quinta-feira, 6 de outubro de 2011

CARÊNCIAS

Há notícias pequenas no fundo das páginas dos jornais que são mais elucidativas que as de grandes parangonas.
A notícia a que me estou a referir dizia: Descontos na energia abrangem 700 mil famílias.
A energia eléctrica aumentou, e vão depois fazer descontos a 700 mil famílias, estranho!
Entrando na leitura da notícia descobre-se que afinal são famílias carenciadas.
Que famílias são essas? , e ficamos a saber que são "os idosos com pensões baixas, desempregados de longa duração, famílias com rendimentos muito baixos e filhos a cargo, e beneficiários da pensão social de invalidez".
Fazendo um cálculo de três pessoas por família, para simplificar, quer dizer que pelo menos 2 milhões e 100 mil portugueses se encontram em situação de carência.
E os desempregados há pouco tempo não terão carências?, e os idosos com pensões um pouco melhores e doentes estarão bem na vida? etc.
E as famílias em que um está desempregado e o outro ganha 500 euros, e conheço várias nessa situação, e que são "ajudados" pela pequena reforma dos pais?
Com a recessão que vai continuar com estas políticas insensatas de austeridade, com o desemprego a aumentar, o número das famílias carenciadas vai subir em flecha.
Na realidade hoje o número de portugueses com carências, a palavra é muito suave para classificar a situação, deve rondar os 45%, segundo vários estudos sociais recentes. Qualquer coisa como 4 milhões e meio, mete medo tanto sofrimento.
O remate da notícia espanta. Os tais carenciados se querem poupar uns euros na energia devem dirigir-se "ao respectivo operador", pois o processo é "muito simples", segundo o ministro.
Onde está o operador?, se na maior parte das cidades e vilas já não existe representação local do dito, os escritórios foram encerrados, quanto mais nas aldeias.
É só propaganda, o governo aumenta os preços aos tais carenciados e depois diz, agora já não é comigo, vão ao operador.
Grande parte nunca chegarão a saber desta "medida", outros pura e simplesmente farão contas e custará mais caro deslocarem-se vários quilómetros do que o desconto que poderão obter, e caso consigam provar que são carenciados.
Tudo isto mete repulsa e é indigno.





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