segunda-feira, 15 de julho de 2013

TÉCNICAS E MÉTODOS, CONTINUAÇÃO

Frotis : aplicação irregular de uma cor opaca ou semi-opaca sobre uma outra já seca , modificando o nível óptico ( nuvens , fumo , nevoeiro , vegetação etc...) . Também se pode usar  um trapo embebido na tinta para dar a sensação de folhagem .
Blaireautage : aplicação com pinceladas irregulares deixando aparecer a sub-camada . O pincel com pintura espessa aplicada sobre o seco , ligeiramente , não misturando as pinceladas , pressionando os pelos ( terrenos , certas folhagens ).
Pontilhado : toques vigorosos dados verticalmente com pincel de decoração ou uma esponja . A pressão regula o pontilhado ( folhas das árvores , efeitos de mármore , madeira etc... ).
Projecção : projectar a tinta com uma escova ( para folhagens , areias etc... ) .
Raspagem :  com o cabo do pincel ou outro instrumento para fazer aparecer a sub-camada ( troncos de vegetação , cabêlos , ramos de árvores etc... ) .
Glacis : o primeiro a usar a velatura foi Van Eyck no séc. XV ; é uma camada transparente dada bem diluída com um médio próprio sobre outra cor seca com pincel suave para não deixar traços , para alisar . O glacis deve ser sempre mais claro que a outra cor . As cores opacas não servem para este fim . É uma velatura que serve de filtro para harmonizar uma tela,para efeitos ópticos , para sombrear , para dar efeitos de água , para esbater e suavizar etc... As lacas como por ex . a laca de garanza dão excelentes glacis , mas nunca as misturar com branco pois  empalidecem e desaparecem . O cobalto , o prússia , os óxidos vermelho e amarelo são bons para as velaturas .                 O glacis pode ser magro ou não , acetinado , brilhante ou mate , tudo depende da quantidade de óleo usada mas em pricípio o pigmento é pouco , o normal é 45 % de óleo ou verniz , 45% de terebentina e 10 % de sicativo ( depende da oleosidade da cor ).
Para os magros usar copal ou goma Dammar .
 Empastar : engrossar a cor com um médio ou produto apropriado . Geralmente pinta-se com um pincel  de seda de porco .Colocado em pequenas pinceladas fazem vibrar a luz,
O empastar dá relevo e faz ressaltar os elementos do primeiro plano . Técnica usada para muros , montanhas etc ...
Pontilhismo : pintar em pequenos toques de pintura pura , opaca , com pincel redondo . Técnica usada por impressionistas para dar efeitos ópticos , ex. colocar duas primárias lado a lado para o olho as juntar na cor resultante .
Frais sur frais : sobre uma primeira cor dar de seguida com pincel redondo uma segunda , mais clara , para as misturar . Serve para fundir , criar céus com nuvens etc...
Tonking : método que consiste em esfregar papel de jornal com um ligeiro movimento da palma da mão sobre uma superfície fresca para obter efeitos ao acaso ou atenuar contornos . 
Fundidos :  técnica que serve para graduar a passagem de uma cor para outra , para as esbater ou fundir gradualmente . Usar pincéis brandos ou de leque para fundir . Pode-se colocar uma cor ao lado uma da outra ou com ligeira separação e depois fundir . Técnica usada pelos retratistas , para céus , nuvens , para sombras etc ... Os dedos são uma excelente ferramenta para fundir cores .
A Carne – não existe uma cor própria para a carne , depende do conjunto da obra . Os amtigos tinham um método : pintavam a carne em último lugar . A base era uma ou duas capas de terra verde e branco , depois aplicavam duas capas de  velaturas de cores diferentes sem ocultar a base .
Outra forma é a de aplicar as pinceladas de cores diferentes umas junto às outras e depois fundir ligeiramente .
