sexta-feira, 18 de março de 2011

CAVACO E A GUERRA COLONIAL

Para mim, ex-prisioneiro de guerra, foi chocante conhecer as palavras de alguém que é PR eleito graças ao 25 de Abril.
Chamar guerra do "ultramar" à Guerra Colonial defendida com "determinação" pela juventude portuguesa, segundo Cavaco, é uma afronta e uma tentativa reaccionária de reescrever a história. Mas qualifica o homem.
Na India, onde me encontrava, o telegrama enviado por Salazar no qual afirmava que só poderia haver "soldados e marinheiros vencedores ou mortos", é de um cinismo desumano, lançar à morte numa luta desigual milhares de jovens só para fazer apologia internacional do seu regime.
No fundo o PR fez um elogio do passado derrubado em 25/A, o qual contra a corrente da história enviou para as colónias a nossa juventude, carne para canhão, matar e morrer para glória do regime. Milhares de jovens recusaram tal destino e emigraram, assim como mais de um milhão de outros portugueses emigraram forçados pelas injustiças sociais e humanas do fascismo.
Este pesadelo que terminou há 36 anos e regressou agora pelas palavras do PR demonstrou, mais uma vez, que Cavaco não tem estatura para chefiar um país democrático.
Dessa guerra continuam a sofrer milhares de ex-combatentes problemas físicos e psiquícos, injustiça dupla, foram envidos à força para a guerra e agora sentem que a democracia não os trata correctamente, os ignora e fica incomodada com a sua existência. Disso é que devia ter falado o PR.

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