quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ESQUERDA FECHADA

Interessante artigo, por tal merece divulgação. O tema das esquerdas será retomado em breve com informações recentes sobre o andamento de vários encontros e conversas.

A esquerda e o PS
Por Adelino Fortunato
28/10/2014
A esquerda no seu conjunto deveria envolver-se no compromisso de desobediência às regras do tratado orçamental que implicam a perpetuação da austeridade por décadas.
Quase 50 anos de ditadura e as vicissitudes do processo que se seguiu ao 25 de Abril criaram a clivagem entre PS e PCP com a configuração que hoje conhecemos. O PCP foi o partido da resistência, marcando gerações de activistas e intelectuais e construindo uma implantação organizada nas empresas e nos sindicatos, enquanto o PS se transformou num partido de massas apenas com a implantação do regime democrático e por demarcação face ao PCP. É importante relembrar isto sobretudo aos que não se reconhecendo nem no PS nem no PCP são conduzidos a optar por um deles naquilo que designam por “política de alianças”.
Num momento em que a troika se prepara para abandonar o país, podendo criar na opinião pública a sugestão de que a austeridade pode acabar em breve, a esquerda no seu conjunto deveria envolver-se no compromisso de desobediência às regras do tratado orçamental que, por exigirem uma contracção acelerada do défice público e da dívida, implicam a perpetuação daquela mesma austeridade por décadas. Isso significa um desafio que não pode deixar ninguém de fora ao nível partidário, até porque neste momento, à esquerda, todos se declaram contra a austeridade. Não só o PCP, mas também o PS, na versão António Costa, faz disso um ponto de demarcação em relação à direita que pretende derrotar nas próximas legislativas, ainda que nada seja dito acerca do tratado orçamental.
Face a esta questão perfilam-se dois tipos de abordagens.
Primeiro, a daqueles que procuram influenciar o PS, declarando-se disponíveis para colaborar com um futuro governo desde que este cumpra um certo número de requisitos mínimos. Trata-se de uma perspectiva negocial, de olhos postos nas promessas que os actuais dirigentes irão certamente fazer e frustrar – mas que tem um enorme inconveniente, até tendo em conta a forma como está a ser gerida: alimenta ilusões que não têm fundamento na dinâmica concreta da social-democracia contemporânea e coloca os seus promotores à mercê da assimilação pelo cone de aspiração criado pelo próprio PS. Tudo isto sem resultados palpáveis.
Segundo, a dos que objectivamente privilegiam a aproximação ao PCP na convicção de que o desafio ao PS é uma causa perdida, afinal foi este mesmo partido que começou a austeridade e até assinou o memorando da troika. É, desde logo, uma visão que negligencia a evolução das expectativas de milhares de cidadãos, que devem ser confrontados com as contradições daqueles que os pretendem representar no governo de uma forma que não se resuma à política da denúncia feita aprioristicamente, que é insuficiente.
Uma variante deste argumento inspira-se numa ideia ainda mais discutível: o PS já não seria de esquerda, ao acompanhar a viragem neoliberal da social-democracia que inspirou Schröder, Blair, Hollande ou Sócrates e deve ficar fora do apelo de unidade à esquerda. É uma concepção que despreza a natureza ambivalente de um partido com uma direcção que habitualmente executa políticas de direita, mas visto pelos trabalhadores como sendo de esquerda e no qual a maioria deles se reconhece. O único partido a tirar vantagem desta abordagem é o PCP, pois alimenta aquela clivagem histórica da esquerda que lhe assegura o controlo de bases sem contágios. Não pode ser inspiradora para mais ninguém, sobretudo para os que não dispõem dessa implantação e antes precisam de a conquistar.
A resolução da tensão enunciada deveria passar por uma iniciativa que ganhasse dinâmica à esquerda e perante a qual toda a esquerda fosse responsabilizável, que não desistisse de influenciar e acompanhar o conflito e as diferenciações que pudessem surgir na consciência de muitos milhares de portugueses que se revêem nos grandes partidos de esquerda ou sem partido. Seria uma "carta contra a austeridade", construída de forma articulada com o contributo de um leque abrangente de sugestões, individuais e colectivas, partidárias e de movimentos sociais, no terreno das lutas concretas e das experiências de cidadania, o instrumento adequado para estruturar uma frente contra a austeridade mobilizadora e eficaz.
Professor da Universidade de Coimbra


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

INTERVENÇÃO DE CARLOS BRITO EM VRSA

Revoltosos no 5 de Outubro de 1910 com a Bandeira da Carbonária.
Divulgamos pelo seu interesse esta palestra de Carlos Brito.


