sexta-feira, 29 de agosto de 2014

OS BASTIDORES DA INTERVENÇÃO E DA MENTIRA

O QUE AQUI SE REVELA JÁ O SABÍAMOS, MAS É IMPORTANTE CONFIRMAR PARA QUE NÃO EXISTAM DÚVIDAS.




RELAÇÕES EXTERIORES DOS ESTADOS UNIDOS, 1969-1976 
VOLUME E-15, PARTE 2, DOCUMENTOS SOBRE A EUROPA OCIDENTAL, 1973-1976, DOCUMENTO 136

136 Memorando preparado para o Comitê 40 1
Washington, 27 de setembro de 1974.
·                ASSUNTO
·          Planos para operações políticas em Portugal
1 Resumo
Esta é uma proposta de ação secreta destinada a manter um governo estável em Portugal, o que permitirá o uso continuado dos EUA da Base de Dados de Açores, e honrar a adesão de Portugal na NATO. É um programa de duas partes: uma fase exploratória será concluída antes de 31 de dezembro de 1974; a principal fase de implementação terá início no final de1974 e ser altamente concentrada durante os primeiros três meses de 1975, levando-se às eleições para a Assembleia Constituinte de março. Essas atividades secretas seriam complementares para um programa geral do Governo dos Estados Unidos com o mesmo objetivo básico. Este programa decorre de averiguação viagem Geral Walters 'para Portugal em Agosto de 1974 Durante esta viagem, o general Walters discutiu suas observações com funcionários da Embaixada do ranking, e, posteriormente, com os Secretários de Estado e da Defesa. Se todas as linhas de ação contempladas são necessárias, estima-se que este programa vai custar cerca de [ valor em dólar não desclassificados ]. Há indicações de que os soviéticos irá financiar a campanha comunista em Portugal. Estimamos que o PCP terá fundos maciços disponíveis e que as campanhas de candidatos comunistas, sob o PCP ou outras bandeiras, será altamente sofisticada e bem financiada. Um relatório dos projectos iniciados e outras recomendações com base em nossa avaliação no final da fase exploratória (31 de dezembro de 1974), será apresentado ao Comitê 40. Este relatório também vai incluir um plano completo para as eleições para a Assembleia Constituinte Março de 1975.
2. Proposta
A. Durante os próximos três meses da fase exploratória deste programa, a Agência irá realizar atividades de inteligência tradicionais dirigidos principalmente contra os quatro elementos-chave do poder político em Portugal, o Movimento das Forças Armadas (MFA), o Governo, a política partes e do setor de trabalho.
[Omitido aqui estão os detalhes da fase exploratória do programa.]
D. Implementação Etapa: Se, como resultado de nosso esforço exploratório, sentimos que um programa de ação política é necessária e seria eficaz, pode incluir os seguintes tipos de atividades:
(1) Supondo-se que uma coalizão centrista parece que a melhor perspectiva para garantir o governo tipo o governo dos EUA gostariam de ver em Portugal, o apoio pode ser dado aos candidatos e / ou partidos políticos selecionados. Isso pode incluir a assistência financeira, e / ou formação de equipes de organização do partido. Isso pode ser feito diretamente ou indiretamente através dos partidos políticos da Europa Ocidental [ 1 linha não desclassificados ].
(2) Incentivo e apoio poderia ser dado a esses oficiais do MFA que parecem favorecer um governo centrista (direita ou centro-esquerda ao centro) em Portugal, e tentar influenciar esses oficiais para trabalhar em conjunto com os líderes políticos centristas ou grupos.
(3) [ menos de 1 linha não desclassificados ] para determinar e monitorar o apoio a candidatos ou grupos apropriados. [ 2 ½ linhas não desclassificados ] capacidades clandestinas também existem para dar conselho profissional para os partidos políticos e indivíduos em organizações eleitorais eficazes e campanhas.
(4) [ 5 linhas não desclassificados ]
