um programa contratual (com o país) para a recuperação nacional. Veremos quem poderá dar sinais nesse sentido, de modo a merecer a confiança da maioria de aqueles e aquelas que aqui habitam.
Yvette K. Centeno. Lisboa. Escritora, prof. jubilada UNL
Teresa Vasconcelos. Lisboa. Prof. ESE
Teresa Toldy. Porto. Teóloga. Prof. U. Fernando Pessoa. Inv. CES
Teresa Sousa de Almeida. Lisboa. Prof. UNL
Teresa Sá e Melo. Lisboa. Investigadora IST
Teresa Cadete. Lisboa. Prof. FLUL
Rui Vieira Nery. Lisboa. Musicólogo, prof. UNL
Rui Namorado Rosa. Évora. Investigador, prof. jubilado U. Évora
Rodrigo Meireles. Caminha/Porto. Economista
Rita Bastos. Lisboa. Prof.
Richard Zimler. Porto. Escritor
Paulo Cruz. Aveiro. Economista
Patrícia Fernandes. Viseu. Jornalista
Padre João Rodrigues. Viseu
Olímpia Fonseca. Lisboa. Func. pública
Norberta Pinho. Lisboa. Engenheira, prof. IST
Marta Lima Basto. Lisboa. Enfermeira
Mário Brochado Coelho. Porto. Advogado
Maria Vitória Vaz Pato. Lisboa. Ex-investigadora IN de Saúde
Maria Velho da Costa. Lisboa. Escritora
Maria Teresa Castro Laranjeiro. Guimarães. Médica.
Maria José Magalhães. Porto. Prof. FC Edu-UP
Maria Isabel Barreno. Caparica. Escritora, ensaísta
Maria Irene Ramalho. Coimbra. Prof. jubilada FLUC
Maria Helena Mira Mateus. Lisboa. Linguista, prof. jubilada FLUL
Maria Florinda Gouveia da Costa. Lisboa. Prof.
Maria Fernanda Rodrigues. Coimbra. Prof.
Maria do Rosário Pericão. Coimbra. Bibliotecária FEUC
Maria do Carmo Mourão Lito. Lisboa. Terapeuta ocupacional
Maria do Carmo Vieira. Lisboa. Prof.
Maria da Graça Marques Pinto. Viseu. Prof.
Maria da Conceição Moita. Lisboa. Prof. ESEL
Maria Benedicta P. Bastos Monteiro. Lisboa. Prof. jubilada ISCTE-IUL
Maria Andresen. Lisboa. Poeta, prof. FLUL
Maria Alzira Seixo. Lisboa. Ensaísta, prof. FLUL
Margarida Martins. Lisboa. Pres. Junta Freguesia Arroios
Margarida Gil. Lisboa. Cineasta
Manuela Silva. Lisboa. Economista, prof. jubilada ISEG
Manuela Franco. Coimbra. Prof. Português
Manuel Silva Carvalho. Lisboa. Médico
Manuel Carvalho da Silva. Lisboa. Investigador do CES, prof. U. Lusófona
Manuel Brandão Alves. Lisboa. Economista, prof. ISEG-UL
Luís Quintais. Coimbra. Antropólogo, poeta
Luís Moita. Lisboa. Prof. U. Autónoma
Luís Lucas. Lisboa. Actor
Luís Filipe Rocha. Ericeira. Cineasta
Lídia Martins. Coimbra. Graal, CCDRC
Lídia Jorge. Lisboa. Escritora
Lídia Costa. Vila Real. Economista
Lucy Wainewright. Lisboa. ESE
José Ricardo Nunes. Caldas da Rainha. Jurista, escritor
José Reis. Coimbra. Economista, prof. FEUC
José Mattoso. Lisboa. Historiador, prof. jubilado UNL
José João Abrantes. Lisboa. Prof. FD-UNL
José Gabriel Pereira Bastos. Lisboa. Antropólogo, psicanalista. Invest. FCSH-UNL. UNL
José Castro Caldas. Coimbra. Investigador CES (Núcl. Ciência Econ. Sociedade; Observ.º Crises e Alternativas)
Jorge Bateira. Coimbra. Economista, prof. FEUC
Joaquim Osório. Lisboa
Joaquim Louro. Vila Nova de Famalicão. Advogado
João Sollari Lopes. Lisboa. Bio-informático
João Sedas Nunes. Lisboa. Sociólogo, prof. UNL
João Maria André. Coimbra. Prof UC; encenador teatral
João Fernandes. Porto / Madrid. Subdirector Museu Reina Sofía
João Duarte Rodrigues. Lisboa. Editor
João Cutileiro. Escultor
João Barrento. Lisboa. Ensaísta e tradutor
Joana Rigato. Lisboa. Prof. e doutoranda
Isabel Sousa Pinto. Porto. Prof. FCUP
Isabel Sollari Allegro. Lisboa. Prof.
