quarta-feira, 6 de julho de 2011

RATINGS E LIXO

A agência de rating Moody´s classificou a dívida portuguesa como lixo. Até Cavaco, que dizia que não se devia criticar os mercados, veio a público criticar a Moody´s.
Logo no momento em que o novo governo se esfalfa para mostrar a sua aplicação e obediência aos interesses dos ditos mercados, mais, até para provar que a sua "determinação" vai muito para além do que a Troika exige, aproveitando a boleia para privatizar sectores estratégicos nacionais.
Isto não se faz! É assim que o capital agradece?
As 3 principais agências de rating americanas, que dominam em 90% este tipo de análise e informação especulativa sobre os países e as empresas, foram elevadas a vacas sagradas para orientação dos mercados pelo neoliberalismo do Reagan.
Regem-se pelos seus próprios critérios, e são estes que contam. A UE, o Banco Central Europeu, o FMI ou o Banco Mundial podem afirmar que este país ou aquele banco estão bem e recomendam-se, mas se os seus índices não se enquadram nos critérios das ditas agências nada feito, estas ignoram olímpicamente as outras opiniões e classificam-nos como muito bem entendem, indiferentes às tragédias que provocam.
O curioso é que estas agências não vivem do ar, impuseram-se de tal maneira que são pagas para semear desgraças. O governo português pagou o ano passado qualquer coisa como 11 milhões de euros, e vários bancos portugueses são seus clientes.
Os governos da UE são coniventes com estas agências, falam muito para esconder precisamente que tais "decretos-lei" promulgados por elas, servem às mil maravilhas os mercados para ir destruindo a sociedade de bem-estar construída após a IIGM.
Em 2008, com o rebentar da crise, surgiram as primeiras declarações de alguns governos e da Comissão Europeia de ameaças entre dentes aos mercados, aos off-shores etc. Estamos a meio de 2011 e onde estão as medidas que correspondessem a tais "bocas"? Nada, tudo como dantes.
Em Dezembro de 2009 foi denunciado pelo Gabinete para a Droga e a Criminalidade da ONU que cerca de 352 biliões de dólares provenientes do lucro da droga, tinham sido injectados e absorvidos pelo sistema económico, salvando bancos do colapso. Dito isto é mais fácil perceber que o crime compensa e os off-shores não serão encerrados, o poder político convive bem com estas actividades criminosas. Caso quisessem era tão fácil fechar os ditos...
O mesmo para as agências de rating, bastava que o Conselho de Ministros das Finanças da UE, o ECOFIN, declarasse que a partir deste momento os 27 da UE deixavam de pagar a estas agências, assim como os bancos centrais, e que as suas "análises" deixavam de ser consideradas, e as ditas ficavam em maus lençóis.
Nem a tão falada agência europeia de rating foi concretizada, se alguma vez o for, o que seria a forma soft de tentar combater as moodys.
Sim o lixo existe, e é fácil perceber onde está, no casamento despudorado entre os interesses do mercado e os poderes políticos. Algumas centenas de pessoas em sofisticados escritórios mandam no mundo, rindo-se das "democracias" e dos seus representantes eleitos democraticamente.

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