E. Para ser eficaz, as atividades secretas acima devem ser realizadas em um programa mais amplo do Governo dos EUA. Isso pode incluir tais ac ostensivação como convites oficiais para visitar os Estados Unidos, estendido para os principais oficiais do governo português, como o general Costa Gomes, e outros, bem como líderes proeminentes ou altos cargos dos principais partidos políticos centristas.Algumas das ações acima, tais como [ menos de 1 linha não desclassificados ] conselho profissional em organizações eleitorais eficazes e campanhas e financiamento mais cedo começa a partidos políticos e indivíduos, [ menos de 1 linha não desclassificados ] trabalho, [ menos de 1 linha não desclassificados ] pode ter de ser implementadas em parte durante a fase exploratória desta proposta.Tendo em vista o pouco tempo disponível entre 31 dezembro de 1974 e as eleições de março de 1975, e para salvar os atrasos decisão relativa à aplicação de certas actividades directamente relacionadas com as eleições de março, a aprovação da política também é solicitado para financiamento cedo se começa, se a avaliação CIA sugere que eles são susceptíveis de ser produtivo. Um relatório após o fato será submetido ao Comitê 40 pormenorizadas dessas atividades implementadas antes de 31 de dezembro de 1974, juntamente com uma estimativa de custos.
3. Alternativas
Os EUA podem ficar de fora da política portuguesa e deixar o curso natural dos acontecimentos ocorrem. A ação indicado na fase de execução seria realizada apenas se a avaliação durante a fase exploratória indica que o comunista e / ou outros grupos hostis ao Governo dos EUA tendem a dominar o próximo governo. A possibilidade de estimular elementos de direita, quer isoladamente ou em combinação com grupos militares da mesma opinião dos indivíduos não é considerada nesta alternativa, uma vez que se assume que o Governo dos EUA não favorece um retorno a um governo autoritário do país neste momento .
4. Riscos e planos de contingência
Esta proposta, como mencionado acima, é projetado para ser complementar a um programa do governo dos EUA mais amplo, com o objetivo de impedir uma aquisição Comunista do Governo Português. Esta proposta, portanto, deve se encaixar na posição aberta, pública dos EUA. O fato de que os EUA estariam abertamente jogando seu peso contra uma tentativa comunista para dominar o próximo governo vai gerar algumas críticas; no entanto, tal crítica seria aceitável em termos de nossos objetivos.
As atividades secretas descritas neste documento são projetados para ocultar US envolvimento oficial, minimizando assim o risco de embaraço para os EUA e um governo amigável Português. Atividades secretas serão implementadas depois de ter desenvolvido a base para um julgamento até o final da fase exploratória (31 de dezembro de 1974) de se realizar os riscos das operações eleitorais é ditada pela situação.
5. Coordenação
Esta proposta foi elaborada a pedido específico do Departamento de Estado. Foi coordenado e aprovado, em geral, pelo Embaixador e Chefe Adjunto da Missão, em Lisboa.
6. Custos
Estima-se que o nível de custo da proposta será de aproximadamente [ valor em dólar não desclassificados ] que será financiado pela CIA. A fase exploratória pode exigir alguns recursos adicionais que seriam gastos pela CIA sob esta aprovação política, se necessário. Com base em nossa avaliação no final da fase exploratória (31 de dezembro de 1974) e, dependendo da viabilidade e conveniência de um maior envolvimento em uma operação de eleição, também podem ser necessários recursos adicionais durante a fase de implementação, que será realizado durante os três primeiros meses de 1975, que antecedeu a eleição de março. Um relatório será elaborado até 31 de Dezembro e enviado para o Comitê 40 cobrindo os resultados de quaisquer atividades iniciadas durante a fase exploratória, juntamente com os planos e recomendações para futuras atividades completas e despesas projetadas para a eleição de março.
A composição desses recursos por categorias gerais é a seguinte:
gráfico (10 linhas) não tenham sido desclassificados ]
7 Recomendação
Recomenda-se que o Comitê 40 aprovação da proposta, incluindo o nível de financiamento.
1  Resumo: O memorando esboçou uma proposta de ação secreta em Portugal.
Fonte: Arquivo Nacional do Conselho de Segurança, Ford Intelligence Files, Portugal-GRF.Segredo; Eyes Only. A notação escrita à mão, na parte superior da nota diz: "Votos solicitado 9-30-JCS-OK 02 de outubro, DOD-OK 08 de outubro" Não há indicação de como os outros 40 membros do Comitê votaram foi encontrado, mas a proposta foi aparentemente aprovado pela Comissão 40.





