sexta-feira, 2 de setembro de 2011

ANTES O ZÉ DO TELHADO

Ainda ontem aqui referia que o trabalho paga 46,5% no escalão mais alto do IRS e hoje, ao ler o jornal, verifico que já é 49%,mais 2,5 pontos percentuais.
A velocidade do esmifranço ao trabalho é da fórmula 1, aos rendimentos do capital ou do património a velocidade anda de burro quando não de caranguejo.
Qual equidade qual carapuça nos esforços para resolver a crise que as políticas do passado e do presente criaram e agravam.
Todos falam em cortar despesas mas só aumentam as receitas com mais e mais e mais impostos. O Zé do Telhado ou o Robin dos Bosques roubavam os ricos, segundo consta, mas infelizmente chegaram ao poder especialistas em sugar quem trabalha. Eram mais humanos do que estes senhores doutores engravatados.
Para satisfazer o populismo e dar um ar de preocupação com as despesas PSD e PS acordaram reduzir para metade o número de vereadores municipais, aumentando os poderes de fiscalização das assembleias municipais.
Os mais distraídos ou ingénuos são capazes de acharem bem e aplaudirem a "poupança". Olhemos então para um caso concreto para se perceber o que está em causa. Por exemplo Vila Real de Santo António. Metade dos 7 actuais quantos são?, ou ficam três ou quatro vereadores. Agora são 6 PSD e um PS e é o que se vê. Caso sejam só três e todos da mesma cor melhora ou piora a democracia? Piora pois fica sem controlo e oposição a câmara, menos informação terá a população e a tendência para o quero, posso e mando que já existe será acentuada. É para rir essa do aumento dos poderes das assembleias municipais, hoje a esmagadora maioria dos seus elementos desconhece o que está a votar, estão lá para levantar o braço  e cumprir ordens, numa completa irresponsabilidade e desprezo por quem os elegeu.
Também não irão diminuir as despesas, hoje em todas as câmaras uma percentagem dos eleitos está a tempo inteiro, nem poderia ser de outra maneira caso se queira realizar trabalho. Menos vereadores significa todos a tempo inteiro o que não vai alterar nada de significativo.
Em democracia a representatividade das opiniões políticas e sociais da sociedade devem estar representadas se queremos debate de ideias, de propostas e soluções, não podem ficar reféns de custos, manter a liberdade custa dinheiro mas vale a pena. Cortem nos gastos inúteis, limitando por exemplo os gastos em carros e nos preços dos carros comprados.
Não foi o número de eleitos que provocou a situação desastrosa das dividas camarárias, foi a ocultação disso às populações e a falta de fiscalização das assembleias e o deixa andar dos partidos e, mais grave, a incapacidade da sociedade de exigir que lhe prestem contas. Temos uma democracia fraca, não é com medidas destas que a iremos fortalecer, pelo contrário, caminhamos para uma democracia de caciques, o que é muito perigoso. 

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