Isabel Matos Dias. Lisboa. Prof. FLUL
Isabel Keating. Coimbra. Psicóloga
Isabel Hub Faria. Cascais, Prof. FLUL
Isabel do Carmo. Lisboa. Médica SNS
Isabel Allegro de Magalhães. Lisboa. Graal, UNL
Irene Flunser Pimentel. Lisboa. Historiadora
Hermano Carmo. Lisboa. Prof. ISCSP-UL
Helena Neves. Lisboa. Prof. universitária
Helder Costa. Lisboa. Encenador, actor
Guilherme Fonseca. Lisboa. Ex-juiz Supremo Tribunal Administrativo
Graciosa Veloso. Lisboa. Prof. ESE
Graça Morais. Bragança / Lisboa. Pintora
Gastão Cruz. Lisboa. Poeta, ensaísta
Frei Bento Domingues O.P. Lisboa
Filomena Cravo. Linda-a-Velha. Prof.
Filomena Barros. Lisboa. Prof. U. Évora
Fernando Pereira Bastos. Lisboa. (Estudos de mercado e opinião)
Fernando Martinho. Lisboa. Prof. FLUL
Fernando Gomes da Silva. Lisboa. Engº Agrónomo
Fernanda Rodrigues. Coimbra. Prof.
Fernanda Henriques. Vila Franca de Xira. Prof. U. Évora
Fernanda Branco. Vila Franca de Xira. Prof.
Fátima Proença. Lisboa. ACEP
Fátima Grácio. Lisboa. Graal, ex-pres. Fundação Cuidar o Futuro
Eugénia Vasques. Lisboa. Prof. Escola Superior Teatro
Elsa Lechner. Coimbra. Investigadora CES
D, Januário Torgal Ferreira. Bispo emérito
Cristina Loureiro. Lisboa. ESE
Constança Providência. Coimbra. Dirª. Dep.º Física FCTUC
Conceição Amaral. Lisboa. Dirª. Museu Artes Decorativas
Cláudio Torres. Mértola. Arqueólogo
Cláudio Teixeira. Almada. Prof. ISCTE-IUL
Clara Keating. Coimbra. Linguista, prof. FLUC
Celso Araújo. Lisboa. Engenheiro do ISQ
Celeste Lameira. Almalaguês. Ex-dirigente Sindicato Calçado Aveiro / Coimbra
Carmo Bica. Viseu. Engenheira agrícola
Carlos Albino. Lisboa. Jornalista
Bernardo Colaço. Lisboa. Juiz conselheiro jubilado
Assunção Folque. Lisboa. CNE. Prof. U. Évora
Armando Silva Carvalho. Peniche. Escritor
António Vieira. Lisboa. Escritor
António Pereira Bica. Lisboa. Advogado
António Neto Brandão. Aveiro. Advogado
António Machado Lopes. Lisboa. Economista
Ana Vidigal. Lisboa. Artista plástica
Ana Maria Pereirinha. Lisboa. Editora
Ana Maria Almeida Serôdio. Lisboa. Prof.
Ana Luísa Amaral. Porto. Escritora. FLUP
Ana Henriques. Alverca. Médica SNS
Ana Drago. Lisboa. Socióloga
Almerinda Teixeira. Almada. Geógrafa
Alice Caldeira Cabral. Évora. Trabalhadora Social
Alfreda Ferreira da Fonseca. Lisboa. Prof.
Alda Maria Sucena Couceiro. Coimbra. Farmacêutica
Alexandre Quintanilha. Porto. Cientista IBCM-UP
Adel Sidarus. Évora. Orientalista. Prof. jubilado U, Évora. MPPM, Metanoia
Alberto Melo. Faro. Associação in Loco. U. Algarve
Alan Stoleroff. Lisboa. Prof. ISCTE-IUL
Adelino Gomes. Lisboa. Jornalista
Abdool Magid Vakil. Lisboa. Economista