Os 104 anos do 5 de Outubro
no 40ª aniversário do 25 de Abril *


Senhoras, Senhores
Caros amigos

Sou de um tempo em que o 5 de Outubro era uma jornada de luta. Era o tempo da ditadura fascista., das liberdades sufocadas, especialmente, os direitos de reunião e de manifestação.
O aniversário da Revolução que derrubou a monarquia, em 1910, era pretexto para a resistência democrática tentar impor esses direitos a coberto de «inofensivas» romagens de saudades aos túmulos e às estátuas dos grandes vultos do regime republicano.
No entanto, a PIDE e as outras forças repressivas, estavam alerta como sempre, reforçavam o policiamento e à menor tentativa de manifestação carregavam com toda a violência sobre os manifestantes, que respondiam com gritos de «Viva a República!», «Abaixo o fascismo!» «Queremos liberdade!».
O dia ficava marcado por cargas de bastonada, perseguições, outras brutalidades policiais, correrias e, às vezes, muitas prisões.
No dia seguinte, entrava censura, os jornais nada diziam: o fascismo reprimia ferozmente e ao mesmo tempo silenciava a repressão.

Mas esta implacável repressão nunca conseguiu acabar com a corrente combativa representada pela comemoração do 5 de Outubro que se aguentou, ano após ano, ao longo dos 48 da ditadura, até entroncar no 25 de Abril.
Achei por isso muito feliz a iniciativa da Liga dos Amigos do Mestre Manuel Cabanas, bem à altura do republicanismo do seu patrono, esta de promover uma comemoração dos 104 anos do 5 de Outubro no 40º aniversário do 25 de Abril. E assim, aceitei com todo o gosto o convite que foi me feito pelo Dr. Caldeira Romão para me associar a esta comemoração, que vivamente saúdo.

A ditadura odiava, naturalmente, o 5 de Outubro, mas o seu simbolismo patriótico é tão forte que nunca se atreveu a acabar com o feriado na data histórica da implantação da República em Portugal.
Foi preciso chegarmos a 2012 para que actual Governo, desprovido de sentido republicano, sob a pressão dos credores estrangeiros, através da «troica», invocando pueris argumentos economicista e o alegado excesso de feriados, ousasse decretar a suspensão do feriado que assinalava esta data histórica.
Sou dos que não me conformo! As palavras que se seguem representam, a este propósito, indignação, protesto e reclamação.
O 5 de Outubro pelo longo período de propaganda patriótica e republicana que o precedeu, pelo regime democrático que instaurou –a 1ª República – pelo papel de resistência à ditadura que constituiu,  tem um simbolismo muito especial na nossa história: representa o entranhamento do apego à liberdade na consciência nacional.

O acto revolucionário que ocorreu nos dias 4 e 5 de Outubro de 1910, não teve expressão comparável com a das tropas sublevadas em movimentação por todo o país, como aconteceu no 25 de Abril. Foi circunscrito a Lisboa, mais precisamente à Rotunda, que depois se chamou de Marquês de Pombal, onde se concentraram os revoltosos, civis e militares, dispostos a tudo para derrubar a monarquia. Tinham o apoio de algumas unidades do exército, do quartel dos marinheiros e a intervenção activa de alguns navios da Armada, surtos no Tejo. As poucas forças armadas que se manifestaram fiéis à monarquia, depois de algumas tentativas inconsistentes de ataque aos revolucionários da Rotunda, reconheceram que não tinham força para os enfrentar e renderam-se ao segundo dia. A Revolução triunfou. Foi então proclamada a implantação da República, pelos líderes republicanos, das janelas da Câmara Municipal de Lisboa. No resto do país, a República foi implantada por telégrafo, como se dizia então, sem a menor resistência ou oposição, de tal maneira a monarquia estava moribunda e o heroísmo dos
republicanos revoltosos interpretava a vontade nacional.