LIBERDAE E DESIGUALDADE

1º de Maio de 1974 em VRSA

Num mundo desigual, a liberdade é um privilégio de alguns e não um bem universal
26/08/2014 –

É estranho ver alguém defender denodadamente a ideia de liberdade e denegrir em seguida a ideia de igualdade (ou contestar a sua possibilidade), como se a segunda não fosse condição da primeira.


A crise económica e social que temos vivido nos últimos anos, à qual se somou uma crise de segurança internacional, tem uma única virtude: prova-nos que nada está adquirido para sempre em termos civilizacionais e obriga-nos a revisitar questões que supúnhamos definitivamente consensuais e a reflectir sobre problemas que, apesar de os sabermos fundamentais, negligenciámos como sociedade durante muito tempo, esperando que o tempo os fizesse desaparecer ou os varresse pelo menos para longe da nossa vista.
Uma dessas questões é a questão da igualdade, um valor que desde a Revolução Francesa separa águas entre esquerda e direita e que reapareceu com uma agudeza acrescida com a consciência das desigualdades crescentes das nossas sociedades, depois de décadas em que o ideal democrático, o primado da lei e o desenvolvimento tecnológico pareciam prometer-nos a distribuição justa de uma riqueza crescente com bem-estar para todos.
Para a extrema-direita económica que governa o mundo ocidental, que designamos ironicamente como neoliberal (ironicamente porque é de facto velha e porque abomina toda a liberdade que não seja a dos privilegiados), a desigualdade é simultaneamente inevitável e extremamente positiva. "Inevitável", porque, sendo os homens naturalmente diferentes, qualquer hipotético estado de igualdade inicial depressa daria origem a desigualdades, pela diferente forma como cada um reage ao meio e explora as oportunidades que se lhe oferecem. "Positiva", porque, dizem, essa desigualdade é o verdadeiro motor do progresso, incitando cada um a melhorar a sua sorte e a fazer o possível por atingir um nível de bem-estar superior ao do seu vizinho. A direita neoliberal oscial entre os dois argumentos, refugiando-se no argumento da "inevitabilidade" quando é confrontada com a injustiça evidente de certas situações de desigualdade e a sua falta de vontade em as reduzir e argumentando com a "desigualdade-factor de progresso" sempre que a audiência é receptiva. Para a direita neoliberal, decorre destes argumentos que a desigualdade na sociedade é justa, porque corresponde, para os privilegiados, a uma recompensa pelos seus talentos naturais e do seu esforço e, para os excluídos, a um castigo pela sua falta de talentos e de esforço.
A argumentação é tão frouxa que não valeria a pena rebatê-la, se não se desse o caso de ela colher um considerável apoio popular, graças a uma barragem de propaganda que não tem limites orçamentais e que conseguiu vender a ideia do sonho americano "from rags to riches" ao universo de indigentes acorrentados à televisão que veio substituir o que já se chamou proletariado. Basta considerar o carácter hereditário da riqueza e da pobreza e a sua acumulação crescente nos dois extremos do espectro social ao longo dos séculos para destruir qualquer ideia de "mérito" dos privilegiados ou "demérito" dos deserdados. Aliás, se algum destes neoliberais levasse a sério a sua teoria do mérito e a sua defesa do liberalismo económico, deveria ser um feroz adversário de todas as rendas e das heranças e um opositor da captura do Estado pelas empresas. Na realidade, dedicam as suas vidas a tentar reforçar os seus privilégios, obtidos por nascimento, por tráfico de influências ou ambos.
É estranho ver alguém defender denodadamente a ideia de liberdade e denegrir em seguida a ideia de igualdade (ou contestar a sua possibilidade), como se a segunda não fosse condição da primeira. A realidade é que, num mundo desigual, a liberdade não existe como valor universal, igualmente acessível a todos, igualmente devida a todos, igualmente propriedade de todos. Num mundo desigual, a liberdade é um privilégio de alguns, distribuído de acordo com os princípios que regem a distribuição desigual - quer se trate de bens materiais ou morais. Só se defende a liberdade como valor quando se defende a igualdade no seu acesso. De outra forma, apenas se defende a liberdade de alguns, e sempre em detrimento de outros. Trata-se não de uma defesa da liberdade mas de uma visão plutocrática da liberdade, anti-liberal por excelência porque anti-igualitária. Da mesma forma, apenas se defende a saúde quando se defende a "saúde para todos" e apenas se defende a educação quando se defende a "educação para todos".
É evidente para quem o queira ver que a desigualdade entre um desempregado sem subsídios e um trabalhador com um emprego estável e uma remuneração decente definem graus de liberdade para cada uma destas pessoas que se encontram a anos-luz de distância e o mesmo acontece, noutro grau, quando as diferenças são menos extremas.
Admitir as desigualdades não significa admitir apenas a pobreza, a carência extrema e o sofrimento gratuito lado a lado com a opulência, a fome ao lado do desperdício. Significa admitir uma modulação da liberdade, de acordo com a riqueza de cada cidadão. Significa admitir um "mercado" onde a liberdade se compra e se vende como uma mercadoria e não é um valor universal.
Arvorar em valor a liberdade mas defendê-la sobre o pano de fundo de uma inevitável desigualdade é, na realidade, o extremo oposto da liberdade. É a liberdade dos fortes e a submissão dos fracos. Como dizia no século XIX o dominicano Henri Lacordaire, "entre o forte e o fraco, entre o rico e o pobre, entre o senhor e o servo, é a liberdade que oprime e a lei que liberta". jvmalheiros@gmail.com 
http://s.publico.pt/NOTICIA/1667570 http://s.publico.pt/politica/1667570 http://s.publico.pt/opiniao/1667570


