sexta-feira, 5 de agosto de 2011

PARQUE DE CAMPISMO E A SUA MORTE ANUNCIADA

O Plano de Pormenor de Monte Gordo que está em discussão pública até 17 deste mês, caso seja aprovado como está, determina a morte do actual parque de campismo, inaugurado nos anos 50 do século passado.
Quem escreve estas linhas foi um dos seis primeiros "campistas" que inauguraram o parque.
Tínhamos pedido uma tenda emprestada à então Mocidade Portuguesa, e armados de mantas e vários utensílios de cozinha esperamos, sentados à porta do parque, que este abrisse para sermos os pioneiros do dito.
De campismo nada percebíamos mas para nós era aventura.
Durante mais de cinquenta anos o parque permitiu a muitos milhares de portugueses (e não só), gozarem de férias que de outro modo não lhes seria possível. A democratização da nossa sociedade alargou as possibilidades de famílias mais modestas poderem usufruir também dessa antes utopia de férias na praia.
Agora, nesta ofensiva neoliberal sobre a sociedade portuguesa em que só conta a economia, não ao serviço das pessoas mas explorando ao máximo e conscientemente estas para servir os lucros, a CM de VRSA decide friamente liquidar o parque para ali instalar um condomínio de luxo que, certamente será um bom negócio para "investidores", ajudará a CM a pagar algumas dívidas e roubará mais uns hectares da Mata Nacional para os colocar ao serviço de privados.
Alternativa ao actual parque pelo visto não há, ou chutarão as pessoas para longe, para um lugar inadequado, não vão estas incomodar suas excelências no seu bem e privado repouso.
Que se borrifem os mais desfavorecidos, quem não tem dinheiro não tem vícios, e as crianças seus filhos que se lixem se já não poderão ter praia.
A nossa sociedade está a caminhar para uma desumanização crescente, e são os poderes centrais ou autárquicos que muitas vezes são, de forma consciente, os seus agentes.

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