Duas décadas antes, o movimento republicano tinha crescido exponencialmente e ganho raízes no país nas grandes lutas contra a vergonhosa rendição da monarquia ao Ultimato inglês sobre as colónias. Nasceu então a Portuguesa tornado Hino Nacional depois do 5 de Outubro e até hoje. Na sua letra original dizia:
Às armas! Ás armas!
Sobre a terra sobre o mar.
Às armas! Ás armas!
Contra os bretões
Marchar, marchar.
Os bretões eram, é claro, os ingleses, o que foi substituído por canhões ao tornar-se o Hino Nacional.
Com este mesmo espírito, os propagandistas identificavam a República com a Pátria.
O poeta Guerra Junqueiro proclamava:
«Republicano e patriota tornaram-se sinónimos. Hoje quem diz pátria, diz república. Não uma república doutrinária, estupidamente jacobina, mas uma república larga, franca, nacional, onde caibam todos.»
 O Professor Teófilo Braga, que veio a ser o chefe do Governo provisório saído do 5 de Outubro, sustentava então que a República seria o «chamamento geral do povo a uma intervenção imediata, eficaz, constante, na direcção dos seus destinos»
O filósofo, Sampaio Bruno, asseverava:
«A República é sobretudo uma regeneração moral.»

O novo regime procurou corresponder aos votos dos seus teóricos. Há um consenso entre os historiadores de que a primeira grande inovação que a República de 1910 trouxe aos portugueses foi «a restauração da moralidade»
A monarquia tinha-se afundado, nos últimos anos, em sucessivos escândalos financeiros, a promiscuidade entre a política e os negócios tinha chegado e envolvido a própria casa real.
A governação republicana foi generosa para os adversários políticos derrotados, mas foi implacável contra a corrupção, os negócios sujos apoiados pelo Estado, o favoritismo e o compadrio em matéria financeira.
A sua orientação e prática pautaram-se pelo rigor e a transparência na gestão dos dinheiros públicos. Seria impensável que um ministro da República pudesse dizer «Não me lembro!», tratando-se de contas que tivessem implicação com Estado.
O activista republicano era formado na sobriedade de vida, na honradez e no absoluto respeito pela palavra dada. Ainda conheci um ex-governante da República de quem se dizia: «A sua palavra vale mais do que um assento no notário.» É, também, sempre recordado o exemplo do Presidente da República, Bernardino Machado, que se deslocava de transporte público, de eléctrico, nas idas e vindas ao palácio de Belém.
Acho que estes exemplos revestem uma grande actualidade.

O legado da República compreende a realização de grandes reformas democráticas em domínio essenciais, como: a educação e o ensino - a sua maior prioridade - o municipalismo, a emancipação da mulher, a democratização e secularização da vida pública, o exército de milicianos - e. a par delas, a exaltação do patriotismo.
Este último funcionava de tal maneira no plano político e diplomático, que Lenine caracterizou o Portugal, desse tampo, como «um país economicamente dependente, mas politicamente independente».

