domingo, 27 de julho de 2014

NOTÍCIAS À ESQUERDA! (3)

NOTÍCIAS À ESQUERDA 3

O BE teve mais uma hemorragia. Realizaram uma AG e divulgamos o que essa corrente que sai do BE aprovou. 


FÓRUM MANIFESTO – ASSEMBLEIA GERAL
12 Julho 2014

Resolução política aprovada na Assembleia Geral

1. Decorridos três anos da assinatura do Memorando de Entendimento,
Portugal encontra-se hoje mais pobre, desigual e vulnerável. Sujeito a
constrangimentos profundos, que decorrem do próprio «ajustamento», do
garrote da dívida e do quadro de imposições externas, paira sobre o
país a ameaça de um processo de aprofundamento continuado da atual
regressão económica, social e política. Chamadas a responder a este
momento crucial da nossa história, com as próximas eleições
legislativas já no horizonte, as esquerdas têm revelado uma
persistente incapacidade para romper com o bloqueio em que se
encontram, seja pela dificuldade de encontrar soluções alternativas,
credíveis e viáveis à trajetória da austeridade, seja pela dificuldade
em constituir plataformas comuns de entendimento e compromisso entre
elas.

2. As derrotas consecutivas que o BE acumulou nos últimos anos, e que
o conduziram à magra expressão eleitoral obtida nas últimas eleições
europeias, não são um reflexo de factores externos. São fruto da
acumulação de erros não corrigidos, inscritos numa orientação política
que divorciou crescentemente o BE do seu potencial eleitorado. Perante
a opinião pública, o Bloco vincou, ao longo dos últimos anos, a imagem
de um partido cada vez mais virado sobre si próprio, indisponível para
o diálogo e para a convergência com outras forças políticas à
esquerda; centrado no protesto, e por isso indisponível para
estabelecer compromissos efetivos de governação; revelando uma
insuficiente, inconsistente e até, por vezes, contraditória construção
programática. Isto é, um partido que surge aos olhos dos cidadãos como
incapaz de responder, com realismo, credibilidade e determinação, aos
problemas e desafios com que o país se confronta de forma dramática e
urgente.

3. Quando a Política XXI, que viria posteriormente a converter-se na
Associação Fórum Manifesto, ajudou a fundar o Bloco de Esquerda, fê-lo
na convicção de que este partido seria a força necessária para quebrar
o bloqueio então existente, entre um PS alinhado com o centro político
e um PCP indisponível para a governação. Na sua génese, o Bloco assume
pois, como compromisso matricial, o papel da construção de pontes e do
fomento do diálogo entre as esquerdas, procurando nesses termos
estimular um processo comum de renovação programática, capaz de
superar os bloqueios gerados pela crise da social-democracia e pela
queda do muro de Berlim. Passada quase década e meia da sua
existência, constata-se porém o abandono consciente e reiteradamente
afirmado nos últimos anos da missão política em que assentou a criação
do Bloco de Esquerda.
Por isso, a Manifesto considera esgotada a sua participação enquanto
corrente fundadora do Bloco, decidindo assim pela sua desvinculação a
este projeto político. Embora, tal como até aqui, esta decisão não
vincule cada um dos seus ativistas, que são livres de permanecer, ou
não, como aderentes do Bloco de Esquerda.

4. A superação do impasse em que a esquerda se encontra,
imprescindível para a construção de soluções e propostas capazes de
devolver a esperança ao país, requer que seja retomada a vontade de
construir, com todos os que estejam para tal disponíveis, uma
alternativa urgente que assegure a defesa do país, do seu
desenvolvimento, da democracia e dos direitos sociais.

Tendo como ponto de partida uma postura de diálogo e disponibilidade
para estabelecer compromissos, a Manifesto entende ser necessário
desenvolver outros espaços de intervenção política, capazes de
contribuir para a formação de convergências fortes e credíveis à
esquerda do PS, com claros objetivos de influenciar a governação do
País neste momento de urgência nacional. Decide assim promover, ao
longo dos próximos meses, iniciativas concretas nesse sentido, tendo
como horizonte imediato as próximas eleições Legislativas, previstas
para 2015. O Conselho Geral da Associação Fórum Manifesto fica
mandatado para desenvolver estes esforços, cabendo a uma próxima
Assembleia Geral a discussão e deliberação acerca dos seus resultados.


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