terça-feira, 26 de agosto de 2014

SÃO SEMPRE OS POBRES QUE PAGAM AS CRISES!



A crise no BES e os pobres
JOSÉ ANTÓNIO PINTO 
25/08/2014
Por que razão este Governo é tão forte com os fracos e tão fraco com os fortes?
Que interferência terá a actual crise do Banco Espírito Santo na vida das pessoas mais pobres que vivem em Portugal? Esta catástrofe financeira, obscura, escondida, cheia de mentiras e truques, caracterizada por fraudes, favorecimento de credores, falsificação de contas, gestão danosa, entre outros expedientes, vai agravar ainda mais as miseráveis condições de vida dos meus utentes.
As pessoas que vivem com insuficiência de recursos económicos e com grande dependência dos serviços sociais do Estado e das instituições particulares de solidariedade social não costumam ter conta no banco, não têm dinheiro para encher o frigorífico de alimentos, não têm dinheiro para comprar acções, não têm emprego. Não são accionistas, não são depositantes, não são clientes, não são funcionários do BES. São apenas beneficiários de Rendimento Social de Inserção, recebem 178 euros por mês. Se forem casados e tiverem três filhos, o valor do cheque pode chegar aos 350 euros. Uma fortuna, uma pipa de massa, expressão recentemente utilizada por Durão Barroso.
Para evitar que estas pessoas prejudiquem o Estado e desequilibrem as contas da nação, para evitar que os contribuintes através dos seus impostos não estejam a apoiar com esmolas quem não merece, quem não precisa, quem não quer trabalhar, quem não está em situação de emergência e aflição social, o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas fez uma lei de perseguição ideológica a estes pobres. A fraude existente na atribuição do rendimento mínimo é um escândalo, uma vergonha nacional, motivo de indignação por todos os que reclamam justiça e transparência na gestão de dinheiros públicos, segundo estes governantes perdem-se muitos euros que fazem falta a quem realmente está a precisar da ajuda do Estado.
Sobre isto sempre defendi, como técnico do terreno, que é necessário combater todas as fraudes e irregularidades, no acompanhamento diário destas famílias sempre colaborei com os serviços de fiscalização da Segurança Social para evitar ilegalidades e desincentivar os utentes a adaptarem comportamentos desviantes de sobrevivência. Mesmo assim, a experiência profissional e alguns estudos académicos já publicados têm-me ajudado a perceber que, afinal, a fraude na atribuição do RSI é uma migalha insignificante, invisível, sem expressão no bolo que o Estado gasta no conjunto das prestações sociais. Também tenho percebido nesta ligação técnica às famílias que mais importante do que a fiscalização repressiva, estas pessoas desqualificadas, desmunidas dos principais recursos económicos, escolares, sociais e culturais, precisam é de oportunidades para saírem da medida. Precisam que a dÍvida à troika seja rapidamente renegociada e de emprego com direitos. Muitas recebem RSI e fazem biscates, porque só assim conseguem dar de comer aos seus filhos. Mesmo a trabalhar e com salário mínimo declarado, muitas famílias recebem RSI e não conseguem romper com o seu ciclo de pobreza.