A obra da Republica foi, no entanto, bastante limitada pela sua curta duração, apenas 16 anos, para mais entrecortados por duas ditaduras - Pimenta de Castro e Sidónio Pais – e pela participação do país na  Grande Guerra .
A sua base revestia, também, a fragilidade de nunca ter intentado a transformação das estruturas socio-económicas em que assentava e continuou a assentar o poder da reacção, ao contrário do que se fez no seguimento do 25 de Abril de 1974.
Além disso cometeu graves erros de orientação que a enfraqueceram e apressaram a sua queda.
Refiro dois.
Primeiro, o fanático anticlericalismo dominante nas hostes republicanas que facilitou que as oposições - monárquica, nacionalista e reaccionária - se pudessem unir e fizessem da religião o eixo do ataque à sua base de apoio
e mais tarde um ponte básico da plataforma para o golpe de Estado do 28 de Maio.
Secundo, mas não menos importante, as más relações que a República sempre manteve com o movimento operário, onde o anarco-sindicalismo tinha grande influência. O divórcio começou com a reacção violenta das organizações sectárias republicanas, como a Carbonária, às primeiras greves operárias após a implantação da República e se manteve ao longo de grande parte da vida do regime republicano.
A situação só se veio a alterar significativamente pelo final da primeira metade dos anos XX, do século passado, com o governo de José Domingos dos Santos.
Este líder da ala esquerda do PRP ao ser empossado pelo Presidente da República, o algarvio Manuel Teixeira Gomes, como Presidente do Ministério (isto é primeiro-ministro) anunciou que o objectivo do seu governo era «realizar uma política para todos e não apenas para uma determinada casta». Em conformidade, iniciou uma acção governativa com medidas favoráveis à pequena burguesia e aos trabalhadores e de firmeza perante o negocismo, os bancos e as organizações patronais. Rapidamente recebeu aplausos da imprensa operária, dos sindicatos e das organizações políticas dos trabalhadores, incluindo do recém formado Partido Comunista Português, que organizaram uma grande manifestação popular de apoio ao governo,. A GNR, influenciada pelo patronato, atreveu-se a reprimir violentamente esta manifestação. O Primeiro Ministro, caso nunca visto na nossa história, tomou o partido dos trabalhadores contra as forças repressivas. Declarou no Parlamento: «O governo da República coloca-se abertamente do lado dos explorados, contra os exploradores. Não consinto que a força pública seja para fuzilar o povo.»
Era um sinal de novos tempos. Mas o tempo da 1ª República escoava-se rapidamente.
A11 de Dezembro de 1925, Manuel Teixeira Gomes demitia-se da Presidência da República como protesto contra a divisão, os conflitos internos e falta de respeito pelos compromissos que reinavam nas hostes republicanas, enquanto a conspiração reaccionária, civil e militar, avançava, já sob o comando do grande capital, para a tomada do poder.
A 28 de Maio de 1926 foi o golpe militar que instaurou a ditadura militar que seguidamente deu lugar à ditadura fascista.
Depois começou a resistência antifascista, que teve o primeiro acto significativo no levantamento armado de 8 de Fevereiro de 1927, em que Manuel Cabanas teve participação activa e que originou tanto a sua primeira prisão, como o início do seu longo combate contra a ditadura, que a sua intensa vida de artista e homem de cultura, nunca descurou

Em homenagem à sua memória, termino esta comunicação lembrando palavras que nos deixou, impregnadas de generosidade e de espírito republicano.
São as seguintes:
«Desde muito jovem que entendo que o homem moderno não pertence a si mesmo. Tem de se dar aos outros. Este dar significa ajudá-los a contribuir para dias melhores, a partilhar um pouco da sua felicidade.»

Carlos Brito



* Comunicação apresentada na sessão comemorativa do 5 de Outubro, organizada pela Liga de Amigos do Mestre Manuel Cabanas, realizada em 5 de Outubro de 2014, em Vila Real de stº António.

domingo, 5 de outubro de 2014

O MEU 5 DE OUTUBRO !


