terça-feira, 27 de maio de 2014

AS URNAS POR VEZES RASTEIRAM A DEMOCRACIA!

Os maus políticos são eleitos com os abstencionistas. Esta frase dita muitas vezes só em parte é verdade. A soma da abstenção, mais os votos brancos e nulos dá 73,57 %, isto é, 73 portugueses em 100 não votaram ou não escolheram qualquer dos 16 partidos concorrentes.
O partido abstencionista ganha cada vez mais adeptos, o que é preocupante, esta ausência intencional da vida democrática tem muitas causas e culpados, e deixa nas mãos de poucos a decisão do que iremos ter como economia, trabalho, saúde, reforma etc.
Outra das "boutades" frequente é a afirmação de que a democracia é um mau sistema mas melhor do que todos os outros. Mas a democracia pode e deve ser aperfeiçoada, o que não está a acontecer. Pior, ela vem a ser piorada propositadamente há muitos anos e acentuam-se no horizonte nuvens negras que devemos temer. O avanço da extrema direita na UE é um aviso forte, ou a economia passa a ter as pessoas como centro da sua actividade ou uma economia que coloca as pessoas como serva dos mercados varrerá a democracia como aconteceu noutros períodos históricos. Quando nasci havia a Guerra Civil em Espanha, começava a II Guerra Mundial contra regimes nazis e fascistas, depois disso houve as guerras da Coreia, do Vietname, do Suez, as guerras coloniais e tantas outras.
Ontem escolhemos quem já tinha sido escolhido. Umas dezenas de pessoas, os grupos restritos que têm o poder dentro dos partidos, escolheram os candidatos, e apresentaram os mesmos a milhões de eleitores que só têm duas hipóteses: ou votam neles ou não votam, não há alternativa. Como democracia é pouco.
Os próprios militantes partidários não são chamados a intervir nessa escolha, não têm uma palavra a dizer sobre os candidatos, a alternativa é ou aceitam ou o melhor é saírem.
Em alguns países vários partidos começam timidamente a alterar comportamentos e a tornar mais democráticos os processos de escolha dos candidatos ou dos dirigentes, através de eleições internas, onde para além dos propostos outros se apresentam quer individualmente quer propostos por grupos de militantes. Mais, poucos ainda, até abrem essas eleições internas aos simpatizantes partidários. Como democracia já é um pouco mais, um passo importante na dinamização e democratização da vida interna.
Cá, o único partido que começou a fazer isto é o LIVRE, fazemos voto para que este exemplo seja contagiante.
Em vários países existe a possibilidade de votar num partido mas também em candidatos. Como funciona isto? Os eleitores recebem uma lista de voto com os partidos e colocam a cruz no seu partido, e recebem também uma lista com o nome dos candidatos e podem, por exemplo, votar em três que consideram ser os melhores. No final podem vir a ser eleitos os que estavam no fim da lista ou mesmo nos suplentes e não serem eleitos os que vinham nos primeiros lugares. É um processo mais democrático, possibilita aos eleitores maior campo de escolha.
Como se vê há sempre possibilidades de aperfeiçoar a democracia e tornar os eleitores em cidadãos mais conscientes, responsáveis e participativos.
Em relação às eleições de ontem, dia 25 para o Parlamento Europeu, constata-se que após 28 anos de CEE/UE, a maioria ainda desconhece ou não percebeu para que servem tais eleições. A culpa é de quem? Bom tema par um debate.
Sem entrar em grandes análises e olhando para os resultados eleitorais verificamos que os partidos de esquerda à esquerda do PS, em conjunto perdem um deputado, e dos 21,39% passaram para 17,24%. Afinal perderam, o que nas circunstâncias actuais é mais do que preocupante em relação à presença das esquerdas no PE. A soma de toda a esquerda dá, mais uma vez, mais de 50% de votos, confirmando que a esquerda sociológica e política é maior na sociedade do que a direita, mas por andar sempre dividida e nunca convergir minimamente deixa a direita governar pois inteligentemente se une na defesa dos seus interesses. Minimizou agora a derrota com a Aliança Portugal, o método de Hondt beneficia quem vai junto, como diz o povo na sua sabedoria secular, "a união faz a força".
As esquerdas à esquerda do PS continua com um problema por resolver, continua fraca onde sempre foi fraca e não consegue expandir-se para a maioria das regiões portuguesas. Em 6 dos 20 distritos eleitorais PCP+BE não conseguem obter em conjunto 10%, em mais 6 pouco passam juntos dos 10%. Restam 8, 4 dos quais têm pouca população. Concluindo, são partidos sem implantação nacional.
Finalmente, depois de uma nova vitória eleitoral sobre a direita, no seguimento da vitória autárquica, vão apresentar uma moção de censura a um governo que tem a maioria na AR? A derrota da moção é certa, e vai fazer esquecer a derrota eleitoral da direita. Para quê? Não percebo, como dizia o diácono dos Remédios, não havia necessidade.



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