As sombras da carne feitas com azul e cinzentos ou as complementares , cores frias . Os contornos repassados com sombras diluídas e as tintas ainda húmidas .
Brilhos – normalmente é o branco e o amarelo . O brilho tanto pode ser suave como espesso . O brilho das ondas  é muitas vezes dado com espátula . Recordar que o brilho é o ponto mais intenso da luz . Quanto mais escuro ao redor mais intenso parece ser o brilho .
Na natueza os brancos raramente são puros e as outras cores também .
FUNDOS
A forma clássica de trabalhar era partir do escuro para o claro . Primeiro o fundo , depois o primeiro plano . Começar com pintura diluída ( rebaixada ) , terminar com velaturas .
Como o óleo tende a ficar transparente com o tempo os fundos escuros têm a vantagem de se fundirem e integrarem com o resto . Inconveniente deste método é prejudicar as sombras e os meio-tons .
As bases ou fundos claros oferecem mais vantagens mas são mais complicados para se trabalhar sobre eles . Quando trabalhavam do claro para o escuro e do opaco para o transparente usavam o glacis como filtros .Usual reforçar os contornos com sombras castanho , fluídas , com pincelada suave , e os volumes usando o claro escuro em paralelo , fundidos em húmido .
O primeiro plano com pintura espessa e rebaixada nos planos de fundo para dar sensação de maior profundidade . Para dar transparência às cores opacas diluiam estas em óleo e terebentina . Usavam o contraste das cores quentes e frias para as formas .
Fundos : os fundos são de grande importância e eram fruto de muita atenção . Uma das técnicas era usar  gesso , ocres avermelhados e castanhos escuros com espátula .
As zonas claras eram delimitadas desde o início . Espesso sobre espesso . Davam também várias capas de gesso , sombra e carvão .
Outros criavam os fundos com castanhos claros e escuros aplicados irregularmente . Era também  usual fundos rosas , esverdeados , vermelhos , escuros quentes e brancos azulados ou esverdeados .
FINALIZAÇÃO / ENVERNIZAR
Quer a pintura a óleo quer a pintura a acrílica deve ser envernizada para sua defesa e preservação . O verniz protege as obras da poeira , das impurezas e da humidade . O acrílico pode ser envernizado práticamente após ter sido finalizado . O óleo nunca antes de um ano ( depende do clima ) . Na verdade o óleo não seca , oxida .
Desde que o óleo esteja seco pode  levar uma capa de verniz de retoucher para protejer até ao envernizamento final .Este verniz permite , caso se queira retrabalhar a pintura .
O verniz final deve depender do que queremos para a pintura , pode ser brilhante , mate ou acetinado . O verniz  final pode ser  reversível ou irreversível . O reversível , como o nome indica permite retrabalhar a obra .O verniz deve ser estável,não sofrer alterações com a luz ou o escuro.O ideal é dar uma camada de brilhante sobre outra mate,equivale ao “gras sur maigre”.
Pode-se dar várias camadas de verniz e alternálas , por ex. brilhante e depois mate etc...
O verniz final deve ser dado numa sala sem poeira , sem humidade e a pintura deve ser préviamente limpa da poeira com terebentina . Quer se use o pincel ou o aérosol a tela deve estar na horizontal e começar de cima para baixo e da direita para a esquerda .
Alguns pintores , quando envernizam a pincel , aquecem a tela dos dois lados e aplicam o verniz com um pincel aquecido , macio e largo , para libertar a humidade que esteja condensada para não turvar o verniz . O recipiente do verniz deve ser pouco profundo e largo .
Existem vernizes no comércio usados na pintura , em substituição do óleo e da terebentina . Muitos pintores preferem esta técnica . Para este fim existem vernizes magros e oleosos , os primeiros à base de essências e de resinas suaves ou semi-duras    ( goma Dammar , copal de Angola , mastic) ; os segundos à base de óleos polimerisados e de resinas duras . Existem ainda os mistos , compostos por óleo e essências .