Para domesticar e humilhar estas famílias existe legislação, existe tutela, supervisão, fiscalização, vigilância, repressão. E castigo para quem mente, para quem engana o Estado, para quem se quer apropriar indevidamente do pouco dinheiro dos contribuintes que afinal é de todos?
Sendo assim, tenho agora de perguntar o seguinte: por que razão este Governo é tão forte com os fracos e tão fraco com os fortes?
Afinal quem mente, os pobres do RSI ou o governador do Banco de Portugal? Que mentiras provocam mais estragos ao país, as mentiras dos pobres ou as mentiras dos poderosos respeitáveis da alta finança? Afinal não existia no BES nenhuma almofada financeira para tapar os buracos do crédito malparado; afinal a crise no grupo sempre afectou o funcionamento do banco; foi necessário afastar da gestão do banco Ricardo Salgado; os testes de stress ao banco, afinal não provaram solidez financeira nenhuma.
A maioria dos desempregados em Portugal não tem acesso a qualquer apoio económico no período de desemprego. As escolas públicas continuam a funcionar com menos professores e técnicos para dar apoio a crianças com necessidades educativas especiais, os centros educativos não têm vagas para acolher mais jovens condenados, um grupo de organizações não governamentais, entre as quais a Amnistia Internacional e a Caritas Portuguesa, considera que não existe estratégia nem políticas sociais consistentes para combater a pobreza em Portugal. Em 2014, segundo dados do Instituto da Segurança Social, 20,8% dos beneficiários de RSI foram excluídos desta medida de apoio. Mais de 38 mil idosos perderam no mesmo ano o complemento solidário para idosos. Não há dinheiro para proteger as pessoas da pobreza e da exclusão social, mas há dinheiro para pagar as dívidas da família Espírito Santo. Há dinheiro para em 2014 gastar 511 milhões de euros nas rendas das parcerias público-privadas com derrapagem de 84 milhões de euros só nas parcerias rodoviárias.
Há dinheiro para, sem qualquer tipo de garantia ou segurança, o Estado emprestar ao Fundo de Resolução 4400 milhões de euros para recapitalizar o BES.
Os banqueiros continuam a ter na mão o poder politico e, quando não têm o dinheiro dos depositantes nos seus cofres, têm o dinheiro dos contribuintes para os salvar de todas as irresponsabilidades e manobras gananciosas do capitalismo financeiro. Os pobres já pagaram a crise do BPN e vão pagar agora a crise do BES. Enquanto não chega a informação, o esclarecimento, a consciencialização, a politização organizada e a qualificação deste grupo social, os pobres, para melhorar a sua situação social, têm rapidamente de se tornar donos de um banco falido, especializar-se em gerar produtos financeiros tóxicos, obrigar o Estado a recapitalizar os seus prejuízos, meter medo aos accionistas, surpreender os mercados e aterrorizar o funcionamento da bolsa de valores.
Assistente social


terça-feira, 19 de agosto de 2014

DAR O OURO AO BANDIDO!

Bandido brasileiro com ouro roubado! Onde chegamos, roubar as Misericórdias...

