sábado, 8 de outubro de 2011

OUTRO POEMA DE TRANSTROMER

LISBOA

No bairro de Alfama os eléctricos
      amarelos cantavam nas calçadas íngremes,
Havia lá duas cadeias. Uma era para ladrões.
Acenavam através das grades.
Gritavam que lhes tirassem o retrato.

"Mas aqui", disse o condutor e riu à
       sucapa como se cortado ao meio,
"aqui estão políticos". Vi a fachada, a
       fachada, a fachada
e lá no cimo um homem à janela,
tinha um óculo e olhava o mar.

Roupa branca no azul. Os muros quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde perguntei a uma
        senhora de Lisboa:
"será verdade ou só um sonho meu?"

Sem comentários:

Enviar um comentário