Para utilisar o verniz deve-se conhecer bem o produto , a sua consistência , as propriedades e tempo de secagem ( vai dos 30 m a 24 h ) . Estes vernizes vão agir como sicativos acelerando o tempo de secagem , pelo que todo o cuidado é pouco . Respeitar aqui a regra do gras sur maigre nunca utilizando um magro sobre um oleoso .
Os vernizes existem também em aérosol .
O âmbar amarelo líquido é considerado o melhor dos vernizes mas é muito caro . A Blockx comercializa este produto que serve tanto para pintar como envernizar . Caso a tela tenha sido pintada com âmbar não necessita de verniz final . Para pintar diluir uma gota de âmbar em cinco de óleo de linho para a primeira passagem e aumentando progressivamente o âmbar nas seguintes .                                                    NOTAS
Os tubos de pintura contêm já óleo de cravo , de papoila  ou linho pelo que não se deve utilizar em grandes quantidades o óleo de linho ( o mais usual ) , para não prolongar o tempo de secagem .
Há quem coloque o óleo saído do tubo sobre papel ou outro suporte absorvente para assim retirar o excesso de óleo .
Para reduzir o tempo de secagem usa-se a terebentina rectificada ou um médio secativo, por exemplo  o de Harlem ou o flamengo . Outros utilizam um verniz líquido                                                         SOLVENTES
Os solventes podem ser vegetais ou minerais . A terebentina extraída dos pinheiros marítimos é o solvente mais utilizado . Para pintar usar só a rectificada , a normal serve para limpar os pincéis mas atenção à qualidade desta para não os danificar .
A terebentina deve ser guardada em frascos ou recipientes herméticos à luz e ao ar e devem estar sempre cheios ( utilizar berlindes , por ex. ) .
O white sprit é um solvente mineral , não tão bom para pintar como a terebentina mas excelente para limpar os pincéis .
A essência d’aspic dá um tom mate às cores mas se conserva melhor do que a terebentina .
A essência de lavanda  é pouco volátil e é apreciada na execução final .
A essência de petróleo ( mineral ) torna as cores mate . O petróleo normal limpa bem os pincéis e é barato . As essências diluem bem a pasta para empastar .
MÉDIOS
Os médiums ou diluentes são geralmente óleos que favorecem a coesão e a homonegeidade das cores  assim que a sua adesão à tela . Os médios permitem modificar as propriedades das cores saídas do tubo , a sua consistência , brilho , textura e tempo de secagem .
Os médios podem ser magros ou gordos (oleosos).Os primeiros são mais apropriados para misturar com as cores na paleta.Elaborados à base de resinas moles,tipo Dammar, impedem os “embu”.Exs.: Vibert de L&B,Painting Medium da Talens,Médium à Peindre da Blockx etc...Podem ser alongados com terebentina,petróleo,cravo etc...
Os gordos constituídos à base de resinas duras e Copal devem ser misturados às tintas com moderação.Avivam as cores e as protegem bem,com durabilidade.Podem ser diluídos com terebentina e linho.
Nada impede de aplicar directamente a tinta do tubo mas se tal não oferece dificuldade com a espátula torna-se mais difícil com o pincel .
LINHO : é o óleo vegetal mais utilizado , seca bem sem perigo de estalar , dá fluidez e brilho às cores , mistura-as bem e junto com a terebentina dá um excelente médium . Único senão é que amarela com o tempo .Usar o rectificado ou refinado que amarela menos . O Standolie ou óleo holandês é um linho polimerisado ,usado em partes iguais com terebentina dá bons clacis .O óleo de linho cozido dá uma pasta rica e transparente, luminosa , boa para as velaturas ; seca lentamente pelo que se pode juntar um pouco de sicativo . O linho negro ajuda a secagem em profundidade sem risco de estalar . Van Dyck utilizava para as velaturas 50% de óleo negro e 50% de verniz cristal de mastic  puro que dá um aspecto profundo e transparente , seca rápido de forma homogénea protegendo bem as cores . Óptimo para trabalhos que exijam finura , delicadeza e detalhe . A firma L&B comercializa estes produtos .
