sábado, 11 de novembro de 2017

NÃO CULTIVAMOS A MEMÓRIA


Hoje, 11 de Novembro, indignam-se muitos pelo facto de se ter permitido um jantar de negócios no Panteão Nacional.
Sim, para mim é chocante.
Mas hoje também faz anos que terminou a I Guerra Mundial. Portugal nela participou e nela morreram mais de 10.000 militares. Não vi qualquer referência nas tv´s a esta data.
Os nossos mortos morrem várias vezes, mas a que mais dói é o esquecimento e a indiferença a que são votados. Como vivi vários anos fora do país assisti anualmente lá fora às cerimónias evocativas do horror que foi esta guerra.
Quando era jovem recordo que havia um sobrevivente da IGM, o "cabo 18", que tinha sido gazeado pelos alemães e sofria de  perturbações por esse facto.

Em VRSA a História também não tem memória. Os seus mortos nas guerras mundiais, na Guerra Civil de Espanha ou nas Guerras Coloniais não existem, evaporaram-se, nem direito a uma simples placa ou nome de rua tiveram. O mesmo em relação aos democratas que lutaram contra a ditadura.

Será que algum dia a autarquia ou algum eleito se lembrarão de, ainda que tarde, remediar tal ingratidão?

Junta-se umas notas sobre a IGM.


Dia do Armistício é o aniversário do fim simbólico da Primeira Guerra Mundial em 11 de novembro de 1918. A data comemora o Armistício de Compiègne, assinado entre os Aliados e o Império Alemão em Compiègne, na França, pelo fim das hostilidades na Frente Ocidental, o qual teve efeito às 11 horas da manhã — a "undécima hora do undécimo dia do undécimo mês". Apesar de esta data oficial ter marcado o fim da guerra, refletindo no cessar-fogo na Frente Ocidental, as hostilidades continuaram em outras regiões, especialmente por entre o Império Russoe partes do antigo Império Otomano.

No total, mais de 70 milhões de militares, incluindo 60 milhões de europeus, foram mobilizados. A guerra causou quase 10 milhões de mortos e deixou 20 milhões de mutilados.

O armistício de 11 de novembro de 1918 marcou para sempre a rendição da Alemanha e o fim da Primeira Guerra Mundial. 

Portugal, que não se envolveu na Segunda Guerra Mundial, esteve na Primeira, em duas frentes: em África, em 1915, defendendo Angola e Moçambique dos “apetites” dos alemães, e em França, a partir de Fevereiro de 1916, depois de um decreto do governo português, a pedido da Inglaterra, ter apresado 70 navios germânicos e dois austro-húngaros que estavam em águas territoriais portuguesas. Como consequência, Guilherme II apresentou a declaração de guerra ao governo português, em 9 de Março de 1916.

Iniciava-se assim a participação formal de Portugal na Primeira Guerra Mundial que, muito em breve, arrastaria o Corpo Expedicionário Português para as trincheiras da Flandres. Estiveram mobilizados neste conflito cerca de 200 mil homens e o número de mortos foi superior a 10 mil, para lá dos milhares de feridos e de soldados que ficaram mutilados, com incapacidades permanentes ou foram vítimas dos gases utilizados na frente de combate, que causavam danos psicológicos e intelectuais perenes. O esforço de guerra, a nível interno, foi o começo do fim do regime da I República, não conseguindo a unidade nacional e levando, pelas consequências económicas, a uma situação de quase bancarrota, instabilidade política e ao golpe militar de 1926, com o fim da democracia. 


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