Opinião
Governo quer dar ao bandido o ouro da Misericórdia de Lisboa
19/08/2014
O decreto agora aprovado é um gesto anti-patriótico, um gesto contra a segurança social e um gesto contra os pobres.
Uma lei ou um decreto não entram em vigor quando são aprovados pelo Governo ou pelo Parlamento, nem sequer quando são promulgados pelo Presidente da República, mas apenas quando são publicados. Numa democracia, é o facto de dar a conhecer as leis aos cidadãos e de as expor ao julgamento público (porque, mesmo depois de entrar em vigor, uma lei pode sempre ser revogada ou alterada se for julgada injusta ou ineficaz) que as torna de facto leis da República.
A publicação é uma condição necessária (ainda que não suficiente) para conferir a uma lei a sua dignidade e a sua validade porque a publicação, o conhecimento pelo povo, é a condição primeira da participação e da escolha democrática.
Mas este está longe de ser o único caso em que a publicação, a transparência, a exposição ao julgamento público é considerada essencial à validade de um processo político ou jurídico. Todos conhecemos o caso dos casamentos, contratos públicos, onde é obrigatória a publicação prévia de banhos e a sua celebração de porta aberta, ou o caso dos julgamentos, cerimónias públicas por excelência, onde apenas circunstâncias excepcionais, relacionadas com a protecção de valores superiores e devidamente justificadas (protecção de menores, por exemplo) podem permitir a sua realização de porta fechada.
Mesmo no caso das leis, a publicação não é um procedimento apenas devido após a conclusão do processo. Numa democracia, todo o processo de produção das leis tem de ser absolutamente transparente e estar sempre exposto ao escrutínio público. O povo tem o direito a saber quem propôs uma lei, quem escreveu a proposta, quem foi ouvido para a sua preparação, que discussão teve lugar, quem defendeu que posição e com que argumentos, que alterações lhe foram introduzidas durante a discussão, quem a aprovou, quem votou contra e quem se absteve e com que argumentos, etc.
E esta transparência não se pode restringir à discussão nos plenários do Parlamento, que é a parte mais espectacular mas a mais superficial da produção legislativa. Ela tem de incluir todos os trâmites processuais, incluindo as posições das inúmeras entidades cuja consulta os deputados considerem necessária e que deveriam ser sempre disponibilizadas para consulta dos cidadãos, no dossier de documentos preparatórios que deveria estar disponível nos sites do Parlamento e do Governo para consulta pública, ao lado de cada diploma em discussão ou aprovado.
Qualquer sonegação de informação, qualquer encobrimento habilidoso fere de morte o processo legislativo e descredibiliza os políticos e, por arrasto, a própria democracia. É por isso que é sempre particularmente grave ver o mês de Agosto ou o período do Natal serem aproveitados para "enfiar" à sucapa algumas leis controversas ou uns concursos destinados apenas a alguns amigos avisados, enquanto o povo está distraído, em férias e festas. É esse o caso da FCT, que abre e fecha em Agosto um concurso para bolsas de gestão de ciência e tecnologia ou, o que é muito mais grave, o caso do decreto da Assembleia da República de 25 de Julho que "autoriza o Governo a legislar sobre o regime jurídico da exploração e prática do jogo online".
Na prática, como já foi denunciado nomeadamente por José Ribeiro e Castro (único deputado da maioria a votar contra, honra lhe seja feita) este decreto, contestado por toda a oposição, abre a porta à privatização dos chamados jogos de fortuna e azar, como a lotaria, o totobola e o Euromilhões, com a desculpa aldrabona de que é preciso regulamentar o jogo online e que isso passa pela sua liberalização. É falso, mas o lobby do jogo, que possui muitos milhões para influenciar vontades, não tem olhado a meios nem a despesas para enfiar esta cunha através da qual espera conseguir finalmente destruir o monopólio da Misericórdia de Lisboa e apoderar-se dos seus enormes lucros, que actualmente alimentam a Segurança Social.
A iniciativa legislativa que pretende dar ao bandido o ouro da Misericórdia de Lisboa é do secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, e a ideia é simples. O que se pretende é abrir uma excepção no domínio dos jogos de azar, permitindo a entrada de entidades privadas, de forma a destruir aquela que tem sido a argumentação do Estado português na União Europeia em defesa do monopólio do jogo por parte da Misericórdia - o seu objectivo social, a necessidade de não promover o vício do jogo, etc...
A actual situação portuguesa é perfeitamente compatível com as regras da UE (ao contrário do que dizem as vozes seduzidas pelo lobby) mas deixará de o ser se o próprio Estado abrir uma excepção. O decreto agora aprovado é por isso um gesto anti-patriótico, que mina uma posição de defesa nacional; um gesto contra a Segurança Social, que mina uma fonte essencial do seu financiamento; um gesto contra os pobres, que beneficiam dos serviços da Misericórdia; e um gesto em favor das grandes empresas de jogo, que assim conquistam mais uma ferramenta de alienação e de exploração dos trabalhadores. Uma das portas que o novo decreto abre é, sintomática e tristemente, a publicidade ao jogo, numa era onde se tenta restringir cada vez mais a publicidade ao tabaco e ao álcool por razões de saúde pública.
O jovem Adolfo Mesquita Nunes está orgulhoso porque sabe que, com esta fulgurante medida, a sua carreira política e o seu futuro estão garantidos. O Governo, por seu lado, exulta, com mais uma medida que nos vai roubar a todos mais umas centenas de milhões de euros por ano e enfiá-los no bolso de grandes senhores da finança.




segunda-feira, 11 de agosto de 2014

NOTÍCIAS À ESQUERDA 7 (MÁS)

NOTÍCIAS À ESQUERDA  7

Estas são más notícias para a esquerda, as recentes sondagens não são nada animadoras. A direita, apesar da tragédia que fez desabar sobre o país, aguenta-se.

