sábado, 18 de dezembro de 2010

A CÂMARA DE VRSA E MONTE GORDO

Em tempos que já lá vão contava-se a seguinte anedota: estava Deus a fazer o mundo e chegado ao Brasil dotou o mesmo com tudo o que a natureza tinha de melhor. Alguns anjos criticaram Deus por estar a ser injusto e beneficiar aquela região mais do que outras. Deus sorriu e respondeu, - nada temam, depois vou lá colocar portugueses e eles vão estragar tudo.
Lembrei-me desta anedota a propósito de Monte Gordo, beneficiada pela natureza e estragada pelos homens. Hoje é um exemplo português típico de caos urbanístico. Mas, parece, que ainda os homens estão insatisfeitos com a sua "obra" e querem estragar mais, destruindo o que resta.
Segundo o Observatório do Algarve a Câmara de VRSA "aprovou a venda em hasta pública, por 8,5 milhões, de terreno municipal adquirido para zona de lazer na marginal de Monte Gordo. Alteração do PDM dá lugar a prédios até onze andares."
Em Maio de 2010 uma empresa contratada pela autarquia avaliou o valor do terreno em 10,4 milhões.
O Presidente da Câmara, perguntado qual a razão de vender o terreno mais barato dois milhões, "atribui a quebra do preço às condições de mercado e à crise."
Esta crise começa a ter costas muito largas. Não se percebe muito bem, tendo a Câmara técnicos competentes, qual a razão para se pedir a empresas para avaliarem o preço de terrenos?
Quanto custa tais "avalias"?
Adiante. Acusado de "vender a retalho para obter liquidez", dado estar a Câmara com uma dívida de 110 milhões, o Presidente afirma "que é incorrecto dizer que a alienação é para pagar dívidas".
O mais curioso é a dança do destino do referido terreno, fronteiro ao Hotel Vasco da Gama e destinado no PDM a zonamento para equipamentos de lazer. A escritura de 2009 passa o terreno a urbano e a Assembleia Municipal aprova em Junho deste ano uma alteração ao PDM para legalizar a escritura.
O lazer transforma-se em habitação e comércio, negócio obriga.
Turismo de qualidade falam, mas as decisões são de terceiro mundo.

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