O MEU 5 DE OUTUBRO


Hoje, 5 de Outubro, veio-me à memória os meus 5 de Outubro do final dos anos 50, e os dos anos 60 e 70. Já têm mais de meio século os mais antigos que recordo. Íamos para o confronto, para a estátua do António José de Almeida ou para o cemitério do Alto de Sº João, não para comemorar o passado mas para regressar ao futuro, interrompido pelo fascismo. Formalmente continuava-mos em regime republicano, mas não se podia comemorar a data nem os valores republicanos, e tudo acabava em correrias, PIDE e polícia de choque, gritos pela liberdade, cacetadas, prisões.
Hoje, dia 5 de Outubro sinto-me regressado ao passado, sem feriado, com o futuro novamente roubado. Não era isto com que sonhamos, não era isto que queríamos, aspirava-se a uma sociedade mais humana, mais justa, mais fraterna e solidária.
Hoje o mercado e a ideologia que o suporta está em andamento acelerado, tudo quer, de tudo se vai apoderando, tudo se vai privatizando. Corpos, consciências e almas. A energia, a água, os transportes, a saúde, a educação, a justiça, a técnica e a ciência, os órgãos de comunicação, as comunicações, a banca, os seguros, a arte e a cultura, o desporto. A pesca, a indústria e a agricultura. Os feriados e dias festivos. As praias, as florestas, os rios, o mar. Tudo na esfera da sociedade e da vida está em transição do público para o privado. Tudo é ou será mercado. Só sobrevirá o que der lucro. O único mercado que será suprimido será o mercado do trabalho.
O olhar distraído ou propositadamente desfocado da esmagadora maioria dos cidadãos não se dá conta de que já hoje é assim. Os governos na esmagadora maioria não passam do boneco do ventríloquo, os gestos e a voz são manipulados pela finança. Depois da terceira via e do desastre soviético a ideologia, esse empecilho,  foi profundamente atingida e posta em causa. Os partidos do chamado "arco do poder" são cópias uns dos outros em todo o lado. Ainda são úteis os outros pequenos partidos contestatários, remetidos para o "arco do protesto" para dar aparência democrática à ditadura do capital. Sabem que não se unirão, pelo contrário irão dividir-se perpetuamente até à sua completa inutilidade.
Entretanto renascem as hordas fascistas pela UE e já penetram no "arco do poder". E em futuro se calhar não longínquo, os partidos serão considerados desnecessários e serão formados governos "tecnocratas" de "sábios" para tomarem conta, como capatazes, de grandes áreas do Mundo. Já tivemos recentemente uma curta experiência.
As nações já são um obstáculo ao mercado, que se quer cada vez mais desregulamentado e sem entraves. Repare-se nas negociações entre a UE e os EUA no momento para um acordo transatlântico, do qual pouco ou nada se sabe, mas transpirou que um dos pontos propostos seria a criação de tribunais internacionais privados para julgarem conflitos de interesses entre os estados e as multinacionais.
A ONU acabará dado que se as nações já não existem ou não têm poder não se justificando gastar  dinheiro com coisas decorativas sem sentido.
Cada vez mais as polícias e as forças militares estão a ser privatizadas. Alguns exércitos não passam hoje de forças pagas pelos dinheiros públicos para servirem interesses privados e indústrias de armamento.
As religiões privadas crescem em número e fiéis e competem com as tradicionais. Um dia poderá instalar-se em Roma um papa ou um "ái-a-tola" de uma qualquer seita nomeado por um conselho de multinacionais. Isto da religião é uma coisa muito séria para deixar andar os deuses à solta.
Dentro do privado irão agudizar-se conflitos entre os pequenos proprietários e os grandes grupos económicos. Até há quem diga que é um absurdo as pessoas serem proprietárias das casas onde vivem. Deveriam serem todas entregues a grupos económicos, e pagarem uma renda pela casa de que hoje são proprietários. Mais, nas futuras construções deveria ser proibido construírem cozinhas, e todos deveriam tomar as refeições em grandes restaurantes e cantinas privadas construídas para o efeito.
Alto!, o melhor será ficar por aqui. Uns rirão do que foi escrito, outros acharão que estou a exagerar e sou ultra pessimista. Oxalá me engane. Na televisão neste momento está a tocar a Nona Sinfonia do Beethoven para fazer publicidade a uma marca de bolachas. A cultura ao serviço do mercado.
Agora vou a uma sessão evocativa do 5 de Outubro, por curiosidade. Por amizade a quem lá vai, para ajudar a fazer número. Seguramente seremos os do costume, quem mais iria? A anestesia é forte. Não uma sessão oficial, mas iniciativa de uma associação. Oficial começa a ser perigoso, não vá alguém perguntar se isto ainda é uma República.
MC