Socialistas e sociais- -democratas separados por dois pontos, numa sondagem em que toda a esquerda desce. Brancos e nulos ganham adeptos
Se as eleições legislativas acontecessem agora PS e PSD estariam numa situação próxima do empate, ainda que os socialistas levassem uma pequena vantagem. Desde que entrou em disputa interna, em Maio, o PS não pára de cair nas intenções de voto. De acordo com o barómetro i /Pitagórica deste mês, apesar de os ânimos estarem mais calmos no Largo do Rato, o pico de 38,7% de votos registado em Abril continua a ser uma miragem para os socialistas: em Julho as intenções de voto fixavam-se nos 30%, apenas 1,9% à frente do PSD.
A perda de votos do PS foi, ainda assim, menos expressiva entre Junho e Julho, período em que se registou um decréscimo de 0,6% nas intenções de voto. No barómetro anterior os socialistas tinham registado uma queda de quase nove pontos.
Com o PSD estagnado na casa dos 28%, a CDU e o Bloco de Esquerda a perder votos face aos resultados de Maio e o CDS com uma ligeira subida, as intenções de voto dos portugueses deslocam-se para outros partidos, votos brancos e nulos - que, somados, alcançaram os 14,6% em Julho. Nas europeias os votos brancos e nulos alcançaram uns expressivos 7,4%.
Num barómetro em que toda a esquerda desce, a CDU, que verificou uma marcada subida nos votos entre Abril e Maio - mais de 4% -, foi a força política que mais caiu nos últimos dois meses: está agora com 12,7%. Já o Bloco de Esquerda mantém uma prolongada tendência descendente. As divergências internas e a saída de alguns elementos - em Julho a ex-deputada Ana Drago deixou o partido, na sequência da saída da Fórum Manifesto, uma das correntes fundadoras do BE (herdeira da Política XXI de Miguel Portas) - estará a afectar a confiança dos portugueses. Só no último ano, o partido caiu da casa dos 8% nas intenções de voto para os 4,2% que regista neste barómetro.
O parceiro de coligação do PSD é que tem aproveitado estas quebras para crescer nas intenções de voto. Mas trata-se de uma subida com pouca expressão. O partido liderado por Paulo Portas subiu três décimas entre Maio e Julho, após ter estado dois meses em queda acentuada - os centristas desceram mais de 2% nas intenções durante esse período.
10/8/2014 

Coisas que se vão dizendo....


40 militantes pedem que Bloco aprenda com os erros
18/07/2014

Partido Livre, cujo principal rosto é o de Rui Tavares, vê sinais de "recomposição da esquerda" e pede "vocação governativa".
Quatro dezenas de militantes do BE subscrevem um documento no qual reconhecem que o partido atravessa um período difícil e pedem um debate aprofundado que permita corrigir erros. E que não se subestime a saída da Fórum Manifesto, corrente fundadora do partido.
“O BE atravessa um período difícil com repercussões públicas evidentes”, começam por assinalar para depois concluírem que a desvinculação da corrente Manifesto, fundadora do BE, coloca em risco o “contrato fundacional” do partido.
O comunicado, enviado à imprensa esta sexta-feira, é subscrito por 40 militantes, entre eles Carlos Cabrita, Helena Figueiredo, João Madeira, Sara Goulart, José Manuel Boavida, Albérico Afonso, Margarida Santos. A maioria destes militantes apresentou na última convenção do partido, há dois anos, a moção B.
Nessa altura, Daniel Oliveira integrou a moção e o resultado obtido foi de cerca de 20%, o melhor até então conseguido por uma lista não afecta à direcção.
Agora, estes militantes vêm sublinhar que a abstenção e o desprestígio que afectam os partidos são causas a ter em conta no debate, mas há “implicações preocupantes” que resultam da perda de influência do partido e dos abandonos individuais. Reflectem que “um partido não se constrói depurando-se”.
“O Bloco foi e tem de continuar a ser um motor de transformação, para tal deve procurar apresentar-se como uma alternativa política credível e agregadora, que aprenda com os erros”, diz o comunicado.
Livre com vocação governativa
Quem também decidiu reagir à polémica foi o partido Livre, cujo principal rosto é o do ex-eurodeputado Rui Tavares. Vislumbrando "sinais de recomposição da esquerda", os livres afirmam que "se é necessário que as esquerdas construam uma vocação governativa, é necessário então que se entendam, que dêem finalmente prioridade àquilo que as une em vez de insistirem no que as separa".