CRAVO : é um excelente médio que práticamente não amarela mas leva mais tempo a secar . Excelente para usar com cores claras . Bom para pintar a fresco , alla prima . Menos  oleoso que o linho .
CÁRTAMO : as mesmas características e qualidades do cravo .
NOZ : não amarela mas de secagem lenta . Cria ranço .
PAPOILA : seca lentamente .
Existem muitos médios no mercado para os mais diversos fins . Alguns ex. :
Empastar – o gel oleopasto , os médios para empastar da Talens ,W & N , Maimeri , Pébéo e outros ;
Retocar – as principais marcas comercializam este médio à retoucher . É usado quando a pintura está manchada/enlameada , serve para aplicar só sobre essa parte quando seca e raspada , afim de eliminar essas deficiências geralmente resultantes do não respeito do gras sur maigre,depois pode-se retocar a pintura.Serve para envernizar  provisóriamente uma pintura antes de se poder dar o verniz final ;
Flamengo – acentua o brilho e a transparência , acelera o tempo de secagem ;
Veneziano – bom para as pastas consistentes e mates ;
A regra de utilização adequada dos médios é o tempo , a experiência e o tipo de pintura que se faz que a vai formulando .
A título indicativo recomenda-se para a primeira demão  2/3 de óleo e 1/3 de solvente .
A finalizar 4/5 de óleo e 1/5 de solvente . Tudo depende das demãos que se pretendem dar pois o gras sur maigre impõe que de demão para demão suba gradualmente a percentagem de óleo .
Se se pretende dar à pintura um tom óleoso a primeira demão de 50%/50% , a segunda de ¾ óleo e ¼ solvente .                                                                         
Na primeira passagem a maioria utiliza só a terebentina , na segunda cinco partes de terebentina e uma de médio e para as seguintes cada vez mais médio e menos terebentina . A passagem final sem terebentina .  
Para diminuir o tempo de secagem usam-se secantes mas é perigoso empregar
demasiado secante , a pintura pode vir a estalar .                                       
Dalí empregava um médio composto por uma parte de verniz copal e cinco de terebentina bi-rectificada .
CARGAS : matérias que adicionadas às cores modificam as texturas.Existe uma vasta gama de productos ; brancos de “meudon”, de Espanha ou de Troyes são cargas leves, assim como alguns gel.Existem cargas duras ; pó de mármore,areia,serradura etc...
As duras devem ser préviamente misturadas com branco de zinco e só depois misturar a cor.Às cargas leves basta juntar préviamente um pouco de gel de empastar.
PINTURA EM MADEIRA
A madeira deve ser preparada dos dois lados para não arquear e ficar direita . O gesso acrílico e o caparol ( uma resina vínilica ) , são os materiais mais usados na preparaçao das madeiras e contraplacados . A madeira deve ser bem lixada ( lixa 0 ) , antes de aplicar o gesso ou o caparol . Usa-se também depois de lixada um enduit de lissage antes do caparol ou do gesso .
Os antigos davam várias capas de gesso (oito e mais ) e depois lixavam para alisar .Essa espessura permitia gravar o desenho no gesso com uma ponta metálica . A cor colocada em cima dava a sensação de relevo , por ex. para as jóias e pregas .
Sobre o gesso por vezes ainda deitavam seis capas de tinta para o fundo. Era vulgar após o desenho sobre o gesso dar uma capa de óleo para saturar . A madeira era sempre preparada e pintada com o grão na vertical .
A madeira mais usada era a de carvalho.Hoje o contraplacado com um mínimo de 6 mm
é um excelente material para se pintar, pouco sensível à humidade.

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