segunda-feira, 26 de agosto de 2013

OS PROPRIETÁRIOS


OS PROPRIETÁRIOS
A denúncia da Almargem ilustra bem a situação que vivemos no Algarve e não só. Mais uma vez é uma organização ambientalista que vem denunciar publicamente uma nova negociata em curso à custa do nosso património ambiental, com o consentimento de quem deveria zelar pela defesa dos nossos bens e património, como por exemplo a Região Hidrográfica. Em terrenos da Reserva Ecológica Nacional (REN) e da Rede Natura 2000, 70 hectares estão nas mãos de uma empresa turística finlandesa que aqui pretende plantar um olival “biológico”, mas não satisfeitos com isto ainda ocuparam ilegalmente dezenas de hectares de 80 agricultores.
Estamos em campanha eleitoral, mas não se ouviram os partidos levantar a voz contra isto, nem as autarquias ou a AMAL?
Hoje encontramo-nos numa situação estranha. O Reino do Algarve desde o Tratado de Badajoz de 1267, há 746 anos, ficou definitivamente incorporado no Reino de Portugal e, desde então, a serra, o barrocal e o litoral foram nossos, e se os administramos mal foi e é um problema também nosso. Mas começamos a ter de viver num local deixado pelos nossos antepassados mas propriedade de outros, já não podemos andar por onde queremos. Aqui nascemos, agora trabalhando muitas vezes para estrangeiros, tendo de emigrar em grande número para sobreviver, pagando o que consumimos a chineses, angolanos, alemães, ingleses etc. Somos hóspedes na nossa própria casa. Ainda há dias um presidente (como diria o Octávio Machado, sabem de quem estou a falar! não sabem?), em mais uma das suas “promessas” acenava com um investimento americano na Ponta da Areia. É o mercado, dizem. Precisamos de investimentos estrangeiros para desenvolver o país. Mas para investir exigem que nos paguem menos pelo mesmo trabalho, que a educação já não possa ser universal assim como a saúde, que cortem no orçamento do Estado as verbas destinadas às funções sociais para que o excedente vá parar às suas mãos transformado em lucro que, por sua vez, sairá do país.
Contam com os cúmplices portugueses desta vilania, desde os postos mais importantes a nível governativo e do aparelho do estado até a sabujos presidentes de junta. É um facto. No dia 29 de Setembro vamos eleger certamente muitos desses cúmplices que mal se apanharem no poleiro se transformam em proprietários do concelho, não para trabalhar em favor dos cidadãos que os elegeram, mas para se apoderarem do património concelhio para o venderem a retalho a interesses especulativos nacionais ou estrangeiros, desviando as verbas dos nossos impostos para bolsos de amigalhaços políticos e partidários, endividando as câmaras sem qualquer pejo, ameaçando e perseguindo quem se lhes opuser, ignorando as mais elementares regras democráticas, usando meios camarários em seu benefício pessoal, comprando o silêncio da imprensa com os “subsídios e publicidade da traição”, corrompendo através de esmolas disfarçadas de apoios sociais. A regra é tudo a favor do privado e destruição de tudo o que é público.


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