"Debate" é a palavra-chave das esquerdas nos próximos meses
19/07/2014
Partido Livre apela à "vocação governativa" das esquerdas. Com o "refrão" que seja mais forte aquilo que as une do que aquilo que as separa.
Há uma palavra que une todas as divisões à esquerda a que se tem assistido na última semana. “Debate” podia ser o lema político do BE, Livre e Associação Manifesto nos próximos meses. Já na próxima semana, os dois partidos e o movimento político preparam o contra-ataque às polémicas internas e públicas com ciclos de debates. Disponibilidade para o diálogo, em suma. Haverá frutos? Ninguém arrisca responder.
Numa semana particularmente penosa para o BE, no rescaldo da demissão de Ana Drago, antecedida pela desvinculação da Manifesto, corrente fundadora do partido, a direcção resolveu iniciar um ciclo de mesas redondas “Diálogos à esquerda” com individualidades independentes capazes de reflectirem sobre a actualidade política portuguesa e europeia. 20 pessoas em cada reunião é o objectivo da direcção bloquista, que já dirigiu os convites e deu o primeiro passo esta semana, com a realização de um primeiro encontro num hotel em Lisboa, que durou cerca de cinco horas.
Estes encontros tentam consumar um contra-ataque, dando corpo àquilo que os líderes pediram esta semana: juntar forças à esquerda e não contribuir para a dispersão. Participaram Isabel do Carmo, Pezarat Correia, José Vítor Malheiros, Nunes da Silva, entre outros. A próxima reunião deverá ocorrer só em Setembro.
João Semedo, coordenador do Bloco, confirmou ao PÚBLICO que o guião passa por “responder à evolução das políticas de austeridade e anti-sociais, depois da troika e no quadro da aplicação do Tratado Orçamental, e perspectivar a construção de uma maioria social e política de ruptura e alternativa”.
Porém, no interior do próprio Bloco a agitação permanece. Ontem, quatro dezenas de militantes do BE subscreveram um documento no qual reconhecem que o partido atravessa um período difícil e pedem um debate aprofundado que permita corrigir erros.
O comunicado é subscrito por 40 militantes, entre eles Carlos Cabrita, Helena Figueiredo, João Madeira, Sara Goulart, José Manuel Boavida, Albérico Afonso, Margarida Santos. A maioria destes militantes apresentou na última convenção do partido, há dois anos, a moção B. Nessa altura, Daniel Oliveira integrou a moção e o resultado obtido foi de cerca de 20%, o melhor até então conseguido por uma lista não afecta à direcção.
Agora, avisam que não se deve subestimar a saída da Associação Fórum Manifesto e que um “um partido não se constrói depurando-se”. A conclusão que retiram é a de que a desvinculação da Manifesto coloca em risco o “contrato fundacional” do partido.
A Manifesto, que integra nomes como os dos ex-bloquistas Ana Drago e Daniel Oliveira, também não parece querer perder tempo e já depois da reunião de sábado passado, tem agora agendada para a próxima quarta-feira uma “sessão pública para uma governação decente”.
Com Drago e Oliveira estarão, nomeadamente, os economistas e académicos José Reis e Ricardo Paes Mamede, que participaram no Manifesto 3D, criado no ano passado com o objectivo de convergências à esquerda. “Um momento de urgência como o actual exige a construção de um programa que impeça o desmantelamento do Estado Social e de uma plataforma política disposta a participar na governação” - é este o desafio deixado aos participantes.
Face a todas estas movimentações, o Livre, cujo principal rosto é o do ex-eurodeputado Rui Tavares, vislumbra “sinais de recomposição da esquerda”. E faz o quê? Apela a que construam uma “vocação governativa”, "que se entendam e dêem finalmente prioridade ao que as une em vez de insistirem no que as separa".